Antonio Pedro Timoszczuk
Membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE)
aptguide@uol.com.br
Pensando do ponto de vista de atividades mais tradicionais, como a aplicação de fertilizantes ou defensivos, os drones oferecem uma alternativa de custo mais baixo do que uma operação tradicional em solo ou aérea, e com uma cobertura mais precisa e rápida.
É importante observar que existem drones de diversos portes e que tornam essas aplicações bem eficientes. Por outro lado, se olharmos a questão tecnológica, o uso de drones abre diversas outras possibilidades, dependendo do tipo de equipamento que ele carregar.
Nas aplicações mais tradicionais, estamos falando de aspersores. Entretanto, um drone pode levar câmeras de diversos tipos para a coleta de imagens que permitirão ter produtos de alto valor agregado, ou até mesmo atuar como coletor de informações de sensores espalhados pela plantação.
Operações possíveis de serem realizadas com drones
Os drones apresentam grande flexibilidade, dependendo do tipo de equipamento que eles carregarem. No campo de aplicação mais direta sobre a cultura, eles podem ser usados em operações para aplicação de agrotóxicos, fertilizantes, corretivos e outras substâncias de apoio à cultura, podendo ser usados para dispersão de sementes ou agentes biológicos.
Por outro lado, existe um campo que é o das informações que podem apoiar uma maior eficiência na lavoura. Nesse caso, são geralmente usados diversos tipos de câmeras ou outros sensores de forma isolada, ou em conjunto com outros equipamentos espalhados pela lavoura.
Como exemplo podemos citar o monitoramento de culturas quanto à umidade ou detecção de pragas, o levantamento do perfil do terreno, demarcação do terreno, contagem do número de plantas, inspeção de sistemas de irrigação.
Enfim, com os avanços da tecnologia cada vez mais acessíveis, um grande número de operações pode ser realizada e outras tantas aplicações serem ainda desenvolvidas. Essas aplicações trazem informações que permitem ao agricultor gerenciar de forma mais eficiente e sustentável a sua lavoura.
Reduzir dos custos de produção
Conforme mencionado, as operações com drones são mais rápidas, ágeis e precisas. Por exemplo, permitem aplicar os produtos onde realmente são necessários e não de forma tão ostensiva, como é usual, e com maior eficiência.
Por exemplo, existem estudos que mostram que o efeito das asas rotativas do drone direciona o produto para baixo, o mesmo efeito que um helicóptero. Com isso, o volume de calda usado é bem menor, se comparado com uma aplicação tradicional.
As informações trazidas pelo drone, se devidamente tratadas e utilizadas, auxiliam a melhorar a gestão da lavoura. Tudo isso somado permite uma redução dos custos, o ponto-chave.
Principais desafios
Acredito que o maior desafio é a operacionalização da tecnologia de forma correta. Veja, existe toda uma regulamentação e procedimentos para autorização de voos de drones que devem ser seguidos.
O operador de drone para uso profissional deve ter um treinamento específico que, no caso da agricultura, é tratado em várias instâncias. Começando pelo Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (MAPA), que coloca regras específicas para a utilização de drones em operações voltadas para aplicação de insumos.
As aeronaves em si devem ter registro, especialmente se forem de maior porte e, nesse caso, é regulado pela Agência Nacional de Aviação Civil, além de homologação do fabricante junto à Anatel.
Isso porque um drone descontrolado pode representar risco para a aviação. Os voos devem ser autorizados, especialmente se a plantação estiver próxima a áreas ou rotas de aviação e, nesse caso, o DECEA, que é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, é o responsável por regular estas questões.
Caso a operação ocorra próximo de áreas habitadas, existe um seguro que é obrigatório, o RETA. Mas isso tudo é facilmente solucionado, entretanto, representa algo novo para o agricultor.
Medidas recentes de simplificação do uso de drones na agricultura têm sido publicadas, mas acredito que entender todo esse regramento e usar os equipamentos adequados e homologados é um ponto importante.
Rumo ao futuro
Acredito que com a evolução da tecnologia, novos sensores poderão ser criados e novas aplicações, por meio dos programas de computador especializados, serem desenvolvidas, para trazer importantes informações para a gestão da lavoura.
As necessidades e a criatividade são o limite. Quem estiver mais aberto para a inovação e ousar, certamente vai colher bons frutos.
Os drones podem ser usados:
• Aplicação de defensivos, fertilizantes e corretivos
• Dispersão de sementes
• Liberação de inimigos naturais das pragas agrícolas
• Contagem e monitoramento de animais de produção
• Monitoramento de culturas quanto à umidade ou detecção de pragas
• Levantamento do perfil do terreno
• Demarcação do terreno
• Contagem do número de plantas
• Inspeção e monitoramento de sistemas de irrigação
• Monitoramento de crescimento e produtividade das culturas.
• Obtenção de mapas de variabilidade
• Combate a incêndio
• Detecção de danos por desastres naturais