Alcachofra – Alta rentabilidade e mercado garantido

De alto valor agregado e dona de um sabor inestimável, a alcachofra tem conquistado um mercado disposto a pegar mais por seu valor nutracêutico e propriedades diversas

A alcachofra é cultivada no mundo todo, principalmente na Europa, onde se destacam centros de pesquisa na Itália e na França (PALLA, 2006). De acordo com dados da FAO (2004-2005), a superfície mundial de alcachofra é de 120.962 ha, com a Itália apresentando uma área de 50.033 ha, seguida pela Espanha (18.831 ha) e a França (10.317 ha).

A cultura da alcachofra foi introduzida no Brasil pelos imigrantes europeus, principalmente os italianos, há cerca de cem anos, no início do século XX (DONIDA, 2004).  Segundo Cotrel (2005), São Paulo e Rio de Janeiro são os principais mercados consumidores, sendo o consumo restrito a uma pequena faixa da população de maior poder aquisitivo, por se tratar de um produto de elevado preço em função de seu elevado custo de produção e exigência de mão de obra.

São Paulo,na região fria, onde se localizam as cidades de Piedade, Ibiúna e São Roque são os maiores produtores de alcachofra, com 80% da produção brasileira, sendo a maior parte do consumo in natura. Mas, já existe conserva de alcachofra, que é feita com a base carnosa da flor, conhecida como “fundo de alcachofra“.

Rio de Janeiro, na sua região serrana, onde se localizam as cidades de Petrópolis e Teresópolis, também têm se destacado na produção da hortaliça.

Valor nutricional

Arnaldo Prado Leite Junior, engenheiro agrônomo, assistente agropecuário e chefe da Casa da Agricultura de Ibiúna (SP), explica que a alcachofra possui alto teor de fibras alimentares que favorecem movimentos peristálticos, consequente eliminação das fezes e a torna um redutor de riscos do desenvolvimento câncer de cólon e intestino.

Assim, a planta é bastante procurada por seus efeitos emagrecedores combinados: sensação de saciedade, aumento da eliminação de fezes e metabolização da gordura.

Sua ação diurética deve-se à alta concentração de potássio que suas folhas possuem, íon responsável pelo equilíbrio eletrolítico do organismo, auxiliando na eliminação do excesso de água. Evita afecções urinárias também ao estimular o epitélio renal, devido à inulina e outros ácidos.

Outros princípios ativos são componentes flavônicos glicosídeos (cinarosídeo), que possuem atividade antioxidante, cinarina (que possui atividade hipoglicemiante, ao reduzir níveis de açúcar do sangue), pró-vitamina A (precursora da vitamina A, responsável por combater os radicais livres, e favorecer a visão noturna), e coenzimas como NADP-NADPH₂, que estão relacionadas com o controle da lipólise e a “quebra de gordura“ do organismo.

Uma alcachofra média fornece 20% da vitamina C necessária para o dia. Com apenas 60 calorias, é também uma boa fonte de potássio e magnésio, minerais importantes para um coração saudável.

Características

A alcachofra é a única hortaliça pertencente à família Asteraceae. A espécie botânica é Cynarascolymus, uma planta herbácea perene, sendo que seu ciclo cultural renova-se anualmente.

A parte aérea é constituída por um tufo de folhas longas, com 100 cm de comprimento, tendo o limbo profundamente recortado, com pecíolos largos e carnosos. Atinge 120 cm de altura e a sua projeção sobre o solo abrange um círculo de 200 cm de diâmetro. Seu sistema radicular é de média profundidade, fasciculado, e na planta adulta é propagada vegetativamente.

Arnaldo Prado Junior informa que a parte comestível é constituída pelas inflorescências imaturas, chamadas “botões“, formadas por numerosas brácteas imbricadas, com base carnosa, que se inserem em um receptáculo achatado, também carnoso. A porção comestível, propriamente dita, consiste nas bases tenras das brácteas, e no receptáculo.

 

Condições para o plantio

A cultura se desenvolve em clima frio, porém, não suporta temperaturas muito baixas e geadas, necessita de diferença significativa entre as temperaturas de inverno e verão, sendo a de inverno não inferior a 5ºC e a de verão não superior a 30ºC.

Em São Paulo, a cultura se concentra em localidades acima de 800 metros. “É possível que as características climáticas da alcachofra tenham impedido uma maior disseminação de seu cultivo. Prefere solos argilo-arenosos, com boa permeabilidade, sem problemas de drenagem e não suporta solos encharcados de má drenagem“, detalha o agrônomo da Casa da Agricultura de Ibiúna.

O pH do solo deve estar entre 5,7 a 6,8, sendo a alcachofra também exigente em cálcio e magnésio. Além da utilização de adubação mineral, é necessário a matéria orgânica, assim como micronutrientes,principalmente o boro, por se tratar de uma cultura perene.

 

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Hortifrúti, edição de fevereiro 2017. Adquira a sua para leitura completa.