28.3 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosAgricultura 4.0 - Tecnologia digital ao alcance do agricultor

Agricultura 4.0 – Tecnologia digital ao alcance do agricultor

Silvia Massruhá

Chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A Agricultura 4.0 (Agro 4.0), também chamada de agricultura digital, é uma era na qual a produção estará cada vez mais baseada em tecnologia de ponta, conteúdo digital e conectividade.

Essa definição é uma referência à Indústria 4.0, inovação que teve início na indústria automobilística alemã e que agora conquista fábricas de diversos segmentos devido à completa automatização proporcionada aos processos produtivos.

A Agro 4.0, ou melhor, a agricultura digital e conectada, vem ajudar o produtor rural a elevar os índices de produtividade, de eficiência no uso de insumos, de redução de custos com mão de obra, e ainda melhorar a qualidade do trabalho e a segurança dos trabalhadores, além de diminuir os impactos ao meio ambiente por meio de tecnologias de ponta.

Silvia Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária - Crédito Lilian Alves
Silvia Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária – Crédito Lilian Alves

Os métodos computacionais de alto desempenho, rede de sensores, comunicação máquina para máquina (M2M), conectividade entre dispositivos móveis, computação em nuvem, métodos e soluções analíticas para processar grandes volumes de dados sistematicamente e em tempo real contribuirão para a construção de sistemas de suporte à tomada de decisões de planejamento e manejo, beneficiando tanto a parte de gestão como agronômica da propriedade rural.

Ainda que a Agricultura 4.0 seja um desafio, ela precisa acontecer. Confira as características do mercado que vão forçar essa mudança.

Os drones são a aposta da Agricultura 4.0 - Crédito Shutterstock
Os drones são a aposta da Agricultura 4.0 – Crédito Shutterstock

ü O perfil do agricultor mudou nos últimos dez anos;

ü Quem comanda as fazendas hoje, devido à sucessão familiar, é mais ávido e quer velocidade para fazer acontecer;

ü Inconformados trouxeram ideias de aplicativos do setor bancário para o agronegócio;

ü Produtores querem conteúdo e conectividade;

ü Eles entenderam que há uma forma nova de fazer as coisas;

ü Querem economia de recurso. Fazer mais com menos.

ü Há necessidade de aumentar a produção agrícola sem ampliar a área plantada;

ü Estima-se a presença de 50 bilhões de dispositivos móveis conectados à internet em 2020.

Foto 05a - colocar de fundo e a 5b recortada sobre a lavoura - As novas tecnologias chegaram para trazer mais profissional
As novas tecnologias chegaram para trazer mais profissionalização

Inúmeras possibilidades

Em nossa visão, a Agricultura 4.0 é uma possibilidade para todos os produtores. Os grandes agricultores já estão mais inseridos neste contexto, enquanto entre os pequenos e médios produtores o desafio é maior em relação à infraestrutura física, humana e de comunicação.

Estima-se que 95% do aumento da produção mundial de alimentos daqui em diante terá que vir de ganhos de produtividade e tecnologias que auxiliem o agricultor a fazer mais com menos, de modo mais eficiente, rápido e com menos custos. A agricultura digital será capaz de conectar informações e dados de modo a maximizar os benefícios de todas as outras tecnologias já existentes, e as que estão por vir.

Mais que isso, a próxima evolução da tecnologia da informação, a Internet das Coisas redefine a maneira como interagimos com o mundo físico e viabiliza formas mediadas por computação ” até então impossíveis ” de produzir, fazer negócios, gerenciar infraestrutura pública, prover segurança e organizar a vida das pessoas.

Foto 05bÀfrente do seu tempo

Penso que os produtores que adotam a Agricultura 4.0 saem na frente na busca pela otimização no uso dos recursos naturais e dos insumos, o que fará com que a fazenda do futuro seja massivamente monitorada e automatizada.

Sensores dispersos por toda a propriedade e interligados à internet (Internet das Coisas) gerarão dados em grande volume (Big Data) que necessitarão ser filtrados, armazenados (computação em nuvem) e analisados. A força de trabalho humana não será capaz de gerenciar essa quantidade de dados e necessitará de algoritmos cada vez mais aprimorados, por meio de técnicas de inteligência computacional e computação cognitiva, para auxiliá-los no processo de análise.

Após a análise, o ciclo é fechado por meio de comandos remotos aos tratores e implementos agrícolas que, munidos de GPS, farão intervenções pontuais apenas onde necessário para otimizar custo, produção e impacto ao meio ambiente.

Dentre as vantagens desta agricultura conectada, pode-se destacar que produtores acompanharão remotamente, de casa ou da sede da fazenda, pelo computador, tablet ou smartphone, o desempenho de suas máquinas nas lavouras por telemetria, a transmissão automática de dados via sinal de telefonia celular.

Além disso, com o apoio destas tecnologias o produtor, as cooperativas e o governo podem tomar microdecisões e macrodecisões mais assertivas, e com isso conseguir melhorar a produção agrícola com o uso sustentável dos recursos naturais e insumos, minimizando os custos e triplicando a produtividade no campo.

A agricultura digital será capaz de conectar informações para uma agricultura mais precisa e eficiente - Crédito
A agricultura digital será capaz de conectar informações para uma agricultura mais precisa e eficiente – Crédito

Realidade

Um das barreiras que a Agricultura 4.0 enfrenta é a comunicação, o sinal de celular no campo. Muitas empresas, multinacionais ou startups têm lançado ou testado suas tecnologias nas regiões sul e sudeste, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, onde a cobertura de celular na zona rural está entre regular e boa.

As empresas têm avançado para outros Estados, como Goiás e Mato Grosso, mas a tecnologia esbarra neste problema de conectividade.Além do problema de conexão no campo, um outro entrave para a Agricultura 4.0 é a mão de obra capacitada.

Um grande desafio é a capacitação para os produtores, os técnicos agrícolas, agrônomos e consultores, que terão de trabalhar com essas máquinas inteligentes e sensores no campo, saber analisar os dados gerados e transformá-los em informação e conhecimento para que o produtor possa tomar uma decisão em tempo real.

Essa capacitação é estratégica para o País e tem tido um papel fundamental e político em outros setores da economia; e na agricultura não será diferente.

 

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de junho 2017. Adquira a sua para leitura completa.

ARTIGOS RELACIONADOS

Pré e pós-colheita do café – Etapas essenciais para a qualidade do grão

  Carlos Henrique Cardeal Guiraldeli Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras " UFLA Murilo Ferraz Tosta Doutorando em Engenharia Agrícola - UFLA Giovani Belutti Voltolini Graduando em...

A hora do amendoim: plantio é indicado até novembro

Especialista da Ourofino Agrociência orienta sobre pragas e manejos para tornar realidade as expectativas da nova safra

BASF conscientiza agricultores sobre a importância do uso de EPIs

Mundialmente, o setor agrícola é desafiado a aumentar a produção de alimentos com mais qualidade e segurança. O uso de equipamentos de proteção individual...

Inoculante para fixação biológica de nitrogênio na cana

Nitrospirillum amazonense é uma espécie de bactéria encontrada na natureza que possui a propriedade de fixar nitrogênio do ar. Embora 78% do ar seja composto de nitrogênio, sua composição na forma de N2 é indisponível para as plantas. As bactérias que possuem um complexo enzimático denominado de nitrogenase transformam este N2 gasoso em NH3, por meio de um processo redutor.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!