Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)
As hortaliças são espécies vegetais muito afetadas pelas condições de clima (umidade e temperatura), salinidade e incidência de pragas e doenças, que podem, se desfavoráveis, tornarem-se fatores estressantes para a produção das culturas.
Considere-se o processo de formação de mudas. Já na germinação de sementes a umidade e temperatura são importantÃssimas. O teor de água no substrato, e então a disponibilidade de água para as sementes são fundamentais para a germinação, crescimento inicial do sistema radicular e emergência das plântulas.
O déficit hídrico, especialmente na fase de embebição das sementes, prejudica sensivelmente o processo germinativo: com deficiência hÃdrica a emissão das raízes primárias não ocorre. Ainda, no processo germinativo formam-se metabólitos que precisam ser eliminados, o que ocorre pela água.
O estresse hídrico provoca queda da velocidade e percentagem de germinação das sementes: para cada espécie há um potencial hídrico no solo, abaixo do qual a germinação não ocorre.
A germinação das sementes de hortaliças é muito afetada pela temperatura. A velocidade, a porcentagem e uniformidade de germinação variam com ela. Para cada espécie existe uma faixa adequada de temperatura, para a germinação e emergência.
A temperatura influencia na absorção de água e nas reações bioquímicas que ocorrem durante o processo germinativo. Assim, a germinação só ocorre dentro de determinados limites de temperatura, que também interfere nos processos metabólicos que ocorrem no processo germinativo.
O processo produtivo
A quantidade de sais presentes no substrato (derivados da adubação e naturais) interfere, também, na germinação das sementes. Em condições de salinidade, quando a presença de sais é elevada há prejuízo na germinação, ea absorção de água diminui significativamente a germinação.
Entretanto, em quantidades diminutas de sais (aà o potencial osmótico da solução é inferior ao das células do embrião) ocorre, também, a redução da velocidade e/ou porcentagem de germinação e da formação de plântulas. A salinização afeta negativamente a germinação, o estande inicial, o desenvolvimento radicular e aéreo das mudas.
Nos canteiros, ou no campo, o estresse hídrico, de temperatura e a salinidade também podem prejudicar drasticamente o desenvolvimento e produção das hortaliças. Em casos mais graves podem propiciar a morte das plantas.
As algas
As algas marinhas são utilizadas na agricultura há muitos anos como bioestimulantes e fertilizantes naturais. Diversos compostos extraÃdos de macroalgas que apresentam atividades protetoras de plantas pertencem à classe dos polissacarÃdeos, importantes por apresentar uma enorme variação estrutural, podendo conter raros carboidratos e grupamentos sulfatos.
São comumente comercializados como fertilizante líquido e bioestimulantes. O vasto grupo de macroalgas representa uma fonte de muitas substâncias valiosas a partir do ponto de vista da fisiologia da planta, que particularmente auxilia as plantas a se adaptarem às condições de estresse.
Os efeitos benéficos proporcionados pela adição de algas marinhas ao processo produtivo vegetal podem ser explicados pela riqueza dos referidos organismos em polissacarÃdeos (como o alginato) reguladores de crescimento, tais como citocininas, auxinas, giberelinas, betaÃnas, de macronutrientes, tais como Ca, K, P, e micronutrientes,como Fe, Cu, Zn, B, Mn, Co, Mo, e ainda de compostos que agem na resistência de plantas a pragas e doenças.
Vantagens
O tratamento com algas via raiz, por fertirrigação, pode ajudar a vida microbiana do solo, o que permite, por vezes, a neutralização de fungos patogênicos. Além disso, o alginato (polissacarÃdeo produzido pela alga para evitar sua desidratação nos mares) propicia maior retenção de água pelo substrato/solo, favorecendo, assim, a disponibilidade de água às sementes, plântulas e plantas, protegendo-as quanto ao estresse hídrico e garantindo a germinação e o desenvolvimento das mudas e das plantas no campo.
A presença das auxinas e giberelinas nas algas favorece a divisão celular, permitido o maior enraizamento. Agora, a raiz é “a boca da planta“, ou seja, tudo que a favorece melhora o aproveitamento do solo, da água e dos nutrientes pelo vegetal.
Aplicações via foliar podem promover maior atividade metabólica, aumentando, dessa maneira, o nível de energia do vegetal, o que certamente propicia maior resistência aos agentes externos desfavoráveis.
Além da proteção proporcionada pelas algas marinhas quanto à salinidade, déficit hídrico e temperaturas desfavoráveis, tais produtos podem auxiliar na proteção das plantas quando ocorre intoxicação por defensivos agrícolas.