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Ácidos húmicos: benefícios para solo e cana

Os ácidos húmicos aumentam a produtividade e o teor de açúcar da cana ao melhorar a saúde do solo e o metabolismo da planta.

Fotos: Shutterstock

Carlos Alexandre Rocha da Costa
PhD. em Ciência dos Alimentos (UFLA)
alexandre.vitae@gmail.com
Luíz Guilherme Malaquias da Silva
Cientista de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos (UFLA)
lg.malqs@gmail.com
Giovanni Aleixo Batista
Engenheiro de Alimentos e mestrando em Ciência dos Alimentos (UFLA)
giovannialeixob@gmail.com

A matéria orgânica é considerada um condicionador de solo, exercendo papel-chave em vários processos que ocorrem no perfil, como formação da estrutura dos solos, atividade biológica e, ainda, tem uma relação direta com a qualidade do solo.

Nesse âmbito, os ácidos húmicos têm se destacado como uma solução eficaz no manejo da cana-de-açúcar, trazendo melhorias tanto para o solo quanto para o desenvolvimento da cultura.

No solo, eles promovem maior retenção de água e melhor aeração, além de tornarem os nutrientes mais acessíveis às plantas, como nitrogênio e fósforo, maximizando o aproveitamento dos fertilizantes.

Para as plantas, os benefícios incluem o estímulo ao crescimento radicular, que facilita a absorção de nutrientes, especialmente em solos mais pobres, e a contribuição direta para o aumento da biomassa e da qualidade dos colmos, com maior teor de sacarose.

Resistência da planta

Outro aspecto relevante é o fortalecimento da resistência da planta a condições adversas, como seca e salinidade, resultado da regulação de processos fisiológicos e metabólicos.

Além disso, os ácidos húmicos ajudam a equilibrar a microbiota do solo, favorecendo a sustentabilidade e reduzindo a dependência de fertilizantes químicos. Esses benefícios tornam sua aplicação uma escolha estratégica para produtores que buscam aliar produtividade e práticas agrícolas mais sustentáveis.

Melhor estrutura e qualidade do solo

Os ácidos húmicos desempenham um papel fundamental na melhoria da estrutura e qualidade do solo em áreas de cultivo de cana-de-açúcar. Esses compostos orgânicos, que fazem parte da matéria orgânica do solo, têm a capacidade de melhorar diversas propriedades físico-químicas do perfil, promovendo um ambiente mais favorável ao crescimento das plantas.

Eles ajudam na agregação das partículas do solo, formando agregados mais estáveis que aumentam a porosidade da terra. Isso favorece a aeração e a drenagem, evitando o encharcamento e proporcionando um melhor desenvolvimento das raízes da cana-de-açúcar.

A maior porosidade também melhora a infiltração de água e a retenção de nutrientes, permitindo que a planta tenha um acesso mais eficiente aos recursos necessários.

Eficiência da irrigação

Além disso, os ácidos húmicos aumentam a capacidade de troca catiônica do solo, ou seja, a capacidade dele de reter cátions (nutrientes como cálcio, magnésio, potássio e outros). Isso resulta em uma maior disponibilidade de nutrientes para as plantas, promovendo um crescimento saudável e maior produtividade.

Os ácidos húmicos também têm a capacidade de aumentar a atividade microbiana no solo, o que contribui para a decomposição da matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes.

Outra contribuição importante é a melhoria da eficiência da irrigação. Ao melhorar a retenção de água no solo, os ácidos húmicos reduzem a necessidade de irrigação frequente, o que é particularmente importante em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, onde a gestão eficiente da água é essencial.

Atividade biológica no solo

A matéria orgânica presente nos ácidos húmicos desempenha um papel fundamental na atividade biológica do solo, especialmente na rizosfera, a região próxima às raízes das plantas.

Fotos: Shutterstock

As substâncias húmicas estimulam a exsudação de ácidos orgânicos pelas raízes, criando um ambiente mais favorável para o crescimento e atividade microbiana. Esse estímulo resulta no aumento da biomassa microbiana, promovendo uma maior eficiência no processo de decomposição da matéria orgânica e na ciclagem de nutrientes.

