A adubação nitrogenada na cultura do milho está diretamente ligada à alta produtividade. É hoje uma das principais práticas que tem demonstrado resultados significativos nas pesquisas. Isso porque, geralmente, os solos com anos de agricultura possuem baixo teor de matéria orgânica e, portanto, não são suficientes para suprir as necessidades do grão e por isso precisam de suplementação. A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) tem buscado obter essas respostas com experimentos ao longo dos anos, tendo em vista que conhecimento é a melhor ferramenta disponível para obter sucesso nesta prática.
Para contextualizar, na safra 2020/21 houve atraso na semeadura da soja em função da irregularidade nas chuvas. Consequentemente, o plantio das culturas de segunda safra foi postergado, como é o caso do milho. Além disso, o engenheiro agrônomo e pesquisador de Solos e Sistemas de Produção, Felipe Bertol, pontua que o produtor encontrou dificuldade na aquisição de sementes de milho no mercado para áreas de algodão que, por janela, viraram milho. Por outro lado, o preço do grão estava atrativo e o dos fertilizantes nem tanto. Nesse cenário, é possível que o agricultor se pergunte qual será o investimento a ser feito em adubação nitrogenada e se vale a pena esse investimento.
O primeiro ponto a ser levado em consideração é que existe um conjunto de fatores importantes para a operação, principalmente porque o Nitrogênio (N) é um dos elementos mais complexos a se manejar. “É preciso observar a fonte de onde se obterá o elemento, os seus prós e contras. A data de semeadura do milho e consequentemente com essa data, observar também o potencial produtivo daquela área”, pontua Bertol.
Por exemplo, se semeado na abertura da janela de milho segunda safra, quando há mais água disponível pelas chuvas, maior será seu potencial. Se o plantio foi realizado mais para o fim da janela, menor disponibilidade de água, então, consequentemente, menor é o potencial. Outro aspecto a ser levado em conta é a escolha do material genético e sua relação de resposta à adubação nitrogenada.
Na prática
Quando tratamos da prática de adubação e fertilização no milho safrinha em ambientes argilosos, o pesquisador diz que é necessário prestar atenção para: a fonte, o momento da aplicação e na dose. “Então pela lógica, se eu tenho um material genético mais responsivo ao Nitrogênio, com maior teto produtivo e a semeadura realizada mais cedo, maior será a resposta da adubação em produtividade”, detalha. Já quando este mesmo material genético é semeado mais tarde, automaticamente a resposta é menor, já que o insumo mais importante para a segunda safra é a água, que estará em menor quantidade. O detalhe é que por serem híbridos mais sensíveis, geralmente, as perdas por serem híbridos simples são maiores do que nos considerados mais rústicos, que são mais resistentes (geralmente híbridos duplos).
Ele ressalta que os híbridos mais rústicos, ainda assim, mesmo semeados em janela preferencial e com mais resistência, não conseguem competir com os mais sensíveis devido ao seu menor potencial produtivo por natureza.
Dose e fonte certa
A adubação nitrogenada é realizada em doses e é outro fator a ser levado em conta. “Se o produtor utilizar doses em áreas em que não se tem boas condições climáticas de produzir mais, ele está perdendo dinheiro”, esclarece Bertol. Falando da fonte do N, ele pondera que ao elencar prós e contras de cada uma, é possível saber como utilizá-las a seu favor. “Se for o caso de uma fonte de inibidor de urease (NBPT), com menor volatilização da ureia, eu tenho que encaixá-lo no melhor momento para que ele expresse esse recurso, geralmente no pico operacional e com maior volume de chuvas. Já que essas tecnologias têm custo mais elevado”, finaliza.