Samuel Henrique Braga da Cunha
Doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
samuelhbraga@gmail.com
Túlio de Paula Pires
tuliopiresagro@gmail.com
Marcos Paulo Pacheco
mpaulo_pacheco@hotmail.com
Graduandos em Agronomia – UFLA
A aplicação de herbicidas nas lavouras de café deve ser preparada com a adição de água e outros produtos, como óleo mineral, quando recomendado. Essa forma de aplicação pode ser mecanizada ou manual.
A definição da forma de aplicação depende de fatores como o nível tecnológico do produtor e a declividade do terreno, sendo que o manejo mecanizado é feito com pulverizadores (possuem barras de pulverização, seja para área total da entrelinha, ou direcionado para a linha do café) acoplados aos tratores; e o manual, por meio de bombas costais ou elétricas.
Ressalta-se que, em ambas as situações, existem cuidados importantes a serem tomados. Os cafeeiros devem ser protegidos da calda de herbicida aplicada, por isso deve-se, usar uma proteção de abas sobre as pontas de aplicação, principalmente quando se trata de herbicidas não seletivos e de aplicação na linha do café, e preferencialmente o uso de pontas “anti-deriva” ou com deriva mínima.
Ainda com relação à técnica de aplicação, é importante avaliar a época de aplicação do herbicida, se vai ser utilizado pré-emergente ou pós-emergentes, o que implicará em alguns cuidados a serem tomados, seja na aplicação mecânica ou manual.
Cuidados na aplicação
Os herbicidas pré-emergentes apresentam efeitos residuais e são aplicados no solo limpo, antes das plantas daninhas emergirem, enquanto os pós-emergente atuarão sobre plantas daninhas emergidas e/ou estabelecidas na área por meio do contato, levando-as à morte em poucas horas ou dias, dependendo do estado fisiológico e crescimento da planta daninha e do herbicida usado.
Em qualquer caso de aplicação de herbicidas, devem ser tomados alguns cuidados, seja antes, durante ou depois da aplicação. Antes da aplicação, os cuidados são: seguir as recomendações do receituário agronômico e bula do produto, verificar o estado de funcionamento dos equipamentos, principalmente dos bicos, para garantir uma boa eficiência da aplicação, limpeza e calibração dos equipamentos e preparar calda o suficiente para aplicação, sem que haja sobras.
Durante a aplicação, é necessário o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), evitar presença de pessoas na área, evitar comer, beber ou fumar no ambiente de aplicação; ao abastecer evitar respingos e perda de produto, respeitar as condições de vento, umidade e pluviosidade informadas na bula; evitar a deriva por meio de ações já citadas, e utilizar espalhante adesivo, quando recomendado, além do acompanhamento de um técnico.
Após a aplicação, os cuidados são: não movimentar na área aplicada, manter o pulverizador utilizado com a finalidade exclusiva de aplicação de herbicidas, lavar materiais e roupas com água e sabão; não fazer essa lavagem em rios, lagos ou nascentes, e realizar o descarte correto das embalagens.
Contaminação do solo e da água
A contaminação do solo e água é evitada quando se usa o manejo integrado de plantas daninhas, uma vez que o uso de outros métodos de controle, que não sejam o químico, pode ser eficiente, desde que realizado de forma e no momento correto.
O uso de plantas de cobertura, ou mesmo braquiária, na entrelinha, é um exemplo clássico de sucesso no manejo de plantas daninhas, uma vez que suprime a presença de plantas daninhas na entrelinha.
O material vegetal oriundo do seu corte serve como barreira física à germinação de sementes na linha do cafeeiro. No entanto, é claro que somente esse método de controle não é capaz de fazer o manejo sozinho das plantas daninhas, sendo necessário o uso de herbicidas, no entanto, em doses e frequências menores.
Ainda assim, algumas ações podem ser tomadas para evitar tais problemas de contaminação, quando se faz necessário o uso dos herbicidas, como o ajuste de dose em função do tipo de solo, da espécie e do tamanho da planta daninha; tudo isso associado ao levantamento da infestação e da catação de possíveis plantas escapes.
Métodos alternativos
O manejo de plantas daninhas na cultura do café pode ser entendido como o conjunto dos métodos de controle, manual, mecânico químico e biológico, aplicados de forma correta e no período adequado, que possibilitam com racionalidade a redução da população infestante, sem prejuízos econômicos e ambientais.
Além do método de controle químico, os controles alternativos e eficientes são: manual, mecânico, biológico e integrado. O manual, empregado na cafeicultura, está relacionado à capina com enxada e roçar com foice.
A capina com enxada nas linhas dos cafeeiros é complementada por outros métodos nas entrelinhas. Embora eficiente, a capina manual tem baixo rendimento e custo oneroso, cuja mão de obra nem sempre se encontra em quantidade e no momento desejado.
O emprego da capina manual é o método adequado para áreas com declividade superior a 25%, lavouras com espaçamentos adensados e cafezais em formação. Roçar com foice de corte baixo ou rasteiro reduz o porte das plantas daninhas nas entrelinhas dos cafeeiros.
Outra alternativa é usar a roçadora costal motorizada, acionada por motor à gasolina de dois tempos ou à bateria, com opções de diversas marcas e especificações, com vários tipos de lâminas de corte.
A capina mecânica pode ser com microtratores, tratores de bitolas estreitas e do tipo cafeeiro, que fazem o arrasto de implementos como cultivadora, roçadora, roça carpa e trincha, visto que forma cobertura morta, aumenta a matéria orgânica e nutriente na superfície do solo, além de contribuir para o controle da erosão nas entrelinhas, principalmente em terrenos com maior declividade.