Os microrganismos, como principais agentes de mineralização, transformam os nutrientes em formas disponíveis para as plantas, melhorando a fertilidade do solo. Além disso, os ácidos húmicos ajudam a estabilizar a estrutura do solo e mitigam condições adversas, contribuindo para um ecossistema equilibrado e sustentável.

Assim, a presença de ácidos húmicos no solo intensifica a atividade biológica, otimiza a disponibilidade de nutrientes e potencializa o crescimento saudável das plantas.

Impacto na produtividade

Os ácidos húmicos aumentam a produtividade e o teor de açúcar da cana-de-açúcar ao melhorar a saúde do solo e o metabolismo da planta. Eles promovem maior retenção de água, disponibilidade de nutrientes e desenvolvimento radicular, resultando em plantas mais robustas e produtivas.

Além disso, favorecem processos bioquímicos que aumentam a síntese de sacarose nos colmos, atendendo às exigências da indústria sucroalcooleira.

Perfis diferentes

Cada tipo de solo apresenta características próprias que influenciam diretamente a resposta da aplicação dos ácidos húmicos. Por exemplo, em solos arenosos o ácido húmico auxilia na maior retenção de água e nutrientes, enquanto em solos alcalinos podem reduzir a alcalinidade.

Além disso, há fatores essenciais para se avaliar, independentemente do tipo de solo, como o pH do solo, o teor de matéria orgânica e minerais, o clima e a temperatura da localidade. Ao observar e caracterizar todos esses atributos, a dose e a frequência da aplicação dos ácidos húmicos podem ser, então, determinadas.

A dose ministrada por hectare é muito variável, tendo estudos que apontam aplicações em até 500 quilos por hectare. A aplicação ideal deve ser direcionada por profissional competente em agronomia mediante avaliação do solo.

Após isso, deve-se determinar a cultura que será produzida naquele solo, o efeito desejado sobre a planta e o tipo de ácido húmico. Assim, a escolha ideal da dose e periodicidade da aplicação serão realizadas com segurança e eficiência.

Recomendações

Trabalhos e experimentos evidenciaram grande eficiência na produtividade de cana-de-açúcar pela aplicação de ácidos húmicos, com promoção de um maior desenvolvimento vegetativo, proporcionado por um sistema radicular mais vigoroso e amplo.

A primeira aplicação deve ser feita antes do plantio, para aumentar a fertilidade do solo. Assim, há um aumento na taxa de germinação e desenvolvimento das raízes. Essa primeira administração deve ser precedida do estudo do solo e da cultura, como mencionado anteriormente.

Dosagem

Estima-se que, a depender do solo, use-se de 100 a 200 quilogramas por hectare, aproximadamente. Após um a três meses, a cana estará em crescimento vegetativo na fase de perfilhamento. Aqui, o solo poderá receber uma segunda dose para estimular o crescimento da cana.

Nessa fase há uma demanda maior de suprimento, e doses entre 150 a 300 quilogramas por hectare podem ser administradas. Quando ocorre o auge do perfilhamento, se inicia a fase de formação de colmos.

Nesse momento há o acúmulo de sacarose na base da cana-de-açúcar, enquanto a planta ganha altura. Estima-se que a aplicação de outra dose de ácido húmico nessa fase ajuda a aumentar a atividade metabólica do vegetal, acelerando processos bioquímicos importantes, além do crescimento e aumento de matéria seca.

E, por fim, ocorre a fase de maturação. A recomendação mais importante de todas sobre a quantidade e periodicidade da aplicação dos ácidos húmicos é atender as orientações de um profissional agrícola.

O acompanhamento no campo segue como o elemento mais importante, pois doses desnecessárias podem ocasionar estresses à cultura e desperdício de recursos. Portanto, em dados casos, pode ser necessário uma aplicação bem menor de ácidos húmicos, a depender de muitos fatores.

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