A forte vocação exportadora do Brasil, que em 2023 somou mais de US$ 165 bilhões e correspondeu a 48,6% do total exportado pelo país no ano inteiro, reforça a relevância do agronegócio brasileiro, sobretudo na matriz alimentar global. Com grande diferencial competitivo proporcionado pelo clima, solo e técnicas de cultivo, há grandes chances do Brasil representar 25% da produção mundial de alimentos até 2035.
Impulsionando o gigantismo do setor, novas perspectivas de crescimento se abrem com desenvolvimento de tecnologias e o fortalecimento da agenda de sustentabilidade, temas que têm atraído cada vez mais investimentos e elevado o protagonismo do agronegócio na economia. O Agro 5.0, que traz evoluções que incorporam avanços em biotecnologia e monitoramento de dados em tempo real (com sensores digitais conectados pela Internet e drones), fortemente impulsionados por análise avançada de dados, elevam a precisão na parametrização da produção e uso de insumos. Não à toa, apostando apenas em Inteligência Artificial (IA) no agronegócio, espera-se um investimento global na ordem de US$ 4,7 bilhões até 2028.
“Estas soluções tecnológicas permitem racionalizar insumos, elevar produtividade, reduzir riscos de pragas e eventos climáticos ou desastres naturais. E vão além do campo, ganhando confiabilidade com rastreamento digital e facilitando operações de financiamento, securitização e trading, como a tokenização de commodities. Este potencial de desenvolvimento está sendo acelerado por meio de mais de 2.000 Agtechs no Brasil, que atuam principalmente em robótica, IA, machine learning, blockchain, nanotecnologia, edição de genes, proteína sintética e agricultura celular”, explica Edson Kawabata, sócio-diretor de novos negócios da Peers Consulting & Technology.
Em paralelo, a agenda de sustentabilidade também vem ganhando corpo em meio à preocupação global com a redução de emissões de gases de efeito estufa. No Brasil, o agronegócio corresponde a 20% e o desmatamento a 50% do total das emissões. Assim, a evolução de práticas em direção a modelos mais sustentáveis ambientalmente se soma à agenda de produtividade.
“Iniciativas voltadas à descarbonização incluem avanços em plantio direto e técnicas de irrigação, recuperação de pastagens degradadas e rotação de culturas em sistemas integrados de aproveitamento do solo. Tais práticas viabilizam uma produção mais eficiente e sustentável, com um potencial de redução de emissões de mais de 10 toneladas de CO2 por ano. Para implementá-las, são estimados investimentos por volta de US$ 75 bilhões em agricultura sustentável até 2030”, completa o sócio diretor da Peers.
O agronegócio representa cerca de 25% do PIB nacional e em 2023 alcançou um superávit de US$ 148,6 bilhões, crescimento de 4,9% em relação a 2022. Com uma safra de grãos próxima a 320 milhões de toneladas ao ano, o país tem alcançado ganhos de produtividade sobre a área cultivada, permitindo até três safras agrícolas por ano numa mesma área, um grande diferencial competitivo. O Brasil também assumiu a liderança na exportação de celulose em 2022, posição que deve se consolidar nos próximos anos, considerando a previsão de investimentos de mais de R$ 60 bilhões em expansão e novas fábricas até 2028.