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Adubação alternativa – Metabolismo das plantas agradece

Autores

Iací Dandara Santos Brasil
Tarcila Rosa da Silva Lins
Ernandes Macedo da Cunha Neto
Engenheiros florestais e mestrandos em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Emmanoella Costa Guaraná Araujo
Engenheira florestal, mestra e doutoranda em Engenharia Florestal – UFPR
Carlos Roberto Sanquetta
Engenheiro florestal, PhD – Japan Society for the Promotion of Science e professor – UFPR

O metabolismo vegetal envolve o processo pelo qual a planta utiliza elementos minerais como fonte de nutrientes, para que esta possa crescer e produzir energia, contribuindo com seu desenvolvimento e estabelecimento, uma vez que estes seres não dependem de compostos produzidos por outros organismos. Tais nutrientes são absorvidos do meio ambiente, predominantemente pelas raízes das plantas, para então percorrer o organismo de outros indivíduos e retornar ao meio.

A nutrição de plantas estuda a movimentação dos nutrientes essenciais ao desenvolvimento dos vegetais, bem como as consequências de seu suprimento inadequado, que podem ser constatadas por meio de sintomas. Os elementos absorvidos pelas plantas podem ser nutrientes, benéficos ou tóxicos, sem muita restrição, e aqueles menos disponíveis são utilizados com maior eficiência por elas.

Apesar de importantes para suprir a demanda de produtos florestais, as plantações com espécies de rápido crescimento trazem consequências a longo prazo, uma vez que, apesar de existir uma elevada produção de massa vegetal, também ocorre grande exportação de nutrientes no ato da colheita, quebrando o ciclo e contribuindo para redução da fertilidade do solo.

Assim, é preciso conhecer a quantidade de nutrientes presentes no sistema e o quanto é perdido durante o corte das árvores, definindo a eventual necessidade de complementação com fertilizantes e as práticas mais adequadas de manejo.

Ciclo nutricional

A ciclagem dos nutrientes é importante para manutenção dos minerais essenciais, responsáveis pelo crescimento e estabelecimento dos vegetais e, no geral, é obtida por meio da solução do solo, sendo que as plantas podem influenciar diretamente a disponibilidade de nutrientes no entorno da superfície da raiz.

Após a absorção, as plantas convertem elementos inorgânicos em orgânicos, que são incorporados a sua biomassa, ponto de entrada na cadeia alimentar. Tal processo pode influenciar diretamente a nutrição dos herbívoros.

Quando a exportação de nutrientes é elevada, ressalta-se a necessidade de uma complementação nutricional. No entanto, as plantas cultivadas não utilizam todo fertilizante aplicado, sendo que boa parte é drenado, fixado ao solo ou evaporado, o que contribui com a poluição dos lençóis freáticos, redução da qualidade dos cursos d’água e contaminação do ar.

Assim, é preciso preservar a circulação natural dos elementos e aumentar a eficiência de absorção e utilização destes. Além disso, as atividades agropecuárias geram resíduos que podem causar poluição ambiental, caso não sejam devidamente tratados ou descartados.

Tais resíduos possuem elevados teores de carbono e elementos químicos essenciais, que podem contribuir com o incremento da produção e melhorar a relação custo-benefício. Porém, é preciso conhecer a constituição desses compostos para que não se tornem, entre outros problemas, poluidores e/ou portadores de patógenos ou doenças.

De volta ao solo

O resíduo orgânico e mineral contribui com o retorno de nutrientes, além de melhorar a estrutura física, química e biológica do solo. Estes benefícios podem ser utilizados na produção de espécies de ciclo curto ou longo, buscando uma produção ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente justa.

Estudos mostram que o uso de adubos aumenta significativamente a produtividade e a qualidade dos vegetais, reduzindo a pressão no ambiente e contribuindo com o estoque de carbono.

Adubos e produtos que alterem as características do solo, por meio de liberação lenta, possibilitam a redução da perda por lixiviação e evaporação, com liberação gradual e contínua dos nutrientes.

Os adubos elevam a matéria orgânica do solo, melhorando suas propriedades químicas e físicas, bem como as funções biológicas, o que favorece o crescimento das raízes e absorção de nutrientes das camadas mais profundas, sem contar a contribuição com o sequestro de carbono e benefícios econômicos com a redução da necessidade de fertilização química.

