Guilherme José Ceccherini
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e especialista em Horticultura e Agronegócio
ceccherini93@gmail.com
Leticia Foglia Santucci
Nutricionista
leleleticia10@hotmail.com
A produção de beterraba é um setor agrícola importante em todo o mundo, com mais de 30 milhões de toneladas produzidas anualmente. Desse montante mundial, o Brasil representa cerca de 5% da produção, sendo a produção brasileira concentrada nas regiões sul do país, como Santa Catarina e Paraná.
Tecnologias
Tendo essa grande importância na agricultura, diversas tecnologias envolvendo os aminoácidos, que são moléculas formadas por carbono ( C ) central ligado a um grupamento de carboxila ( COOH), um grupo amino (NH2) e um átomo de hidrogênio (H) e um grupamento R, sendo os aminoácidos substâncias orgânicas que formam proteínas, surgem a cada dia no setor de hortifrúti.
Normalmente, as plantas sintetizam cerca de 20 aminoácidos, formando uma cadeia de polissacarídeos, se tornando proteínas e, posteriormente, ativando enzimas de resistência, em alguns casos.
Os nutrientes, quando são complexados, diferente de quelatados, devido à ligação ser mais fraca e à ausência de sintomas de fitotoxicidade, podem ser absorvidos com uma maior facilidade, como é o caso dos quelatos de aminoácido junto a micronutrientes.
Por isso, essa suplementação com os aminoácidos é uma forma de estimular o crescimento das plantas e aumentar a produção, em função da planta economizar energia para realizar outros processos metabólicos ao longo do seu ciclo.
Efeitos dos aminoácidos nas plantas
Várias hipóteses são atribuídas aos efeitos dos aminoácidos nas plantas. As principais funções dos aminoácidos seriam:
· Síntese de proteínas;
· Compostos intermediários dos hormônios vegetais endógenos;
· Efeito complexante em nutrientes e outros agroquímicos;
· Maior resistência ao estresse hídrico e de alta temperatura;
· Maior tolerância ao ataque de doenças e pragas;
· Atuação na germinação, no estádio vegetativo, na floração e maturação dos frutos;
· Eficiência na absorção e translocação de nutrientes aplicados via foliar;
· Atuação na absorção e translocação de nutrientes aplicados via foliar;
· Eficiência na fotossíntese, pela síntese de clorofila, aumentando a eficácia do processo de produção de fotoassimilados.
Recomendações
O manejo de aplicação de aminoácidos normalmente é via foliar, com frequência de aplicação de sete ou 15 dias, em doses que podem variar de 1,0 a 4,0 ml/L de água, e tem seu uso em situações em que a planta se encontra em situação climática adversa, como condições de geada ou seca, pois com o aumento da síntese de clorofila, se torna eficiente o processo de fotoassimilados.
Outra situação seria em casos de fitotoxidez, em que os danos podem denegrir o desenvolvimento normal dos vegetais, sendo eles, em sua maioria, relacionados à interrupção ou distribuição dos fotossimilados, por serem moléculas pequenas, de rápida absorção, que em poucas horas começam a agir no metabolismo, transportando os elementos tóxicos e restaurando a atividade celular vegetal normal.
Por fim, ao ligar-se a elementos nutricionais, permitem o fácil transporte para o interior das plantas. Devido ao simples reconhecimento pelas membranas celulares, os aminoácidos tornam-se um vigoroso transportador de íons.
O caminho
Para que a planta consiga absorver esses nutrientes é preciso que os mesmos atravessem a cutícula foliar, penetrando na epiderme e sejam reconhecidos pelos canais transportadores da membrana plasmática, específico de cada íon.
Com o uso de aminoácidos como agentes complexantes, o tempo de absorção diminui para menos de três horas. Isso porque a absorção dos aminoácidos pelas folhas ocorre de forma passiva, ou seja, sem gasto de energia por parte da planta.
Opções
No mercado, estão disponíveis diversas marcas de aminoácidos complexados, quelatados ou puros. Em última comunicação com pessoas relacionadas ao setor, os valores de produtos variavam de R$ 20/L a R$ 80/L.
Com recomendações de aplicação semanal ou quinzenal, as doses variam de 1,0 a 4,0 ml. Confira a recomendação:
1.000 L de água = 1,0 ha
1,0 ml x 1.000 L de água = 1,0 L de aminoácido
4,0 ml x 1.000 L de água = 4,0 L de aminoácido
Semanal
1,0 L x R$ 20/L = R$ 20/L x 4 aplicações = R$ 80 mensal
4,0 L x R$ 80/L = R$ 80/L x 4 aplicações = R$ 320 mensal
Quinzenal
1L x R$ 20/L = R$ 20/L x 2 aplicações = R$40 mensal
4L x R$ 80/L = R$ 80/L x 2 aplicações = R$ 160 mensal
A recomendação serve como um suplemento complementar a calda de pulverização.
Cuidados
Alguns cuidados devem sempre ser tomados como medidas preventivas para evitar-se erros de técnicas de aplicação, como não aplicar nas horas mais quentes do dia, a exemplo de meio-dia.
Optar por aplicar antes do fechamento dos estômatos, até 10 horas da manhã ou após as 16 horas, para melhorar a absorção e reduzir a chance de queima foliar. Evitar momentos de vento extremo e sob condições de possível chuva, para evitar molhamento das folhas e que a calda venha a ser “lavada”, antes de ser absorvida.