21.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosHortifrútiAcerola: detalhes do cultivo no Brasil

Acerola: detalhes do cultivo no Brasil

Crédito: Shutterstock

Gustavo Cesar Dias Silveira Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)gcsagro@gmail.com
Maíra Ferreira de Melo Rossi Engenheira agrônoma e mestranda em Botânica Aplicada – UFLArossimaira@hotmail.com
Pedro Maranha Peche Engenheiro agrônomo, mestre e pós-doutorando em Fitotecnia – UFLA pedmpeche@gmail.com

A acerola (Malpighia emarginata DC.) é nativa da América Central e do Norte da América do Sul, produz frutos excepcionalmente ricos em vitamina C e A, é fonte de ferro e cálcio, além de conter outras vitaminas do complexo B (tiamina, riboflavina e niacina). São poucos os países que cultivam comercialmente a acerola e o Brasil se sobressai nesse contexto, sendo atualmente o maior produtor, exportador e consumidor.

Adaptada às diferentes condições climáticas, hoje em dia os plantios se espalharam por quase todas as regiões do País, sendo a região nordeste a maior produtora, responsável por 64% da produção nacional.

Dados mais recentes mostraram que a área colhida de acerola foi de 5.753 hectares, valor referente a 6.646 propriedades rurais com mais de 50 pés plantados. Nesse ano foram produzidas quase 70 mil toneladas de frutas e o valor de produção atingido foi de R$ 91.642.000.

O Estado de Pernambuco é o maior produtor, com 21.351 toneladas produzidas, seguido do Ceará, com 7.578 toneladas, e em terceiro lugar Sergipe, com 5.427 toneladas de frutas produzidas (IBGE, 2017).

Parte da produção brasileira é exportada para Europa, Estados Unidos e Japão, na forma de frutos ou polpa congelada e suco integral. Entretanto, o consumo nacional é crescente, trazendo boas expectativas ao mercado interno dessa fruta. Esse crescimento se deve, basicamente, a seu elevado teor de ácido ascórbico (vitamina C), que chega a ser 100 vezes superior ao da laranja, ou dez vezes ao da goiaba.

A acerola pode ser consumida sob a forma de sucos, compotas, geleias, utilizada no enriquecimento de sucos e de alimentos dietéticos, na forma de alimentos nutracêuticos, como comprimidos ou cápsulas empregados como suplemento alimentar, chás, bebidas para esportistas, barras nutritivas e iogurtes. A acerola também tem mostrado potencial de uso na indústria farmacêutica e cosmética.

Variedades

A produtividade da aceroleira por hectare é crescente como em qualquer outra frutífera, passando de 6,5 toneladas no segundo ano de cultivo para 40 ou mais toneladas do quinto até o décimo ano.

As variedades de acerola são classificadas em doces ou ácidas. As ácidas são mais ricas em vitamina C e são indicadas para a industrialização, enquanto as variedades de frutos doces são mais indicadas para o consumo “in natura”.

Deste modo, os clones disponíveis para plantio foram selecionados levando-se em consideração o teor vitamínico. Nesta classificação, os frutos que produzem mais que 1.000 mg de ácido ascórbico (vitamina C) por 100 g de suco é que são considerados satisfatórios.

 As variedades mais cultivadas no Sudeste são ‘Olivier’ e ‘Waldy-Cati’, mas existem outras, como ‘Cabocla’, ‘Sertaneja’, ‘Flor-Branca’, ‘Okinawa’ e outras selecionadas pela Embrapa e pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Exemplos de variedades doces: ‘Manoa Sweet’, ‘Tropical’ e ‘Hawaiian Queen’.

Exemplos de variedades de acerolas do grupo ácido: ‘J. H. Beaumont’, ‘C. F. Rehnborg’, ‘F. Haley’, ‘Red Jumbo’ e ‘Maunawili’.

A desuniformidade das plantas acarreta em perdas de produtividade do pomar e de qualidade dos frutos. Por isso, é extremamente importante que os pomares sejam formados a partir de variedades bem definidas, portadoras de características agronômicas e tecnológicas adequadas à finalidade a que se destinam.

É muito importante também o produtor se resguardar e procurar adquirir mudas de viveiristas idôneos e confiáveis.

Plantio

Antes do plantio, deve-se realizar amostragem do solo para analisar a necessidade de correção e para que se saiba o nível de nutrientes já presentes no solo. O plantio das mudas deve ser realizado, preferencialmente, no início do período chuvoso.

