19.6 C
Uberlândia
sexta-feira, maio 17, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosCOP 28 e as perspectivas para o futuro do Agronegócio

COP 28 e as perspectivas para o futuro do Agronegócio

A COP 28 reuniu líderes mundiais para discutir estratégias cruciais em prol de um planeta mais verde.

Por Jéssica Barbosa, engenheira Agrônoma.

Créditos: Caroline de Paula Balbino

Não é novidade que as mudanças climáticas são um problema multifacetado e que impacta os valores sociais, econômicos e ambientais. As estratégias para reduzir os impactos das mudanças climáticas exigem soluções inovadoras e integradas que beneficiem simultaneamente várias partes da sociedade e minimizem o conflito potencial entre os valores econômicos, de produção de alimentos e ambientais e este é um dos tópicos da COP 28, que está ocorreu no período de 30 de novembro e até 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes.

O que é a COP 28?

COP 28 (28ª Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas), reúne todas as lideranças dos países-membros da ONU, além de representantes de grandes multinacionais e personalidades sociais para debater estratégias para conter o aquecimento global

A proposta é discutir os desafios impostos pelas mudanças do clima, e o setor agropecuário, obviamente tem um papel de extrema relevância nesse assunto.

A preocupação decorre do fato de que a produção agrícola e pecuária, demanda grande quantidade de água e de energia e, em muitos casos, é responsável pela degradação do solo e emissões de gases de efeito estufa (GEE), especialmente o metano, entretanto, vale ressaltar que o Brasil, o cenário é bem mais favorável e, justamente por isso, o país fica em evidência na COP 28.

Por que o agro brasileiro é um dos destaques da COP 28?

O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas sabemos que principalmente no cenário atual, somente produzir não basta é indispensável que se invista em técnicas de produção que não agridam o meio ambiente e que contribuam diretamente para a preservação dos recursos naturais.

Neste caminho, o setor agro em todo o território nacional vem adotando práticas cada vez mais sustentáveis. Um exemplo disso é o fato de que, nas últimas quatro décadas, a produção agrícola alcançou um aumento expressivo, sem que a área de plantio tenha crescido na mesma proporção, o que indica ganho enorme em produtividade.

Para ilustrar, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área destinada à plantação de grãos, no Brasil, cresceu 81% no período citado, enquanto a produção apresentou aumento de 433%. Além disso, a terceira edição do Boletim Safra 2022/2023, divulgado pela Conab em dezembro, mostrou uma produção estimada de 312,2 milhões de toneladas de grãos, um crescimento de 15% em relação ao período 2021/2022. Ao mesmo tempo, na mesma base de comparação, a área de plantio, de 77 milhões de hectares, registrou um aumento de apenas 3,3%.

Na pecuária, o Brasil tem 150 milhões de hectares de pastos, que produzem carne e leite, sem necessidade de ampliação de espaço para aumentar a produção. Uma das soluções no segmento, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é a chamada Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – ILPF.

O sistema ILPF é uma estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área, ação inclusive presente no Plano ABC + do governo. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades. Esta forma de sistema integrado busca otimizar o uso da terra e com isso reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas.

De forma simples, a proposta prevê a neutralização das emissões de metano dos animais por meio da preservação da vegetação nativa ou de produções agrícolas.

Além disso, as áreas plantadas ou destinadas à pecuária podem ser otimizadas, ganhando produtividade, por meio de técnicas como plantio direto, uso de bioinsumos e fixação biológica de nitrogênio, por exemplo.

Agropecuária sustentável e segurança alimentar em foco na COP 28

Em função destes resultados, o setor de agropecuária nacional tem muito a ensinar ao mundo durante a COP 28. O tema (segurança alimentar x produção agropecuária) vem sendo discutido desde a COP realizada em 2017, quando foi formado um grupo para reconhecer o potencial único da agricultura no combate às mudanças climáticas. Durante a COP 27, no ano passado, houve uma renovação da proposta deste grupo, cujo mandato, agora, vai até 2026. Ele passou a ser denominado Grupo de Trabalho Conjunto Sharm el-Sheikh sobre a implementação da ação climática na agricultura e na segurança alimentar.

A segurança alimentar e a responsabilidade na adoção de boas práticas foi um dos assuntos discutidos no Pavilhão do Brasil, durante a COP 27. “O Brasil pode ser um modelo de liderança global para o sequestro de carbono. O solo é base para este objetivo e esperamos que a COP tenha decisões voltadas para esta questão”, disse, na ocasião, o cientista paquistanês Rattan Lal, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007 e do Prêmio Mundial da Alimentação em 2020.

O Brasil como grande destaque

O Brasil teve um grande destaque e podemos considerar ser um dos protagonistas na COP 28 em virtude do país se encontrar em um momento de expansão de fontes renováveis, como por exemplo: solar, eólica, hidrelétrica e biomassa. Além disso, várias iniciativas mencionam a importância da “floresta em pé”, ou seja, produzir sem desmatar, aliando tecnologia e boas práticas. As chamadas “soluções baseadas na natureza” também encontram terreno fértil por aqui – só precisam ser colocadas em prática por mais agentes e ter alcance cada vez maior. Tudo foi um grande destaque durante a COP 28.

Gostou do nosso conteúdo? Siga nossas redes sociais para não perder nenhuma atualização sobre a área que mais cresce no Agronegócio.

ARTIGOS RELACIONADOS

Atualidades e tendências da tecnologia no agronegócio

O agronegócio avança com tecnologias inovadoras e sustentáveis, impulsionando a produtividade e a preservação ambiental.

Vendas online no agronegócio: 4 coisas para analisar antes de começar

Investir na venda de produtos online é uma boa estratégia para todos os segmentos, inclusive no agronegócio, mas é preciso analisar algumas coisas antes de começar.

Nitro Boost Academy busca projetos de inovação em biológicos para o agronegócio

A iniciativa de inovação aberta, em parceria com a Liga Ventures, está com inscrições abertas até 19 de setembro

Painéis inteligentes otimizam custos no agronegócio

Consumo fica menos oneroso e impacta a produtividade e o rendimento do negócio.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!