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COP 28 e as perspectivas para o futuro do Agronegócio

A COP 28 reuniu líderes mundiais para discutir estratégias cruciais em prol de um planeta mais verde.

Por Jéssica Barbosa, engenheira Agrônoma.

Créditos: Caroline de Paula Balbino

Não é novidade que as mudanças climáticas são um problema multifacetado e que impacta os valores sociais, econômicos e ambientais. As estratégias para reduzir os impactos das mudanças climáticas exigem soluções inovadoras e integradas que beneficiem simultaneamente várias partes da sociedade e minimizem o conflito potencial entre os valores econômicos, de produção de alimentos e ambientais e este é um dos tópicos da COP 28, que está ocorreu no período de 30 de novembro e até 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes.

O que é a COP 28?

COP 28 (28ª Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas), reúne todas as lideranças dos países-membros da ONU, além de representantes de grandes multinacionais e personalidades sociais para debater estratégias para conter o aquecimento global

A proposta é discutir os desafios impostos pelas mudanças do clima, e o setor agropecuário, obviamente tem um papel de extrema relevância nesse assunto.

A preocupação decorre do fato de que a produção agrícola e pecuária, demanda grande quantidade de água e de energia e, em muitos casos, é responsável pela degradação do solo e emissões de gases de efeito estufa (GEE), especialmente o metano, entretanto, vale ressaltar que o Brasil, o cenário é bem mais favorável e, justamente por isso, o país fica em evidência na COP 28.

Por que o agro brasileiro é um dos destaques da COP 28?

O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas sabemos que principalmente no cenário atual, somente produzir não basta é indispensável que se invista em técnicas de produção que não agridam o meio ambiente e que contribuam diretamente para a preservação dos recursos naturais.

Neste caminho, o setor agro em todo o território nacional vem adotando práticas cada vez mais sustentáveis. Um exemplo disso é o fato de que, nas últimas quatro décadas, a produção agrícola alcançou um aumento expressivo, sem que a área de plantio tenha crescido na mesma proporção, o que indica ganho enorme em produtividade.

Para ilustrar, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área destinada à plantação de grãos, no Brasil, cresceu 81% no período citado, enquanto a produção apresentou aumento de 433%. Além disso, a terceira edição do Boletim Safra 2022/2023, divulgado pela Conab em dezembro, mostrou uma produção estimada de 312,2 milhões de toneladas de grãos, um crescimento de 15% em relação ao período 2021/2022. Ao mesmo tempo, na mesma base de comparação, a área de plantio, de 77 milhões de hectares, registrou um aumento de apenas 3,3%.

Na pecuária, o Brasil tem 150 milhões de hectares de pastos, que produzem carne e leite, sem necessidade de ampliação de espaço para aumentar a produção. Uma das soluções no segmento, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é a chamada Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – ILPF.

O sistema ILPF é uma estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área, ação inclusive presente no Plano ABC + do governo. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades. Esta forma de sistema integrado busca otimizar o uso da terra e com isso reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas.

De forma simples, a proposta prevê a neutralização das emissões de metano dos animais por meio da preservação da vegetação nativa ou de produções agrícolas.

Além disso, as áreas plantadas ou destinadas à pecuária podem ser otimizadas, ganhando produtividade, por meio de técnicas como plantio direto, uso de bioinsumos e fixação biológica de nitrogênio, por exemplo.

Agropecuária sustentável e segurança alimentar em foco na COP 28

Em função destes resultados, o setor de agropecuária nacional tem muito a ensinar ao mundo durante a COP 28. O tema (segurança alimentar x produção agropecuária) vem sendo discutido desde a COP realizada em 2017, quando foi formado um grupo para reconhecer o potencial único da agricultura no combate às mudanças climáticas. Durante a COP 27, no ano passado, houve uma renovação da proposta deste grupo, cujo mandato, agora, vai até 2026. Ele passou a ser denominado Grupo de Trabalho Conjunto Sharm el-Sheikh sobre a implementação da ação climática na agricultura e na segurança alimentar.

A segurança alimentar e a responsabilidade na adoção de boas práticas foi um dos assuntos discutidos no Pavilhão do Brasil, durante a COP 27. “O Brasil pode ser um modelo de liderança global para o sequestro de carbono. O solo é base para este objetivo e esperamos que a COP tenha decisões voltadas para esta questão”, disse, na ocasião, o cientista paquistanês Rattan Lal, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007 e do Prêmio Mundial da Alimentação em 2020.

O Brasil como grande destaque

O Brasil teve um grande destaque e podemos considerar ser um dos protagonistas na COP 28 em virtude do país se encontrar em um momento de expansão de fontes renováveis, como por exemplo: solar, eólica, hidrelétrica e biomassa. Além disso, várias iniciativas mencionam a importância da “floresta em pé”, ou seja, produzir sem desmatar, aliando tecnologia e boas práticas. As chamadas “soluções baseadas na natureza” também encontram terreno fértil por aqui – só precisam ser colocadas em prática por mais agentes e ter alcance cada vez maior. Tudo foi um grande destaque durante a COP 28.

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