Se houver disponibilidade de irrigação no cultivo da fruteira, o plantio pode ser feito em qualquer época do ano, exceto no inverno. O espaçamento pode variar entre 4 x 4 metros, 5 x 5 metros, 6 x 4 metros e 5 x 4 metros, que é o mais utilizado nos plantios em propriedades instaladas no Sudeste, com 500 árvores por hectare.

Como a polinização da aceroleira também depende da ação de insetos, com destaque para as abelhas nativas do gênero Centris spp., é preciso contar com eles nas proximidades do pomar cultivado. No entanto, quando se planta mais de uma variedade de acerola no mesmo pomar, pode ocorrer a polinização cruzada, o que beneficia ainda mais o pegamento dos frutos.

Adubação, pragas e doenças

A adubação contribui para que os frutos fiquem maiores, com mais qualidade e a aceroleira mais produtiva. Para que o produtor de acerola possa fornecer os nutrientes necessários e fazer o uso racional de fertilizantes, terá necessariamente que adotar algumas técnicas básicas e essenciais: análise de solo, análise foliar, observação dos sintomas de deficiência de nutrientes e conhecimento dos fatores que afetam a disponibilidade de nutrientes.

Em conjunto, devem-se realizar as práticas culturais usuais, como controle de plantas daninhas, adubações de reposição a cada ciclo produtivo, podas de formação e de limpeza e irrigação (se necessário).

Nematoides, pulgões, formigas cortadeiras, cigarrinhas e mosca-das-frutas são algumas das pragas que atacam a fruteira, enquanto entre as doenças se incluem antracnose, cercosporiose, seca descendente de ramos e podridão de frutos.

Colheita e comercialização

Durante o processo de colheita, seleção e embalagem, é preciso evitar que os frutos sofram pancadas ou ferimentos, o que acelera sua deteriorização. Colha os frutos a cada dois ou três dias, retirando todos os maduros e os que estão mudando de coloração. Evite deixar as acerolas expostas ao sol depois da colheita, de preferência deixá-las em ambiente refrigerado e comercializá-las o mais rápido possível, no caso de venda de frutas frescas.

Dependendo das condições climáticas locais e da condução do plantio, a partir de oito meses surgem os primeiros frutos da aceroleira. A planta pode registrar anualmente três ou mais safras concentradas, principalmente, na primavera e verão. Após o terceiro ou quarto ano do plantio, as fruteiras adultas chegam a produzir de 40 a 50 quilos de acerolas por planta ao ano, o que corresponde a uma produtividade média em torno de 20 a 25 toneladas por hectare.

Já está mais que provado que o consumo de frutas e hortaliças é benéfico para a saúde e isso contribui para a difusão do consumo da acerola. Com isso, a acerola tornou-se um produto agrícola gerador de lucro para o agricultor brasileiro, em especial para donos de pequenas propriedades e empregadores de mão de obra familiar.

Atualmente, a cotação no atacado da acerola fresca está em torno de R$ 8,50/kg (Ceagesp, 2020), o que garantiria, para um produtor que alcançasse uma produtividade média de 25 ton/ha, um faturamento de R$ 212,5 mil/ha/ano. Lembrando que se o produtor quiser vender sua produção para a indústria, esse preço será menor e deve-se pensar sempre em trabalhar com um maior volume da fruta.

ARTIGOS RELACIONADOS

Adubação foliar de enxofre é aliada do cebolicultor

  Lucas P. Marques Engenheiro agrônomo e gerente técnico da Via Agricola Ltda. lucaspm@viaagricola.com.br O enxofre (S) não é importante somente como nutriente. Ele também tem papel fundamental...

Manejo nutricional do limoeiro

As necessidades nutricionais de qualquer planta são determinadas pela quantidade de nutrientes ...

Efeito do silício no aumento de vagens da soja

  Carlos Alexandre Costa Crusciol crusciol@fca.unesp.br Rogério Peres Soratto Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista/UNESP Gustavo Spadotti Amaral Castro Pesquisador da Embrapa...

Kale – Nova opção ‘detox’ atrai consumidores

  A kale, também conhecida como couve crespa, é uma hortaliça muito nutritiva e com baixa caloria, muito utilizada na produção de saladas, sopas e...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!