Roberta Thiago
Graduanda em Engenharia Agronômica – UNESP
roberta.thiago@unesp.br
Thaís Cirino Bueno
Bióloga e doutora em Agronomia (FCA – UNESP)
tcscirino@hotmail.com
A ferrugem da folha do trigo é uma doença fúngica causada pelo fitopatógeno Puccinia triticina Eriks. Possui a maior relevância histórica e econômica no mundo para a cultura e apresenta sinais característicos.
A doença manifesta-se predominantemente na região superior do limbo foliar, com pústulas em formato ovalado e de coloração marrom-alaranjada. Para a incidência de ferrugem da folha, destaca-se a condição de molhamento foliar contínuo de cerca de três horas, com faixa de temperatura variando entre 10 e 30°C, sendo a ótima em 25°C.
O fungo é considerado biotrófico, ou seja, só consegue sobreviver parasitando hospedeiros vivos em lavouras (principalmente tigueras de trigo), tornando importante o manejo adequado de plantas invasoras e outros contaminantes.
Prejuízos
A doença ocorre desde a emergência até a maturação, e é responsável pela redução da área fotossintética e aumento da respiração, acarretando perdas que podem ser superiores a 50%.
A perda de área foliar pode afetar o enchimento dos grãos e o peso final, dessa forma, o monitoramento e o manejo contínuo da doença são extremamente importantes.
A perda do rendimento ocasionada por ocorrência de doenças no trigo varia com o patógeno, a localização, as condições ambientais, a suscetibilidade da cultivar e as medidas de controle utilizadas.
Aumento da doença
O fungo tem aumentado nos últimos 70 anos e entre os fatores, destaca-se a mudança para variedades de maturação tardia e a colheita de primavera, que contribuem para a incidência da doença devido ao fato de que o fungo prefere infectar plantas verdes em clima quente.
Os fungicidas continuam sendo muito eficazes no controle da doença, entretanto, o principal fator que interfere na eficácia dos produtos contra a ferrugem da folha é o momento correto de controle.
A dispersão dos esporos por correntes de ar a longas distâncias e a formação de ‘pontes verdes’ com os plantios subsequentes entre Argentina e Brasil, e da região do Cerrado para a região sul brasileira, garantem a presença do fungo em todas as safras.
O uso de maiores populações de plantas e a adubação nitrogenada levam ao aumento de doenças, principalmente ferrugem e oídio, causadas por fungos biotróficos mais ativos em tecidos ricos em nitrogênio.
Momento correto de controle .
As recomendações para o manejo da ferrugem do trigo incluem a semeadura de cultivares resistentes; monitoramento desde o estádio de perfilhamento (três a quatro folhas) e aplicação de fungicidas a partir do estádio de perfilho, quando a intensidade da ferrugem atingir o Limiar de Ação (LA), conforme recomendado nas informações técnicas do trigo.
Na reaplicação de fungicidas, deve-se respeitar o período máximo de proteção dos agrotóxicos, de aproximadamente 20 dias, para manter a intensidade da doença abaixo do limiar de dano econômico (LDE).
A aplicação de fungicidas em órgãos aéreos é indicada para culturas bem manejadas e com alto potencial de produção. Potenciais ganhos de produtividade foram detectados quando o alvo de controle foi a ferrugem da folha.
A eficácia do controle químico depende, em grande parte, da técnica de aplicação e do momento ou critérios para iniciar as aplicações de fungicidas.