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Algas são essenciais na florada algodoeira

O papel crucial das algas na florada algodoeira se revela como uma parceria natural, enriquecendo o solo e promovendo condições ideais para uma produção de algodão saudável e sustentável.

 Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora e professora de Bioquímica, Nutrição de Plantas e Produção Orgânica – UniPinhal
nilva@unipinhal.edu.br

A cotonicultura vem se destacando no agronegócio brasileiro. Na safra 2022/23, nosso país se colocou como o quarto produtor mundial de fibras do algodão, logo após China, Índia e Estados Unidos.

Foto:  Shutterstock

Entretanto, no ciclo 2023/24, estimativas americanas indicam que o Brasil superará os Estados Unidos, posicionando-se como o terceiro produtor no mundo. Trata-se, assim, de exploração agrícola, em que o uso de tecnologia é interessante.

Critérios para um cultivo bem-sucedido

Para conseguir êxito na exploração do algodão, o preparo do solo, a escolha de cultivares adequados, o controle de pragas, doenças e de invasoras e a correção da fertilidade do solo são fundamentais.

Entretanto, a nutrição das plantas é um aspecto central: plantas equilibradamente nutridas são mais produtivas e mais resistentes aos fatores bióticos e abióticos.

Há etapas no ciclo do algodoeiro fundamentais para obter produtividade com qualidade. Entre tais fases se destacam a floração, pegamento e formação das maçãs, momentos de alta exigência nutricional.

A temperatura é um fator importante no florescimento, pegamento e desenvolvimento das maçãs. Temperaturas noturnas maiores que 25ºC, e temperaturas maiores que 20ºC combinadas com temperatura diária de 25ºC, estimulam o florescimento.

O estresse hídrico pode prejudicar no rendimento, qualidade do produto e promover a queda de botões florais e maçãs jovens. Já seca nesta fase faz com que a planta estacione o seu crescimento. A escassez de água reduz a divisão e crescimento celular, além do desenvolvimento das estruturas vegetativas e reprodutivas das plantas.

Um estímulo ao florescimento

Além da nutrição adequada, da temperatura e da disponibilidade de água, os fitohormônios, principalmente o ácido giberélico, influenciam o florescimento, seu pegamento e a formação das maçãs.

Quando os fatores abióticos são adversos para ao florescimento e formação do produto do algodoeiro (suas maçãs e capulhos), um dos recursos é incluir no cultivo produtos compostos de aminoácidos e algas marinhas. Para entender à ação de tais insumos, é necessário lembrar o que são eles e como agem nas plantas.

As plantas produzem os aminoácidos pela reação entre o nitrogênio absorvido e derivados da fotossíntese. São os constituintes básicos das proteínas, que são fundamentais para a vida dos vegetais: atuam na formação de tecidos e como enzimas.

Participam da formação da clorofila (fundamentais no processo da fotossíntese) e de nucleotídeos (que são formadores dos ácidos nucleicos e da Adenosina Trifosfato – ATP), entre outros papéis importantes.

Os aminoácidos têm com a principal função, constituírem as proteínas. Porém, atuam como precursores de inúmeras substâncias reguladoras do metabolismo vegetal, além de funcionarem como ativadores de metabolismos fisiológicos.

A Tabela 1 mostra algumas funções dos aminoácidos na vida vegetal:

Tabela 1 – Funções dos aminoácidos nas plantas:

Ácido aspárticoFonte abundante de nitrogênio e responsável pela translocação do nitrogênio pelo floema.
Ácido glutâmicoÉ sintetizado pela incorporação da amônia em compostos orgânicos, dando origem a vários aminoácidos. É a principal via de entrada de N mineral nos compostos orgânicos nas plantas.
AlaninaParticipa da formação e germinação do grão de pólen.
ArgininaInflui na fotossíntese e participa do crescimento e transporte dos nutrientes para flores, frutos e sementes.
Fenilalanina e tirosinaResponsável pelos processos de senescência e dormência.
GlicinaImportante na fotossíntese, fazendo parte do processo de síntese de clorofila.
HistidinaRegulador da concentração do ácido aspártico.
LisinaAtivadora da clorofila e retardadora da senescência.
ProlinaReserva de nitrogênio facilmente assimilável e utilizada pela planta como defesa contra o déficit hídrico e o estresse térmico.
ValinaAtua na regulação do crescimento e maturação dos frutos.
TriptofanoPrecursor da síntese do Ácido Indolil Acético (AIA), hormônio de crescimento.
CisteínaPresente na assimilação do enxofre, precursor da lignina.
SerinaPrecursor do triptofano.
MetioninaPresente na assimilação do enxofre e precursor do hormônio etileno.
Fonte: TEIXEIRA, N. T. Estratégias que potencializam a produção cafeeira. Anuário do café, Uberlândia: Campo & Negócios, p. 48-63, 2015.

