A redução das perdas na pós-colheita passa pela adoção de boas práticas agrícolas e de controle dos agentes contaminantes, os quais provocam danos aos grãos. As micotoxinas, por exemplo, são substâncias tóxicas produzidas por fungos que contaminam os cereais e podem causar sérios danos à saúde e ao desempenho dos animais.
O V Simpósio de Pós-Colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul, que acontece entre os dias 20 e 22 deste mês, em Maracaju (MS), reservou um painel exclusivo para abordar especificamente o tema “Contaminantes na armazenagem de grãos”, que terá a moderação de Egon Luiz Syperreck, da Copagril.
Para compor o painel, o evento convidou a professora da ESALQ-USP, doutora Maria Antonia Calori Domingues, que vai proferir a palestra “Danos e problemas das micotoxinas na produção de rações”.
De acordo com ela, as micotoxinas são um problema sério na produção de rações, pois podem afetar a saúde e o desempenho dos animais. “Elas são produzidas por fungos que se desenvolvem em condições favoráveis de temperatura, umidade e oxigênio, principalmente em grãos, frutas e seus derivados”, diz a especialista.
Para evitar o aparecimento de micotoxinas nas rações, é fundamental controlar a qualidade da matéria prima utilizada, verificando sua procedência, seu teor de umidade e sua contaminação por fungos. Além disso, é preciso armazenar rações em locais secos, ventilados e limpos, evitando o contato com insetos e roedores.
Entre as principais micotoxinas que causam prejuízos econômicos e sanitários, a especialista destaca as aflatoxinas, as fumonisinas, a zearalenona, a ocratoxina A e os tricotecenos. Para identificá-las é preciso fazer análises laboratoriais dos produtos, usando kits específicos ou técnicas cromatográficas. “No entanto, antes de enviar as amostras para o laboratório, é necessário coletar uma quantidade representativa do lote de matéria prima e prepará-la adequadamente, moendo e homogeneizando o material”, explica Maria Antonia.
Segundo a especialista, os efeitos das micotoxinas podem causar diversos danos aos animais, dependendo do tipo, da dose e da espécie afetada. “De modo geral, elas podem comprometer o sistema imunológico, causar alterações no fígado, nos rins, nos pulmões e no trato digestivo, reduzir o consumo de ração e o ganho de peso, diminuir a produção de leite e ovos, interferir na reprodução e na fertilidade e até provocar a morte”, ressalta.
A segunda palestra neste painel será sobre “Boas práticas na armazenagem para redução de micotoxinas”, com o gerente da Copagril, Adilson Eger, da unidade de Marechal Cândido Rondon (PR). Também da Copagril, Claudete Maria Besen Benitez, vai abordar as “Boas práticas na fábrica de rações”.
A programação do V Simpósio de Pós-Colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul está pautada nos principais desafios relacionados ao setor de pós-colheita, como a logística de transporte dos grãos, armazenagem, secagem, beneficiamento, classificação, conservação e comercialização dos grãos.
As inscrições estão abertas e devem ser feitas pelo site do evento (veja link abaixo) até o dia 15/09/2023. Após essa data, as inscrições poderão ser realizadas somente no local do evento, caso haja disponibilidade de vagas.
O simpósio tem a promoção da Associação Brasileira de Pós Colheita (Abrapos), realização da Coamo Agroindustrial Cooperativa e copromoção das instituições cooperativas Copagril, Copasul, C.Vale, Cooperalfa, Cocamar, Cotriguaçu, Lar, Universidade UFGD, Conab e da Embrapa.