19.6 C
Uberlândia
sábado, julho 27, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosAlgas no controle da antracnose do feijoeiro

Algas no controle da antracnose do feijoeiro

Felipe Augusto Moretti Ferreira Pinto

Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e pesquisador da Epagri/Estação Experimental de São Joaquim

felipemoretti113@hotmail.com

 

Crédito Claudinei Kappes
Crédito Claudinei Kappes

O feijão (Phaseolusvulgaris L.) é um dos alimentos mais consumidos no mercado brasileiro. Assim, a cultura do feijoeiro possui grande importância econômica e social, pois gera milhares de empregos direta e indiretamente em diversos níveis.

O cultivo dessa leguminosa é bastante difundido em todo o território nacional por apresentar alta adaptabilidade a condições climáticas, porém, um grande desafio é o aumento da produtividade. Dentre os principais fatores da baixa produtividade do feijoeiro encontram-se as doenças.

A antracnose está amplamente distribuída no Brasil, especialmente nas regiões sul e sudeste e em áreas serranas, como o Sul de Minas Gerais. Ocorre com maior intensidade também no Paraná e no Rio Grande do Sul.

No mundo há relatos de problemas com essa doença no México, Colômbia e Venezuela. No Sul de Minas, as ocorrências frequentes de temperaturas moderadas, aliadas à alta umidade, favorecem o desenvolvimento da doença.

Sintomas

O fungo Colletotrichumlindemunthianum ataca a parte aérea da planta, sendo nessa região observados os sintomas da antracnose. Os sintomas típicos são encontrados nas vagens, ocorrendo lesões circulares, com coloração marrom a escura e, dependendo do estágio da infecção, apresentam depressões no centro dessas lesões e uma massa de esporos de cor rosada.

Controle

Para controle da antracnose, os métodos mais utilizados são baseados em cultivares resistentes e pulverizações de fungicidas. Entretanto, existe a demanda crescente dos consumidores por alimentos livres de agrotóxicos e contaminação do ambiente.

Como obstáculos há o aumento nos custos de produção e a seleção de patógenos resistentes. Todos esses fatores favorecem a utilização de métodos alternativos para o controle de doenças. A utilização de extratos de algas marinhas surge como alternativa menos agressiva ao homem, ao ambiente e com menor custo para o produtor.

Sintomas da antracnose na folha do feijoeiro - Crédito Giovani Belutti
Sintomas da antracnose na folha do feijoeiro – Crédito Giovani Belutti

Algas como alternativa

As macroalgas marinhas são consideradas fontes promissoras de compostos bioativos, pois possuem diferentes propriedades biológicas, funcionando como antibacterianas, antifúngicas, antivirais, anti-inflamatórias, anti-helmínticas, antileishmaniose, antimalária, antioxidantes, antitumorais.

Os extratos obtidos das algas podem atuar na defesa das plantas por meio de efeito direto sobre o patógeno, causando a sua redução parcial ou total, e favorecendo a promoção de microrganismos benéficos às plantas, que podem ser antagonistas aos patógenos.

Além disso, pode haver efeito indireto por meio de respostas vegetais aos estímulos, tais como síntese e aumento de atividade enzimática, regulação gênica, degradação de hormônios e alterações do metabolismo secundário.

Na Europa, Estados Unidos, Austrália, Chile e Japão existem produtos formulados sendo utilizados como bioestimulantes, fertilizantes, promotores de crescimento de plantas ou para defesa de insetos e patógenos.

As algas mais estudadas são a macroalga verde Ulva fasciata, a alga marrom Laminaria digitata e a alga Ascophylumnodosum.

 

Pesquisas

No Brasil, em uma série de trabalhos realizados na Universidade Federal de Santa Catarina, desde a prospecção de extratos de 17 algas marinhas para o controle da antracnose, o grupo de pesquisadores liderados por Marciel Stadnik encontrou resultados satisfatórios utilizando a Ulva fasciata, uma alga verde popularmente conhecida como alface do mar, que possui ampla distribuição no litoral catarinense e paranaense.

Os pesquisadores concluíram que metabólitos provenientes dessa alga, chamada de ulvana, possuem capacidade de exercer controle em variados patossistemas, especialmente contra antracnose do feijoeiro.

A ulvana é um heteropolissacarídeo sulfatado solúvel em água, extraído das paredes celulares de algas marinhas do gênero Ulva, representando de 08 a 29% do peso seco da alga. Este polissacarídeo é composto por ramnose, xilose, glicose, manose, galactose e ácidos urônicos.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de junho 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

ARTIGOS RELACIONADOS

A importância das plantas de cobertura

Fernando Mendes Lamas Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste fernando.lamas@embrapa.br   Como o nome já diz, as plantas de cobertura têm a finalidade de cobrir o solo, protegendo-o contra...

Técnica – Cultivo do cafeeiro com fertilizantes organominerais

Em 2018 a produção de café no Brasil foi estimada em 61,7 milhões de sacas de 60 kg colhidas em uma área de produção de 1.864,3 hectares. De acordo com dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) em seu 4º levantamento da safra 2018, a estimativa da produtividade do café Arábica foi de 31.72 sacas por hectare (37,2% superior à obtida em 2017) e para o café Conilon, 38,59 (37,4% superior à obtida em 2017), constituindo um novo recorde das lavouras de café no País.

Detalhes do cultivo de alface mini-romana

Conheça os segredos do cultivo da alface mini-romana para colher folhas frescas

Fosfito proporciona mais teor de sólidos solúveis em citros?

AutoresRoque de Carvalho Dias roquediasagro@gmail.com Leandro Bianchi leandro_bianchii@hotmail.com Samara Moreira Perissato samaraperissato@gmail.com Vitor Muller Anunciato  vitor.muller@gmail.com  Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!