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Apaga-fogo: como manejar essa planta daninha?

Alfredo Junior Paiola Albrecht
Doutor em Fitotecnia – ESALQ/USP
ajpalbrecht@yahoo.com.br
Ana Ligia Giraldeli
Doutora em Fitotecnia – ESALQ/USP e pós-doutoranda – Universidade Estadual de Londrina (UEL)
analigia_giraldeli@hotmail.com
André Felipe Moreira Silva
Doutor em Fitotecnia – ESALQ/USP
afmoreirasilva@hotmail.com
Leandro Paiola Albrecht
Doutor em Produção Vegetal – Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Lpalbrecht@yahoo.com.br

As culturas agrícolas são bastante suscetíveis às interferências das espécies de plantas daninhas. A apaga-fogo (Alternanthera tenella Colla) (Figura 1) é uma planta daninha com ampla distribuição geográfica, presente em todas as regiões do Brasil.

Figura 1. Área infestada com apaga-fogo

Ela tem maior ocorrência na entressafra, além de se disseminar com facilidade e infestar áreas de lavoura e pastagem.

Biologia e identificação

A apaga-fogo é uma planta daninha da família Amaranthaceae, mesma do caruru (Amaranthus sp.). Apresenta porte herbáceo, perene, formando grandes colônias em áreas cultivadas, pastagens e terrenos abandonados, em função da propagação facilitada e do incremento do crescimento.

A massa vegetal formada por ela dificulta o avanço do fogo durante a época seca da entressafra, sendo esta uma possível explicação para o seu nome popular mais conhecido no Brasil (Figura 2).

Figura 2. Detalhe para o crescimento prostado da planta apaga-fogo, com a formação de grandes colônias.

Apresenta caule prostrado, com os ramos terminais ascendentes. No início do desenvolvimento, o caule principal apresenta ramificação radial e estes se ramificam em dicotomia ou em três ramos.

O caule é liso e pode atingir de 0,5 m a 1,2 m de comprimento. As folhas são simples e têm de 2,0 a 3,0 cm (Figura 3), não apresentam pecíolo, têm limbo lanceolado, com margem inteira e uma pontinha curta e aguda na folha. Com relação às flores (Figura 4), elas formam um aglomerado, são brancas, secas e livres entre si.

Figura 3. Detalhe para as folhas de uma plântula de apaga-fogo em início de desenvolvimento.
Figura 4. Detalhe para a inflorescência da apaga-fogo.

Propagação

O sistema radicular é pivotante e bem robusto, as sementes são lisas e têm coloração castanha. A propagação da planta ocorre por sementes. As plantas se alastram na área pelo enraizamento dos nós do caule, quando em contato com o solo, diferente de outras plantas daninhas famosas, como a buva ou caruru.

A germinação das sementes pode ser afetada pela luz e temperatura, com germinação máxima entre 25 e 30 graus. Sob menores temperaturas, a luz pode incrementar bastante a germinação.

A profundidade no solo também pode afetar a germinação, não se tendo germinação em profundidades próximas ou maiores que 10 cm e com maior germinação quando na superfície do solo, independente da presença ou ausência de palha.

Principais danos às culturas

Uma característica marcante da apaga-fogo é promover intenso sombreamento sobre a cultura. Ela forma uma barreira física à penetração da luz solar, o que afeta diretamente a produtividade da cultura principal.

Além disso, ela reduz a disponibilidade de espaço e compete com a cultura principal por água e nutrientes, podendo reduzir significativamente a produtividade de cultivos de grãos. Ainda, pode ser hospedeira de pragas como percevejos e doenças, como por exemplo, é hospedeira natural do ácaro Brevipalpus, vetor da doença leprose dos citros.

A presença plantas daninhas como a apaga-fogo no momento da colheita também é um problema. Ela pode causar o embuchamento da colhedora, maior gasto de combustível, além de depreciar o produto colhido e elevar os custos de beneficiamento dos grãos.

Como manejá-la?

É muito importante que as plantas daninhas sejam manejadas de forma integrada. A adoção de diferentes estratégias garante maior eficiência no controle da comunidade infestante. As técnicas envolvidas no controle das plantas infestantes são divididas em manejo preventivo, cultural, mecânico/físico e químico.

O manejo químico é o mais utilizado para o controle de plantas daninhas em grandes áreas. Pensando em herbicidas aplicados em pré-emergência, podem ser eficazes no controle de apaga-fogo: alachlor, chlorimuron, metribuzin, clomazone, flumetsulam, sulfentrazone, trifluralin, amicarbazone, pendimethalin, oxyfluorfen, ametryn, diuron, imazapic e s-metolachlor.

Já como herbicidas pós-emergentes são eficazes 2,4-D, carfentrazone, chlorimuron, diquat, glyphosate, saflufenacil e glufosinate. Isso pensando-se em plantas jovens, dentro do estádio ideal de controle, pois esta espécie ainda não tem casos de resistência a herbicidas no Brasil.

Mas, para plantas bem desenvolvidas, é válida a associação de herbicidas, bem como a realização de aplicação sequencial, em alguns casos, para otimizar seu controle. Em plantas bem desenvolvidas, a roçada pode auxiliar no controle, estimulando a brotação e propiciando melhores condições para a aplicação do herbicida.

Muito destes herbicidas possuem registro para a utilização em soja, milho e/ou pastagens. Nestes cultivos, a apaga-fogo é uma das plantas daninhas mais encontradas, logo, estes herbicidas são grandes ferramentas para o seu manejo.

MIP

Como já mencionado, é importante a integração de diferentes métodos de controle para um manejo eficaz. No caso do uso dos herbicidas, é fundamental a rotação de mecanismos de ação. Essa estratégia dificulta a seleção de plantas daninhas resistentes aos herbicidas. Isto é válido para todas as espécies de plantas daninhas.

Orientações importantes

A eficácia da aplicação dos herbicidas envolve uma série de fatores. Por isso, sempre siga as orientações da bula do produto quanto à dose e ao modo de aplicação. Também é preciso se atentar ao estágio de desenvolvimento da planta daninha e às condições climáticas no momento da aplicação.

Especialmente no cultivo de grãos, como a soja, nas aplicações de dessecação pré-semeadura é importante priorizar herbicidas sistêmicos, principalmente na primeira aplicação, uma vez que a apaga-fogo se alastra facilmente pela área, inclusive com enraizamento dos nós do caule, quando em contato com o solo.

A apaga-fogo apresenta potenciais barreiras foliares que podem comprometer a absorção foliar dos herbicidas e, consequentemente, a eficácia de herbicidas aplicados em pós-emergência. Logo, a adição de adjuvantes que possibilitem maior grau de contato de calda com a superfície foliar poderia se constituir em estratégia importante para maximizar a absorção foliar dos herbicidas.

Importante lembrar sempre da importância do pré-emergente no sistema para o controle desta e de outras plantas daninhas.

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