Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão de produção da safra brasileira de cana-de-açúcar 2022/2023 está estimada em 598,3 milhões de toneladas, um crescimento de 2,2% sobre a produção da safra 2021/2022. A produtividade está calculada em 72.026 kg por hectare, 3,9% a mais que a obtida na safra anterior. Produtor em ascensão, o Brasil precisa adotar cada vez mais tecnologias que auxiliam na qualidade e manejo dos canaviais.
A matocompetição, por exemplo, é um problema crônico e presente por todo o País. As plantas daninhas, quando mal manejadas, podem gerar prejuízos econômicos milionários e danos de produtividade irreversíveis. A mudança da colheita manual para mecanizada e o fim das queimadas foi um avanço nos impactos ambientais causados pelo cultivo, mas abriram espaço para incremento das plantas daninhas, principalmente da classe das folhas largas, que se juntaram às gramíneas e dividem o protagonismo de vilãs da produtividade e longevidade dos canaviais.
Este cenário tem deixado muito canavicultor procupado. De acordo com Pedro Christofoletti, PhD e pós-doutor em “Ciência de Daninhas” e ainda professor aposentado da ESALQ, a presença da planta daninha no canavial é um problema por diversos motivos, principalmente por ela competir pelos fatores essenciais de crescimento: água, luz, nutrientes e também por espaço.
Contudo, a intensidade de perdas, segundo o especialista, vai depender de uma série de fatores ligados à densidade, espécie, distribuição espacial e todos os aspectos da infestação. “São muitas variações, mas em ensaios que fizemos, tivemos a máxima perda de produtividade que chegou até 87,5%, comprometendo quase toda a produção. Contudo, observamos que, na média, a perda ainda seja alta e fique entre 45% e 50% da produtividade se não fizer o manejo correto do mato”, destaca.
A gestão é o grande gargalo do problema. Alguns produtores ainda acreditam que o controle da matocompetição pode ser feito apenas intensificando o investimento em herbicidas, utilizando muitas vezes “receitas padronizadas”. Contudo, estudos mostram que nem sempre aumentar o investimento em defensivos pode ser a solução. “O monitoramento é fundamental para identificar o nível de infestação e quais as espécies presentes para então poder direcionar o manejo mais correto e eficiente”, diz Christofoletti.
Outro ponto que o produtor deve se atentar para fechar a conta no final da safra é o preço dos herbicidas, que também subiram muito. De acordo com João Rosa, consultor do Pecege, o gasto médio com esses produtos na soqueira cana-de-açúcar, na safra 2021/2022, representou 12% do custo de produção, ou seja, R$ 363,35 por hectare. Na formação do canavial, o gasto médio foi de R$ 936 por hectare. Porém, algumas usinas gastam mais e outras menos.
Segundo levantamentos do Pecege, há exemplos de empresas que investem até 14,5% a menos que outras, ou R$ 140,67 de diferença por hectare. “Essa diferença pode ser justificada em partes pelo processo de gestão das recomendações de herbicidas, que algumas usinas fazem com mais eficiência”, diz Rosa.
“O que torna o processo muitas vezes mais caro é usar produtos sem propósito por desconhecer o problema instalado, por isso é fundamental o monitoramento para não sofrer com quebras de produtividade e manter os custos sob controle”, complementou Chistofoletti sobre estas variações.
Identificando falhas
A escassez de mão de obra qualificada nas fazendas é um dos pontos cruciais a serem revistos no setor. Para o consultor da Agrociência Consultoria, Wéber Valério, profissional com mais de 40 anos de experiência em manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar, dois pontos são importantes: a falta de capacitação de jovens talentos e a retenção dos mesmos. “A rotatividade de pessoas envolvidas no processo é um problema sério no setor canavieiro. Quando o profissional sai, a usina acaba perdendo todas as informações, pois os dados estão muitas vezes em um caderno de anotação e não em um banco de dados no sistema”, afirmou.
Esse processo poderia ser otimizado e eficiente ao deixar de ser manual e com informações escassas e baseadas em percepções pouco precisas, para se tornar um processo mais tecnológico, digital e de alta precisão. As usinas podem monitorar mais hectares, com mais detalhes e de modo mais rápido, ou seja: com escalabilidade. Com essas informações é possível tomar decisões de gestão mais rápidas e mais precisas, que realmente façam a diferença no desempenho e rentabilidade das lavouras.
Tecnologias digitais a favor
A gestão do manejo e monitoramento das fazendas através de ferramentas digitais ainda é, muitas vezes, um tabu. Alguns gestores acham que já conhecem o suficiente o canavial e todos os seus problemas, já outros têm o receio que a tecnologia os substitua, e alguns ainda temem que a tecnologia aponte ou exponha erros de manejo.
Mas afinal, sem tecnologia, o gestor ou consultor tem informações suficientes para fazer uma recomendação e ser o culpado pela falta de resultados?
O monitoramento de alta precisão, feito por meio de drones e aviões que capturam imagens detalhadas da lavoura que geram informações reais e precisas, é a ferramenta mais eficiente que permite que as recomendações de herbicidas fiquem muito mais assertivas. “Os profissionais precisam entender que as tecnologias de monitoramento são aliadas, pois vão apontar onde estão errando e onde podem melhorar o processo”, reforçou o consultor da MS Fernandes Consultoria, Michel Fernandes, mestre e doutor em Tecnologia Ambiental.
Entre as tecnologias que se destacam no monitoramento de ervas daninhas está a solução da Taranis. A plataforma líder mundial de monitoramento de alta precisão com inteligência artificial está focada em ajudar os produtores e consultores agrícolas a tomarem decisões mais assertivas, simplificar o gerenciamento e melhorar seus resultados através de um serviço completo de monitoramento digital.
De acordo com Fábio Franco, gerente geral da Taranis no Brasil, a tecnologia Taranis Smartscout entrega um diagnóstico completo do canavial, por meio de relatórios com todas as informações necessárias para auxiliar na sua tomada de decisão, de uma maneira muita prática e na palma da mão. São milhares de imagens a nível foliar que permitem que se tenha uma visão completa de como otimizar a gestão da matocompetição no seu sistema de produção, durante todo o ciclo com monitoramento contínuo.
Já o monitoramento via satélite permite acompanhar de maneira remota e direcionar os esforços para áreas que precisam de atenção: ataque de pragas, monitoramento de efeitos climáticos como geadas e secas. Com Taranis Smartscout o produtor tem insights precisos das condições das lavouras, o que permitirá fazer ajustes incrementais necessários, área por área, obtendo melhor performance em cada talhão. “Somos muito mais que uma empresa de monitoramento. Tudo isso só é possível porque dispomos de tecnologia de ponta, desenvolvida em Israel por um dos grupos mais competentes em IA, e visão computacional do mercado agro”, disse Franco.
O engenheiro agrônomo Fernando Amstalden, do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), reforça que tecnologias como a da Taranis chegam para aumentar a confiabilidade das informações. “Usando bem as plataformas digitais e aliando a experiência do técnico de campo, as usinas vão implementar as ações de manejo com maior confiabilidade”, finalizou.