Fernanda Aparecida Nazário de Carvalho
Engenheira florestal e mestranda em Ciências Florestais – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
fernandacarvalhonaz@gmail.com
Iara Nobre Carmona
Engenheira Florestal, mestra em Ciência e Tecnologia da Madeira e doutoranda em Recursos Florestais – Universidade de São Paulo (USP)
iaracarmona@usp.br
Fabíola Martins Delatorre
Engenheira industrial madeireira e mestranda em Ciências Florestais – UFES
fabiola.delatorre@edu.ufes.br
As espécies do gênero Eucalyptus recebem destaque por estarem entre as florestas plantadas mais importantes do mundo. Em território brasileiro, esta é a espécie arbórea mais plantada, movimentando parte da economia do País.
O sucesso dos plantios de eucalipto é atribuído às suas várias características desejáveis, como: rápido crescimento, fácil adaptação, viabilidade econômica, produtividade, aceitação do mercado e fomento a pesquisas para conhecer suas propriedades e melhorá-las geneticamente.
Assim, tem-se um amplo banco de informações sobre a eucaliptocultura, em que o produtor pode se manter seguro e informado e investir em extensos plantios da espécie, sabendo que terá um bom retorno em termos produtivos e econômicos.
Perguntas importantes
Só é possível fazer uma boa escolha do clone se, além de avaliar as características bióticas e abióticas do ambiente, o produtor também pensar no destino da plantação.
Para qual finalidade eu gostaria de um plantio de eucalipto? Para madeira serrada? Produção de carvão vegetal? Produção de celulose? Essas perguntas básicas são essenciais na escolha de qual cultivar de eucalipto melhor se adapta ao ambiente e gera bons materiais para a indústria de transformação.
Desse modo, conhecer a propriedade onde a cultura será implantada é o primeiro passo quando se pensa em um plantio de sucesso. É necessária uma breve conversa entre o produtor e o técnico responsável, a fim de se obter informações e conhecer a área.
Aspectos climáticos
Um dos fatores relevantes quando se pensa em iniciar uma plantação florestal é a busca pelos dados climáticos. Entender o regime de chuvas, a época do ano em que estão mais concentradas e a temperatura, podem ser informações determinantes para tornar a escolha cada vez mais precisa.
Um exemplo de cultivar mais bem adaptada às baixas temperaturas é o Eucalyptus benthamii, que se desenvolve bem em regiões com temperatura média anual de até 14,5°C.
Essa espécie tem um bom desenvolvimento e é referência para plantios em locais que apresentam geadas. No Brasil, é a cultivar das regiões subtropicais, ganhando espaço também em outros países, como Uruguai e China.
O uso dessa espécie normalmente é destinado para o setor energético, apresentando bons resultados. Pensando nos ambientes frios, na última década o melhoramento genético tem estado atento ao mercado produtivo do eucalipto.
Outras espécies, como o E. viminalis, E. benthamii, E. nitens e E. dunni, são também cultivares que apresentam resistência bastante representativa a áreas em que as geadas são incidentes.
Déficit hídrico
Fatores como o déficit hídrico também exercem grande influência na produtividade de algumas espécies de eucalipto, como o E. grandis. Dessa forma, é necessário escolher o clone ideal para as áreas com essa característica.
As espécies-chave devem apresentar características como: controle osmótico ou um sistema radicular ramificado e profundo, permitindo uma maior captação de água. Clones como o E. camaldulensis, E. brassiana, C. torelliana, E. tereticornis e até mesmo algumas procedências de E. grandis, tendem a ser mais resistentes às condições de seca.
O clone ideal e o controle preventivo de patologias
As doenças que afetam o eucalipto são, em parte, responsáveis pelo impacto negativo na produção vegetal dessa cultura. No caso das florestas plantadas de eucalipto para fins madeireiros, a seleção de espécies não suscetíveis pode ser um fator determinante.
A utilização de clones resistentes é uma das formas de realizar o controle preventivo dessas doenças, levando a campo apenas materiais resistentes, ou seja, plantas que apresentam capacidade de resistir, em baixo ou alto grau, à ação dos microrganismos inoculados.
É muito importante, também, buscar conhecer o histórico da propriedade de implantação do povoamento e até mesmo pensar em opções, como a alternância de clones nas sucessivas rotações, visando evitar a propagação e a seleção natural de patógenos resistentes.
Mudas de qualidade
Não se pode pensar em uma floresta produtiva sem antes visualizar mudas de boa qualidade genética, que tenham uma boa formação radicular e que estejam saudáveis. Para que isso aconteça, os métodos produtivos devem receber atenção.
Uma das metodologias de produção de mudas de eucalipto acontece via seminal (por meio de sementes), e neste caso devem ser adquiridas de fornecedores certificados e registrados no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem).
É válido ressaltar que as mudas propagadas via seminal podem apresentar variabilidade genética, pois normalmente só se conhece a planta matriz. Assim, o resultado pode ser um povoamento florestal não tão homogêneo.
Pensando em um extenso povoamento florestal de qualidade, uma forma muito comum de se obter as mudas é por estaquia, que normalmente são produzidas por brotações de cepas de árvores adultas, ou por meio de mudas de clones de alta qualidade que já foram previamente selecionadas.
As mudas-clone normalmente apresentam as mesmas características da árvore matriz de onde foi retirada a estaquia para sua produção. É preciso reforçar que a escolha da árvore matriz deve ser criteriosa.
Escolher árvores com o mínimo de defeitos possível e com boa sanidade é essencial para que as mudas clonais se tornem um povoamento florestal produtivo e de qualidade, reduzindo assim os custos operacionais.
Com as mudas obtidas via clonagem, o produtor tem maior controle a respeito das suas árvores, produzindo um povoamento uniforme, com maior incremento volumétrico e com matéria-prima homogênea, tendo assim uma produção de sucesso.
Como garantir a produtividade da lavoura
Fala-se muito sobre os altos níveis de produtividade florestal atingido pelas empresas, graças às características edafoclimáticas do País, mas, sem dúvida é preciso também atribuir esses ganhos ao melhoramento genético e suas nuances.
A produção de híbridos visando resistência e aumento de produtividade tem sido considerada a melhor forma de alavancar os ganhos genéticos, que tanto proporcionam produtividade às indústrias de transformação brasileiras.
As buscas das décadas passadas e as constantes buscas atuais resultaram em clones que acentuam as características produtivas da madeira, a tolerância a estresses bióticos, como doenças fúngicas e bacterianas, ataque de insetos e produtividade, produzindo indivíduos superiores.
Nesse sentido, essa conjuntura de características é essencial para obtenção do sucesso produtivo, avaliando o máximo de variáveis possíveis do local de implantação da cultura, resultando em alta produtividade e poucos custos operacionais e de manutenção.