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Algas controlam patógenos de solo

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

As plantas possuem mecanismos próprios de defesa em resposta ao ataque de patógenos, incluindo-se metabólitos primários e secundários. A ativação dos mecanismos de defesa dos vegetais é uma resposta ao reconhecimento da presença, nos mesmos, dos agentes patogênicos, identificados por compostos liberados pelo organismo invasor.

Tais compostos, produtos do metabolismo do patógeno, são chamados de elicitores bióticos e desencadeiam modificações no metabolismo celular vegetal (a elicitação), formando, assim, uma rede de mecanismos de defesa da planta ao ataque do patógeno. Como exemplo disso pode-se mencionar o aumento da síntese de compostos denominados de fitoalexinas. Tal rede tenta barrar a penetração do invasor e sua multiplicação.

Algas como nutrientes

As algas marinhas são empregadas como fertilizantes desde o século XIV, particularmente nos campos agrícolas próximos do mar em Portugal. A regulamentação sobre colheita comercial das macroalgas para fertilizantes foi regulamentada, pela primeira vez no referido país em 1309.

As macroalgas são encontradas em uma grande diversidade de espécies no extenso litoral brasileiro. Apesar do grande potencial, este recurso natural é pouco utilizado entre nós, na nossa agricultura, apresentando tendências de grande aumento.

 Por outro lado, em países da Europa e nos Estados Unidos, produtos à base de algas vêm sendo comercializados há várias décadas como bioestimulantes de plantas, fertilizantes e condicionantes de solo.

Algas contra patógenos

A exploração destes organismos, e/ou dos seus metabólitos na proteção de plantas contra doenças de plantas, é recente. Porém, os produtos químicos convencionais encarecem o custo de produção das lavouras e podem causar problemas ao meio ambiente (preocupação cada vez mais presente da população), o que tem provocado aumento no interesse dos estudos para emprego das algas na nutrição das plantas e para solucionar problemas fitossanitários.

Em diversos estudos a atividade antimicrobiana tem sido frequentemente relatada, principalmente nas algas vermelhas e marrons. Extrato da alga Cystoseira tamariscifolia apresenta forte atividade contra os fungos Fusarium oxysporum e Verticillium albo-atrum, e contra a fitobactéria Agrobacterium tumefaciens.

Extratos obtidos da espécie Laurencia obtusa inibem in vitro diversos fungos fitopatogênicos, entre eles, Ustilago violacea e F. oxysporum. Além da atividade direta contra microrganismos, alguns estudos confirmam a indução de resistência das plantas a doenças devido à aplicação de extratos de algas marinhas.

A resistência induzida envolve a ativação do sistema de autodefesa da planta, mecanismos latentes de resistência, que pode ser obtida pelo tratamento com agentes elicitores bióticos, como microrganismos viáveis ou inativados, ou por agentes elicitores abióticos.

Os elicitores

A aplicação de algas diminui o número de formas juvenis de ovos de Meloidogyne javanica e M. incognita em tomateiro - Crédito Shutterstock
A aplicação de algas diminui o número de formas juvenis de ovos de Meloidogyne javanica e M. incognita em tomateiro – Crédito Shutterstock

Elicitores são moléculas de origem biótica ou abiótica capazes de estimular qualquer resposta de defesa nas plantas. Extratos de algas têm mostrado certa eficiência na ativação da resistência de plantas a patógenos.

Algas marrons têm mostrado eficiência no controle de doenças de plantas, como por exemplo, a Laminaria digitata e Ascophyllum nodosum. Da L. digitata se extrai o polissacarídeo laminarina, que é capaz de elicitar respostas de defesa das plantas.

Por sua vez, o extrato da alga A. nodosum estimula a atividade de peroxidases e a síntese da fitoalexina capsidiol em plantas de pimentão, aumentando a resistência das plantas à Phytophtora capsici. A aplicação de extrato de A. nodosum diminui o número de formas juvenis de segundo estágio e de ovos de Meloidogyne javanica e M. incognita em tomateiro.

Produtos de A. nodosum, geralmente puros ou misturados com fertilizantes, vêm sendo comercializados em diferentes países como bioestimulantes e/ou bioprotetores de plantas contra doenças. Então, pode ser uma alternativa o uso, como medida auxiliar, de extratos de algas marinhas para controlar doenças das espécies vegetais.

Com a inclusão de formulados contendo algas marinhas, especificamente no cultivo de cenoura, pode-se obter maior resistência à incidência de podridão de raízes e pragas foliares e, ainda, reduzir severidade de ataques de nematoides.

  

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