Pensando Estrategicamente
por Antônio Carlos de Oliveira.
Texto publicado originalmente no Diário de Uberlândia
Corrupção é uma forma de desonestidade ou crime praticado por uma pessoa, ou organização a quem é confiada uma posição de autoridade, a fim de obter benefícios ilícitos ou abuso de poder para ganho pessoal. A corrupção pode envolver muitas atividades que incluem o suborno, o tráfico de influência e a apropriação indébita, além de envolver práticas que são legais em muitos países.
A corrupção e o crime são ocorrências sociológicas endêmicas que aparecem com frequência regular em praticamente todos os países em escala global em graus e proporções variadas. Cada nação individualmente mobiliza recursos domésticos para o controle e regulação da corrupção e a dissuasão do crime.
A corrupção política é o uso de poderes por funcionários públicos ou seus contatos de rede para ganho privado ilegítimo. É a manipulação de políticas, instituições e regras de procedimento na alocação de recursos e financiamento por tomadores de decisões políticas, que abusam de sua posição para sustentar seu poder, status e riqueza
As estratégias adotadas para combater a corrupção são frequentemente resumidas sob o termo genérico anticorrupção. Além disso, iniciativas globais como o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas também têm o objetivo específico de reduzir substancialmente a corrupção em todas as suas formas.
A corrupção é um fenômeno que tem afetado profundamente a economia brasileira nas últimas décadas. O Brasil ficou em 94º lugar entre 180 países no ranking mundial do Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2022, que mede como a integridade do setor público é vista internacionalmente. Informação divulgada pela Transparência Internacional em 31/01 último, evidencia a magnitude do problema.
O país aparece estagnado com 38 pontos em uma escala de zero a 100 – em que zero significa “altamente corrupto” e 100 significa “muito íntegro” – pelo terceiro ano consecutivo, saindo da 96ª para a 94ª posição, já que outros países pioraram suas notas.
Os 38 pontos alcançados pelo Brasil em 2022 estacionam o país abaixo da média global (43 pontos), da média regional para América Latina e Caribe (43 pontos), da média dos Brics (39 pontos) e distante da média dos países do G20 (53 pontos) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (66 pontos).
Nos últimos 10 anos, o Brasil caiu 25 posições no IPC, saindo da 69ª para a 94ª colocação, tendo a pior avaliação registrada em 2018 e 2019, com 35 pontos, e o segundo pior desempenho em 2017, com 37 pontos:
O que precisamos refletir é: A corrupção tem um impacto direto na economia, prejudicando o desenvolvimento social e econômico do país. A corrupção pode afetar o Produto Interno Bruto (PIB) de diversas formas. PIB é a sigla para Produto Interno Bruto, e representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período.
Como um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia, o PIB tem o objetivo principal de mensurar a atividade econômica de uma região. Para analisar o comportamento do PIB de um país é preciso diferenciar o PIB nominal do PIB real.
PIB nominal calcula a preços correntes, ou seja, no ano em que o produto foi produzido e comercializado, e PIB real é calculado a preços constantes, onde é escolhido um ano-base para eliminar o efeito da inflação, e o PIB real é o mais indicado para análises.
O PIB pode ser calculado a partir de três óticas: a ótica da despesa, a ótica da oferta e a ótica do rendimento.
A corrupção também aumenta o chamado “Custo Brasil”, que é o conjunto de fatores que encarecem o custo de produção no país, tais como tributos, burocracia, infraestrutura precária e falta de mão de obra qualificada. Esse custo reduz a competitividade das empresas brasileiras, tornando-as menos eficientes e menos competitivas no mercado global.
Outro reflexo provocado pela corrupção é o desestímulo dos investimentos no país. Os investidores tendem a evitar países com altos índices de corrupção, pois isso pode aumentar o risco de perdas financeiras, além de afetar a reputação da empresa. A redução dos investimentos impacta negativamente o crescimento econômico do país, pois menos recursos são direcionados para a produção e geração de empregos. A corrupção também provoca a diminuição da arrecadação de impostos, pois muitas vezes os recursos públicos são desviados ou mal utilizados, impedindo a realização de investimentos em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura. Com menos recursos, o Estado tem menos capacidade de investir em políticas públicas e de estimular o crescimento econômico.
Pensando estrategicamente, é importante destacar que o impacto da corrupção no PIB não é apenas financeiro, mas também social e político. A corrupção aumenta a desigualdade social, pois os recursos públicos são desviados em benefício de poucos, enquanto a maioria da população sofre as consequências da falta de investimento em serviços públicos. Além disso, a corrupção afeta a democracia, por minar a confiança da população nas instituições públicas e no sistema político.
Para combater a corrupção e reduzir o seu impacto na economia, é necessário implementar políticas públicas efetivas de combate à corrupção, fortalecendo os órgãos de controle e fiscalização, como a Polícia Federal, o Ministério Público e a Controladoria-Geral da União. Melhorar a transparência e a accountability, promover a educação e a conscientização da população sobre a importância da ética e da integridade. Somente assim será possível reduzir a corrupção e criar um ambiente econômico mais favorável ao crescimento sustentável do país.
Em conclusão, a corrupção tem um impacto significativo no PIB do Brasil e afeta diretamente o crescimento e o desenvolvimento do país. É necessário um esforço conjunto de toda a sociedade para combater a corrupção e construir uma sociedade mais justa e próspera.