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Ácidos húmicos favorecem crescimento radicular da beterraba

Bruna Orsi Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda – ESALQ-USPbrunao.orsi@usp.br  

Matheus de Jesus MoraisGraduando em Engenharia Agronômica – ESALQ-USPmatheusmorais@usp.br  

Ricardo Alfredo KlugeDoutor e professor do Departamento de Ciências Biológicas – ESALQ-USP rakluge@usp.br

Beterraba – Créditos: shurtterstock

Substâncias húmicas são compostos orgânicos que se originam da decomposição de materiais vegetais e de resíduos animais, e que podem promover benefícios para a estrutura química e física do solo e, assim, contribuir para o metabolismo das plantas. Os ácidos húmicos, por sua vez, são um dos principais constituintes das frações húmicas do solo e um de seus efeitos benéficos mais reconhecidos é sua contribuição para o aumento do crescimento das raízes.

Um dos principais mecanismos pelos quais os ácidos húmicos aumentam o crescimento de raízes é por meio de hormônios vegetais, mais especificamente a auxina. Este hormônio é reconhecido por sua atuação na expansão e elongação das células, resultando em crescimento radicular. Assim, é sabido que a presença de ácidos húmicos pode estimular a síntese de auxina, ou agir de forma semelhante ao hormônio, ativando enzimas que atuam no aumento de células.

O aumento do tamanho das raízes permite que as plantas explorem maiores volumes de solo, alcançando com mais facilidade água e nutrientes e, assim, favorecendo o seu crescimento e desenvolvimento.

Esta característica é ainda mais importante em solos pobres ou em ambientes secos, garantindo uma estratégia de adaptação às plantas. Como as raízes são responsáveis pela absorção de nutrientes que são distribuídos por toda a planta, o maior crescimento radicular acaba melhorando também o crescimento da parte área das plantas, composta pelas folhas, o que permite melhora na fotossíntese e no enchimento dos hipocótilos intumescidos de beterraba.

O caso da beterraba

E como os ácidos húmicos podem ser empregados na produção de beterraba? Uma das formas mais eficientes de se utilizar a técnica é fazendo a aplicação diretamente na linha de plantio.

Os ácidos húmicos podem ser aplicados como húmus líquido em fertirrigação, onde as plantas de beterraba mostram melhores respostas com doses mais altas, mas dosagens na concentração de 75% apresentam maior custo-benefício, proporcionando um bom crescimento das plantas.

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A aplicação de ácidos húmicos também se mostra uma alternativa viável para a fase de mudas, favorecendo o seu crescimento e aumentando a massa seca e fresca de raiz. Como mudas de melhor qualidade proporcionam melhor enraizamento e reinício de desenvolvimento após o transplante, também se observa que mudas produzidas com ácidos húmicos resultam em plantas de beterraba com maior diâmetro de raiz na fase final de desenvolvimento e maior produtividade a campo.

Em campo

Trabalhos conduzidos a campo relatam que a aplicação de biofertilizantes contendo ácidos húmicos pode aumentar a produtividade de beterraba em 2,0 ton/ha. Benefícios da aplicação de ácidos húmicos também são vistos no maior número de folhas, maior altura de plantas e maior massa fresca e seca da parte aérea, que resulta em maior interceptação luminosa e, consequentemente, maior produção de carboidratos importantes para o crescimento da planta e para a qualidade dos hipocótilos intumescidos de beterraba.

Um fator importante que deve ser considerado, no entanto, é o pH do solo. Apesar de outros componentes das substâncias húmicas serem solúveis em uma ampla faixa de pH, a fração dos ácidos húmicos, especificamente, é solúvel apenas em pH maior que 5.

Assim, o uso de redutores de pH do solo pode influenciar a interação de ácidos húmicos com outros elementos do solo. Considerando que a maior parte dos solos brasileiros é ácida, é aconselhável associar a aplicação de ácidos húmicos à calagem.


Evite erros

Os erros mais frequentes encontrados em relação às substâncias húmicas em campo é o desconhecimento do tipo de produto e da recomendação de aplicação de cada produto em campo. Deve-se seguir análise fiel da interpretação do solo, bem como a dosagem recomendada do produto para evitar falta ou excesso deste no solo e, consequentemente, evitar o desbalanço nutricional do solo, o que pode ser um fator negativo para a cultura da beterraba.


Na ponta do lápis

Em análise de preços, foram considerados seis produtos comerciais no mercado que contêm ácidos húmicos em sua composição. Os preços foram comparados unitariamente por litro, e em seguida foi comparado o preço de aplicação de cada produto.

Tendo em vista que o preço da beterraba se encontra a R$ 1,87/kg (CEAGESP-SP) e a produtividade teórica máxima citada em literatura é de 30 toneladas (IAC), o preço no CEAGESP-SP de venda direta ao consumidor seria de R$ 56.100,00 a cada 30 t.

Observa-se que a aplicação do ácido húmico mais caro, seguindo a recomendação do fabricante, chega a R$ 1.016,00. Como citado anteriormente, a produtividade da beterraba com utilização de ácidos húmicos pode aumentar em 2,0 t/ha.

Sendo assim, o preço de venda direta passaria de R$ 56.100,00 para R$ 59.840,00, retornando lucro para o produtor de R$ 2.724,00/ha em previsão pessimista. Utilizando o fertilizante mais barato, em uma previsão otimista, o lucro seria de R$ 3.467/ha (lucro calculado com base em aplicação unitária do biofertilizante).

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