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Algas no controle da antracnose do feijoeiro

Felipe Augusto Moretti Ferreira Pinto

Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e pesquisador da Epagri/Estação Experimental de São Joaquim

felipemoretti113@hotmail.com

 

Crédito Claudinei Kappes
Crédito Claudinei Kappes

O feijão (Phaseolusvulgaris L.) é um dos alimentos mais consumidos no mercado brasileiro. Assim, a cultura do feijoeiro possui grande importância econômica e social, pois gera milhares de empregos direta e indiretamente em diversos níveis.

O cultivo dessa leguminosa é bastante difundido em todo o território nacional por apresentar alta adaptabilidade a condições climáticas, porém, um grande desafio é o aumento da produtividade. Dentre os principais fatores da baixa produtividade do feijoeiro encontram-se as doenças.

A antracnose está amplamente distribuída no Brasil, especialmente nas regiões sul e sudeste e em áreas serranas, como o Sul de Minas Gerais. Ocorre com maior intensidade também no Paraná e no Rio Grande do Sul.

No mundo há relatos de problemas com essa doença no México, Colômbia e Venezuela. No Sul de Minas, as ocorrências frequentes de temperaturas moderadas, aliadas à alta umidade, favorecem o desenvolvimento da doença.

Sintomas

O fungo Colletotrichumlindemunthianum ataca a parte aérea da planta, sendo nessa região observados os sintomas da antracnose. Os sintomas típicos são encontrados nas vagens, ocorrendo lesões circulares, com coloração marrom a escura e, dependendo do estágio da infecção, apresentam depressões no centro dessas lesões e uma massa de esporos de cor rosada.

Controle

Para controle da antracnose, os métodos mais utilizados são baseados em cultivares resistentes e pulverizações de fungicidas. Entretanto, existe a demanda crescente dos consumidores por alimentos livres de agrotóxicos e contaminação do ambiente.

Como obstáculos há o aumento nos custos de produção e a seleção de patógenos resistentes. Todos esses fatores favorecem a utilização de métodos alternativos para o controle de doenças. A utilização de extratos de algas marinhas surge como alternativa menos agressiva ao homem, ao ambiente e com menor custo para o produtor.

Sintomas da antracnose na folha do feijoeiro - Crédito Giovani Belutti
Sintomas da antracnose na folha do feijoeiro – Crédito Giovani Belutti

Algas como alternativa

As macroalgas marinhas são consideradas fontes promissoras de compostos bioativos, pois possuem diferentes propriedades biológicas, funcionando como antibacterianas, antifúngicas, antivirais, anti-inflamatórias, anti-helmínticas, antileishmaniose, antimalária, antioxidantes, antitumorais.

Os extratos obtidos das algas podem atuar na defesa das plantas por meio de efeito direto sobre o patógeno, causando a sua redução parcial ou total, e favorecendo a promoção de microrganismos benéficos às plantas, que podem ser antagonistas aos patógenos.

Além disso, pode haver efeito indireto por meio de respostas vegetais aos estímulos, tais como síntese e aumento de atividade enzimática, regulação gênica, degradação de hormônios e alterações do metabolismo secundário.

Na Europa, Estados Unidos, Austrália, Chile e Japão existem produtos formulados sendo utilizados como bioestimulantes, fertilizantes, promotores de crescimento de plantas ou para defesa de insetos e patógenos.

As algas mais estudadas são a macroalga verde Ulva fasciata, a alga marrom Laminaria digitata e a alga Ascophylumnodosum.

 

Pesquisas

No Brasil, em uma série de trabalhos realizados na Universidade Federal de Santa Catarina, desde a prospecção de extratos de 17 algas marinhas para o controle da antracnose, o grupo de pesquisadores liderados por Marciel Stadnik encontrou resultados satisfatórios utilizando a Ulva fasciata, uma alga verde popularmente conhecida como alface do mar, que possui ampla distribuição no litoral catarinense e paranaense.

Os pesquisadores concluíram que metabólitos provenientes dessa alga, chamada de ulvana, possuem capacidade de exercer controle em variados patossistemas, especialmente contra antracnose do feijoeiro.

A ulvana é um heteropolissacarídeo sulfatado solúvel em água, extraído das paredes celulares de algas marinhas do gênero Ulva, representando de 08 a 29% do peso seco da alga. Este polissacarídeo é composto por ramnose, xilose, glicose, manose, galactose e ácidos urônicos.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de junho 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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