Resíduos orgânicos carbonizados também são indicados para melhorar a qualidade do solo, além de conter alto teor de carbono, a depender da matéria-prima e condições de queima. Isso faz com que haja interação com o solo e contribua positivamente com a produção agrícola, colaborando com o crescimento vegetal, sendo recomendada sua utilização em conjunto com outras fontes orgânicas.

Possíveis adubos alternativos

Ü Resíduos de tanques de piscicultura: a atividade hidrelétrica, em função da construção de barragens, atinge diretamente as populações ribeirinhas, que dependem sobretudo da pesca para manutenção do seu sustento. Assim, atividades como a produção de peixes em tanques escavados surgem como alternativa de manutenção da economia local, gerando alimento, emprego e renda para população.

No entanto, a piscicultura aparece como uma atividade geradora de um grande volume de material orgânico e resíduos de ração, proveniente da deposição de restos de alimentos e fezes dos peixes, que precisam ser recolhidos com frequência, sendo necessário o esvaziamento dos tanques no fim do ciclo de cada cultivo.

Esses resíduos precipitam, permanecendo no fundo dos tanques, constituindo um material rico em nutrientes que pode contribuir com a fertilização de áreas de cultivo ou funcionar como condicionadores de solos.

O reaproveitamento dos resíduos apresenta baixo custo de produção, quando originados de cultura local. Resíduos orgânicos gerados em atividades agropecuárias, manejados e/ou descartados de forma inadequada, contribuem com a poluição ambiental, sendo indicadas medidas de mitigação, reutilização ou destinação apropriada do material.

Assim, quando manejados, os resíduos gerados na produção de peixes podem ser reaproveitados na agricultura, reduzindo o impacto do descarte inadequado, contribuindo para fertilidade dos solos, minimizando os impactos ambientais causados por fertilizantes químicos e reduzindo custos de produção para o produtor.

Ü Sedimento de reservatório artificial: por ser um País com uma quantidade de rios abundante, o Brasil é hoje um dos maiores construtores de barragens e o segundo maior produtor de energia hidrelétrica no mundo. O transporte de sedimentos por vias fluviais contribui com a maior parte dos materiais aportados nos oceanos e a intensidade de transferência varia de acordo com fatores ambientais e, atualmente, com as modificações antrópicas praticadas sobre os recursos naturais.

Os rios carregam em seu curso grande quantidade de resíduos orgânicos e elementos essenciais na forma orgânica, no entanto, a construção de barragens interfere não só na quantidade de peixes disponíveis, mas no fluxo natural desses elementos, que acabam ficando retidos, gerando com grande quantidade de sedimentos depositados.

Uma alternativa para o uso de tais sedimentos é o emprego destes na adubação, devido ao alto teor de matéria orgânica presente no material. No entanto, é preciso conhecer as características do sedimento para evitar a contaminação por materiais tóxicos, como por exemplo, os metais pesados.

A retirada do material, pelo pequeno produtor, pode ser facilitada com a baixa do nível da água, caracterizando um material rico em nutrientes e com custo reduzido. Além de fonte nutritiva, os sedimentos de reservatórios artificiais são estoques importantes para o carbono orgânico, sendo fatores como variações severas no nível da água determinantes para a taxa de acúmulo de CO2.

Outras fontes de adubação alternativa

Outra forma de enriquecer o solo de maneira natural é a adubação verde, em que espécies leguminosas com capacidade de fixação de nitrogênio em processo de convivência com benefícios múltiplos com bactérias específicas elevem o teor de nitrogênio no solo, descartando a necessidade de fertilização química.

Outros materiais que podem ser utilizados são: húmus de minhoca, rochas fosfatadas, casca de banana, casca de ovo, algas marinhas, serragem, talo de cenoura, entre outros. Existe uma grande variedade de adubos alternativos que podem ser incorporados às áreas de cultivo, sejam elas agrícolas ou florestais, muitas vezes provenientes de materiais que normalmente seriam descartados e/ou não utilizados.

A adição destes adubos proporciona a reposição de nutrientes que podem ter sido perdidos em atividades como a colheita, garantindo o equilíbrio do sítio e favorecendo que os produtos oriundos desses empreendimentos sejam sustentáveis.

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