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Algas calcárias e sua atuação como corretivo de solo

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

 

Crédito DuPont Pioneer
Crédito DuPont Pioneer

Entre as inúmeras espécies de algas marinhas estão as denominadas algas calcárias (como as do gênero Jania e Lithothamnion), que apresentam elevados teores de cálcio na sua estrutura. Tais organismos contêm verdadeiro depósito de carbonato de cálcio em suas paredes celulares, o que lhes confere um aspecto rígido.

Estas algas e os corais são os principais responsáveis pela construção de recifes naturais. Juntos, formam as maiores construções vivas do planeta, fornecendo habitat para uma diversidade de seres marinhos.

A alga calcária Lithothamniun absorve tanto cálcio quanto magnésio, formando carbonatos (calcário) que a sufocam e a matam, e a seguir se fossilizam. O calcário acaba depositado em forma granulada, formando verdadeiras jazidas com valor econômico, mas, ao mesmo tempo, importantes para a sustentação de vários organismos, além de auxiliar na fixação do carbono e ajudando a reduzir emissões de gases de efeito estufa. Então, a exploração deve ser cuidadosa.

Exploração

Os depósitos de algas calcárias têm sido explorados por centenas de anos na Europa. Estudos sobre a viabilidade do uso sustentável deste recurso surgiram ao longo das últimas décadas. As algas calcárias têm múltiplo uso, tais quais: podem ser empregadas como filtro biológico, no mar ou em aquário, como fertilizantes ou corretivos da acidez dos solos na agricultura, como suplemento de cálcio na alimentação humana e animal, por exemplo.

As costas francesa, inglesa e irlandesa são importantes depósitos das referidas algas. Entretanto, o Brasil já é considerado detentor do maior depósito de algas calcárias do planeta. Sabe-se que bancos de algas calcárias ocorrem em praticamente toda a costa brasileira: do Maranhão até o Sul do Rio de Janeiro. São encontrados, ainda, no litoral catarinense.

Na exploração comercial o produto é retirado do fundo do mar, do sedimento marinho, seco ao ar livre e triturado, peneirado e, assim, comercializado. Entretanto, outra possibilidade é promover, após a moagem, nova secagem a quente e pulverização a frio. Devido à porosidade do material e às pequenas dimensões das suas partículas, o produto apresenta uma atividade muito intensa no solo, principalmente pela elevada superfície específica do material.

Destaque

Entre as algas marinhas calcárias, a Lithothamnium calcareum de destaca. Pode apresentar 46% de CaO, 4,2% de MgO, reatividade de 99%, PRNT de 92,6% e rápida ação na liberação do cálcio e magnésio, na correção da acidez e no condicionamento do solo.

Ainda, tais organismos são ricos em outros nutrientes de plantas e de bioestimulantes naturais. Levam consigo também uma rica fauna marinha que muito vai contribuir para a vida microbiológica do solo, agindo, inclusive, na decomposição da matéria orgânica.

Ao analisar o efeito corretor de acidez do solo, em comparação com o calcário tradicional, as vantagens obtidas pelas algas são evidentes: além do efeito corretivo, disponibilizam rapidamente cálcio e magnésio às plantas, contribuem fornecendo outros nutrientes, como já se referiu, o material é portador de bioestimulantes naturais, promove maior absorção e aproveitamento dos nutrientes, favorecendo, assim, o desenvolvimento das plantas e a produção.

A soja tem apresentado resultados positivos com a aplicação das algas - Crédito Luize Hess
A soja tem apresentado resultados positivos com a aplicação das algas – Crédito Luize Hess

Algumas citações na literatura comprovam tais observações. Assim, a aplicação conjunta com vinhaça em cultivos de cana-de-açúcar melhoram a ação da vinhaça como condicionador do solo, na liberação de seus nutrientes às plantas e do pH do solo.

Ainda, propicia a incorporação de micronutrientes e aumento dos teores de Ca (224%), Mg (40%) e Fe (88%) na mistura no resíduo industrial em questão. E o principal: ocorreram acréscimos de mais de 50% na produção de açúcar e álcool. Ao ser aplicado na lavoura misturado à vinhaça, as algas marinhas calcárias mostram efeito remineralizador e condicionador do solo.

Observações da literatura evidenciam que a adição de algas calcárias proporcionam aumentos de produção de açúcar em frutas, como laranja, goiaba, maracujá, entre outras, e no desenvolvimento radicular de mudas de citros. Ainda, resultados experimentais evidenciam que com a inclusão de tais produtos no programa nutricional de milho, soja, tomate e outras espécies vegetais proporcionaram aumentos de produtividade entre 20 a 35%.

Comparativo

Estudos comparando os efeitos de calcário de rocha convencional e dois calcários marinhos (de procedência francesa e provenientes de Lithothamnium calcareum) como corretivos da acidez do solo para o cultivo de milho demonstraram tecnicamente que os produtos de origem marinha são viáveis, quando aplicados em doses comparáveis ao tradicional. Entretanto, os custos de sua extração e preparo podem indicar o uso como corretivo apenas em regiões próximas do litoral.

Porém, o uso como fertilizante é a melhor opção de emprego, pois as algas calcárias compõem-se de macro e micronutrientes como o cálcio, magnésio, enxofre, ferro, molibdênio, boro, cloro, manganês, cobre, cobalto e zinco. É, ainda, fonte de silício, que é um elemento benéfico que reforça a estrutura da planta, tornando-a mais resistente às pragas e doenças, ao acamamento e à falta de água, por exemplo.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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