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Alerta para a mancha-alvo do algodoeiro

Luiz Gonzaga Chitarra

Nelson Dias Suassuna

Fabiano Perina

Pesquisadores da Embrapa Algodão

Augusto Goulart

Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste

 

 Crédito Augusto Goulart
Crédito Augusto Goulart

Os sintomas iniciais da mancha-alvo (Corynesporacassiicola) no algodoeiro ocorrem principalmente no período de fechamento das entrelinhas, apresentando pequenos pontos circulares de coloração arroxeada nas folhas. Com a evolução da doença, esses pontos tornam-se manchas de formato arredondado ou irregular, com bordas marrom escuro e centro marrom claro, variando em tamanho de 2 a 20 mm.

As lesões, quando completamente desenvolvidas, podem apresentar anéis concêntricos e serem circundadas por halos cloróticos. Quando a infecção é severa, as folhas caem prematuramente. A rápida desfolha é causada pela aceleração da senescência, o que torna a folha amarelada em poucos dias. As lesões também podem ocorrer em brácteas e em maçãs novas.

 

O ataque

As condições ambientais ideais para o desenvolvimento de C. cassiicola são temperaturas abaixo de 30ºC e períodos prolongados de alta umidade. Como o desenvolvimento e a disseminação da mancha-alvo são dependentes de alta umidade (longos períodos de molhamento foliar), a doença progride mais rapidamente após o fechamento do dossel, causando desfolha.

Locais onde ocorre a combinação de fatores que favorecem maior umidade no dossel, como cultivares de crescimento mais vigoroso, população de plantas elevadas ou falhas no manejo de regulador de crescimento, aliado a fatores ambientais, como dias nublados e períodos ininterruptos de chuva, são mais propensos à ocorrência da mancha-alvo.

Disseminação do patógeno

O vento é a principal via de disseminação do patógeno a curtas distâncias e não há informações ainda sobre a disseminação por meio de sementes de algodoeiro. O fungo, por ser cosmopolita e necrotrófico, pode sobreviver em plantas hospedeiras e colonizar restos culturais de diversas espécies vegetais.

Reação das plantas

Até o momento, todas as cultivares comerciais de algodoeiro testadas mostraram suscetibilidade a Corynesporacassiicola, porém, existe um relato de resistência identificada na fase de plântula no genótipo PR 02-77. Portanto, é importante que materiais de algodoeiro presentes em bancos de germoplasma sejam testados para verificar a resistência genética desses materiais a esse patógeno.

 

A escolha da cultivar com menor crescimento vegetativo é uma das alternativas contra mancha-alvo - Crédito Saulo Alves
A escolha da cultivar com menor crescimento vegetativo é uma das alternativas contra mancha-alvo – Crédito Saulo Alves07

Prevenção

A incidência e severidade da doença estão atreladas principalmente às condições climáticas e ao manejo da cultura. O período prolongado de molhamento foliar favorece o ataque do patógeno, portanto, é importante que sejam adotadas práticas culturais que possam retardar, minimizar e/ou impedir o desenvolvimento do patógeno na lavoura.

Dentre essas práticas destacam-se a escolha da cultivar com menor crescimento vegetativo, densidades de semeadura mais baixas para que se tenha melhor aeração no interior do dossel das plantas, manejo adequado do regulador de crescimento e a rotação com gramíneas para a redução do inóculo em áreas com histórico da doença, principalmente naquelas onde se pratica o cultivo sucessivo de soja/algodão, pois o patógeno é comum para as duas culturas.

Medidas curativas

A mancha alvo do algodoeiro, causada pelo fungo Corynesporacassiicola, não está registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como doença do algodoeiro. Não se sabe se existem no Brasil isolados do patógeno naturalmente resistentes aos diversos fungicidas usados em soja, algodão e milho, como já demonstrado para benzimidazois, estrobilurinas e carboxamidas em outros países.

Todavia, isolados de Corynesporacassiicola provenientes da cultura da soja testados in vitro foram insensíveis ao grupo dos benzimidazois (carbendazim e tiofanato-metílico), tiveram sensibilidade intermediária a triazois (ciproconazole e protioconazole) e, na maioria das vezes, foram sensíveis aos SDHI (succinatedehydrogenaseinhibitors) boscalide, fluopiram e fluxapiroxade (TERAMOTO et al., 2013). Vale salientar que não existem fungicidas registrados no MAPA para o controle da doença no algodoeiro.

Dicas importantes

Caso ocorram perdas econômicas causadas pelo ataque severo do patógeno nas áreas onde se pratica o cultivo sucessivo das culturas soja/algodão, o produtor deve adotar as medidas curativas e/ou preventivas.

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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