Assim, os aminoácidos, além de formarem as proteínas, apresentam funções específicas, e o uso endógeno de tais substâncias pode promover vegetais mais resistentes aos vários fatores bióticos e abióticos.

Modo de aplicação

A aplicação pode ser via sementes ou foliar, ou mesmo diretamente no solo, quando são rapidamente aproveitados pelas plantas.

A aplicação endógena de aminoácidos é uma forma de estimular o crescimento das plantas e aumentar a produtividade, uma vez que funciona como uma forma delas economizarem energia na realização de diversos processos metabólicos ao longo do seu ciclo.

As algas marinhas apresentam rica composição e, atualmente, estão disponíveis no mercado para uso agrícola formulados contendo extratos de diversas espécies, como Ascophyllum nodosum, Laminaria spp., Ecklonia máxima, Sargassum spp., Lithothamnium calcareum, Durvillaea spp., entre outras.

São fontes naturais de macro e micronutrientes, citocininas, auxinas e ácido abscísico, substâncias que afetam o metabolismo celular das plantas e possibilitam melhoria de desenvolvimento e produtividade.

As algas ainda contam, em sua composição, com a glicoproteína e o alginato, que têm extraordinária capacidade de armazenar água.

Pesquisas

Observações de literatura indicam benefícios com o uso das algas marinhas no desenvolvimento e no rendimento das colheitas de campo. Auxiliam as plantas a se adaptarem às condições de estresse hídrico e térmico e influenciam positivamente o metabolismo vegetal, beneficiando a respiração e a fotossíntese.

Os principais benefícios da aplicação são: melhor desenvolvimento vegetativo, principalmente de raízes, maior tolerância a estresses abióticos (como seca e salinidade) e bióticos, e estímulo à multiplicação de microrganismos benéficos.

 Devido aos benefícios que as algas marinhas e aminoácidos podem proporcionar, o uso associado pode propiciar ganhos de produtividade aos cultivos e qualidade dos produtos, além de melhorar a resistência aos problemas bióticos e abióticos.

Para o algodão

Especificamente no algodoeiro, a inclusão de formulados contendo aminoácidos e algas marinhas pode proporcionar muitos benefícios.

As etapas da floração, pegamento e formação de maçãs são de expressiva exigência de água e de nutrientes, o que pode originar situações de estresse aos vegetais. São fases de intensa divisão celular, o que faz com que, além dos nutrientes, fitohormônios como giberelinas e ácido indol acético sejam liberados e utilizados.

Os fitohormônios influenciam a formação das maçãs

Assim, a introdução de aminoácidos e algas marinhas pode significar auxílio importante para o êxito em tais fases, muito importantes na produtividade final. De acordo com o exposto, são importantes os aminoácidos como a alanina, que participa da formação e germinação do grão de pólen, a prolina, que induz a planta à defesa contra o déficit hídrico e o estresse térmico e o triptofano, precursor da síntese do ácido indol acético (AIA), hormônio de crescimento, entre outros.

Condições adversas de temperatura, nebulosidade e excesso ou falta de água podem prejudicar as etapas vegetativas e reprodutivas do algodoeiro. Para minimizar tais prejuízos, o uso dos aminoácidos pode auxiliar, estimulando o metabolismo das plantas e facilitando a resposta do algodoeiro.

Reflexos diretos

O uso endógeno dos aminoácidos diminui os gastos de energia das plantas, suprimindo o necessário para a síntese natural, propiciando maior quantidade de energia para outras funções, como absorção de água e de nutrientes, proporcionando melhores condições de desenvolvimento e produtividade.

As fases de florescimento, pegamento e formação das maçãs no algodoeiro, devido à maior exigência de nutrientes e de água, são estressantes e as plantas tendem a diminuir a síntese endógena de aminoácidos, e consequentemente a de proteínas e de outros produtos orgânicos fundamentais, ocasiões em que a aplicação exógena de deles pode representar reforço importante.

Nas etapas fisiológicas em questão, a multiplicação celular e o alongamento das novas células são processos intensos, necessitando, para tal, de nutrientes e de fitohormônios como giberelina e o ácido indol acético.

Então, a introdução das algas marinhas, como são ricas em nutrientes e compostas dos hormônios citados, podem auxiliar muito em tais momentos. Importante lembrar que a inclusão de tais insumos demandam recomendação técnica.

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