22.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosPós-colheita da banana

Pós-colheita da banana

A pós-colheita é uma etapa crucial para manter a qualidade da banana.

Veridiana Zocoler de Mendonça
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Energia na Agricultura, assistente agropecuário na Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA/SP)
veriadianazm@yahoo.com.br

A banana é a fruta mais consumida no Brasil e um dos alimentos mais versáteis. Rica em potássio, vitaminas e fibras, compõe diversos pratos da culinária brasileira, além de ser fonte barata de energia.

Produção nacional

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de banana, uma vez que as condições climáticas permitem o cultivo de norte a sul do País durante todo o ano. A bananicultura também tem representatividade socioeconômica, pois mobiliza grande contingente de mão de obra para o manejo da cultura.

Dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE) informam que a área cultivada no País em fevereiro de 2023 foi de 464.754 ha, correspondendo a uma produção de 7.072.280 t e rendimento médio de 15.027 kg/ha.

O Brasil aparece como o maior produtor de banana da América do Sul (FAOSTAT) e é o quarto produtor mundial, sendo que praticamente toda a produção é consumida internamente, 99%.

As variedades mais cultivadas são as de mesa, como as bananas prata, nanica, maçã e ouro.

São Paulo é o Estado com maior produção de banana, correspondendo com, em média, 15,3% da quantidade produzida no Brasil, ou seja, um milhão de toneladas, com destaque para a região de Registro. Seguidos, aparecem os Estados da Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina, conforme dados do LSPA/IBGE.

Perdas que poderiam ser evitadas

A banana é um alimento altamente perecível, e as perdas da produção devido ao manejo inadequado na pós-colheita podem variar de 20% até 80%, causando desvalorização do produto.

As perdas podem ter origens diferentes desde mecânica, fisiológica e microbiológica, porém, atenção maior deve ser dada às perdas de origem mecânica, pois além de causarem amassamentos, ferimentos e cortes, podem desencadear as perdas de origem fisiológica e microbiológica.

Por se tratar de um fruto climatérico (aquele que continua sua atividade metabólica após a colheita), fatores que prolongam a vida útil desta fruta devem ser priorizados, como: colheita no ponto ótimo de maturação, minimização de injúrias mecânicas, tratamento fitossanitário, acondicionamento a condições de temperatura e umidade adequadas na cadeia de comercialização.

Portanto, um dos pontos-chaves é prolongar a vida útil na fase pré-climatérica, ou seja, quando os frutos ainda se apresentam verdes, sendo a cadeia do frio o principal meio de conservação.

Porém, a banana é um vegetal sensível às injúrias causadas pelo frio, devendo a temperatura ser monitorada de forma eficaz para evitar danos aos frutos, como escurecimento da casca e baixa taxa de conversão de amidos em açúcares, causando, consequentemente, perda de sabor, aroma e brilho.

Durante a colheita, evitar injúrias com as ferramentas e não deixar os cachos caírem ao chão. Após, evitar empilhar os cachos e colocá-los armazenados à sombra, evitando queimaduras de sol.

Pós-colheita

Na pós-colheita são realizadas práticas que têm por finalidade a conservação dos alimentos, mantendo a qualidade da colheita e possibilitando maior tempo de prateleira e, assim, período favorável até a distribuição, comercialização e consumo desta fruta.

Normalmente, as práticas pós-colheita são realizadas em locais denominados casas de embalagem. As práticas envolvem limpeza, higienização, despistilagem e escolha/classificação.

No despencamento, também se deve evitar as injúrias com as ferramentas, tampouco segurar a penca por um único fruto, causando defeito. Na higienização, normalmente são utilizados dois produtos, detergente e sulfato de alumínio.

O detergente para lavagem e eliminação dos restos florais e o sulfato de alumínio para remover e precipitar o látex, popularmente chamado de seiva ou leite. Essa lavagem e higienização se dão em tanques com água, no qual as pencas são submersas e contribuem para conservação dos frutos, evitando o aparecimento de doenças.

Na escolha e classificação, são retiradas as pencas que apresentam má formação ou estão fora do tamanho padrão, com sintomas de ataque de pragas e doenças e danos mecânicos da própria colheita.

Embalagem

Após a lavagem, as pencas são encaixotadas. Nesta etapa, é importante dispor as pencas/buquês de forma a evitar amassamento e consequente perda da qualidade. Normalmente, são utilizadas caixas plásticas, de papelão e ou madeira.

As caixas plásticas devem ser higienizadas, as de papelão descartáveis e as de madeira novas, ou seja, de primeiro uso. Estes são pontos preconizados pela Instrução Normativa MAPA n° 17, de 31/05/2005, quando se trata de comércio interestadual, a fim de mitigar os riscos da sigatoka negra (Mycosphaerella fijiensis), doença que acomete a bananicultura.

Maturação sob controle

Por ser um fruto climatérico, a banana apresenta alta taxa respiratória e alta produção de etileno após a colheita, por isso, é importante, sempre que possível, manter os frutos em câmara fria, de forma a realizar a maturação controlada.

A maturação controlada também permite homogeneizar o amadurecimento e, quando desejável, proporcionar o amadurecimento mais rápido.

Para grandes produtores, cooperativas e centrais de abastecimento, o uso de gases ativadores de maturação, como o etileno e acetileno, na associação com a redução da temperatura entre 12 e 18°C, é uma prática comum.

Tais condições devem ser selecionadas visando o desenvolvimento da cor amarela da casca, além de um efeito adicional sobre a longevidade após a remoção dos frutos da câmara de maturação.

Contudo, com o objetivo de prevenir desordens fisiológicas, desuniformidade na maturação e ocorrência de doenças que alteram a qualidade da banana, cuidados devem ser tomados em relação à concentração dos gases, temperatura, umidade relativa, ventilação, exaustão, limpeza e desinfecção das câmaras e uniformidade de frutos.

Transporte

Para o trânsito, conforme a legislação já citada, não se pode utilizar folhas da bananeira ou partes da planta de bananeira no acondicionamento de qualquer produto.

Ainda quanto ao transporte, outros fatores a se observar são o horário, clima, tipo de carroceria e condições da estrada. O ideal é que se faça em veículo fechado e climatizado, para manter a cadeia do frio e a qualidade até o consumidor final.

ARTIGOS RELACIONADOS

IFPA lança campanha em MG para estimular consumo de banana e uva

Todo varejo do estado pode baixar gratuitamente o material promocional

Aminoácidos podem recuperar o cultivo de alface?

Autor Jean de Oliveira Souza Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Produção Vegetal jsoliveira1@hotmail.com Na produção de mudas e no cultivo intensivo da alface...

A maturação ideal do pêssego

Pedro Augusto Silva Fernandes Graduando em Engenharia Agronômica pela UFSJ - Campus Sete Lagoas e integrante do GEFIT - Grupo de Estudos em Fitotecnia É importante...

Produção de maracujá – Um dos segredos do sucesso está na colheita

  Maria Cecília de Arruda Palharini mcarruda@apta.sp.gov.br Rosemary M. de AlmeidaBertani Doutoras e pesquisadoras científicas da APTA/Polo Regional Centro-Oeste Sueellen Pereira da Silva Mestranda " FCA/UNESP   De maneira geral, para plantios...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!