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Industriais vão a campo conhecer cotonicultura brasileira

O caminho do Brasil de segundo maior importador para segundo maior exportador de algodão pauta a Missão Compradores, que visita fazendas nesta semana em MT

Eficiência, produção responsável e transparência na relação comercial são os elementos que explicam a revolução vivida pela cotonicultura brasileira nos últimos 30 anos. Para entender como o Brasil saiu do posto de segundo maior importador para segundo maior exportador global da fibra, 24 representantes da indústria têxtil de oito países visitam nos próximos dias Sapezal, Primavera do Leste e Campo Verde, no interior de Mato Grosso.

Créditos: Divulgação

Os empresários participam da Missão Compradores, intercâmbio internacional realizado pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), em parceria com a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Neste ano, a iniciativa está em sua sétima edição e reúne industriais de oito dos maiores importadores de algodão do mundo: China, Bangladesh, Turquia, Vietnã, Paquistão, Índia, Malásia e Egito.

O objetivo é conferir, in loco, como o Brasil se mantém entre os principais players do mercado global do algodão. Afinal, para a safra 2022/2023, a previsão é que sejam produzidas 3,069 milhões de toneladas (20% a mais que no ciclo anterior), das quais 2,35 milhões de toneladas são projetadas para o embarque ao exterior, com destino principalmente ao mercado asiático. Confirmados os números, o Brasil terá ampliado em 62% as exportações realizadas no ano comercial atual.

Um dos principais motivos para a mudança do status de importador para exportador é a eficiência do produtor brasileiro. A média da produtividade brasileira na safra 2022/23 é de 1.840 quilos por hectare – bem acima do desempenho de importantes países produtores, como Estados Unidos e Índia.

Essa eficiência acaba contribuindo para uma produção cada vez mais sustentável. Em 2022, a área plantada com algodão (1,6 milhão de hectares) abrangia apenas 0,2% do território brasileiro. Em 1980, eram 4,1 milhões hectares – ou 0,5% da área total do País.

A explicação desses bons números vai além de quesitos técnicos ou tecnológicos. “Não é apenas sobre investir em tecnologia, aproveitar solo e clima bons. Nós temos pessoas boas, nosso produtor é focado, se profissionalizou e continua investindo para a produção ser sustentável”, pontuou o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel.

Mais de 80% da pluma nacional tem a certificação socioambiental do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR). Como o ABR opera em benchmarking com a certificação mundial Better Cotton, cada produtor certificado pelo ABR pode se licenciar também pelo Better Cotton. Com isso, o Brasil se tornou o país que mais oferta Better Cotton ao mundo.

Durante as visitas às fazendas, os participantes da Missão Compradores vão conferir in loco como é feita a conservação ambiental nas lavouras brasileiras. Conforme o Código Florestal Brasileiro, o cotonicultor deve preservar pelo menos 35% da área total de sua propriedade, podendo chegar a 80% conforme o bioma.

“Conservamos as matas ciliares dos rios e temos grandes áreas preservadas. Nas fazendas, a comitiva vai conhecer tanto o trato ambiental como o cuidado com as pessoas, das cantinas e alojamento à segurança do trabalho”, antecipou o presidente da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), Erai Maggi Scheffer.

“A Missão Compradores é uma oportunidade única para construir um ambiente de confiança com os clientes do algodão brasileiro, porque eles podem ver a seriedade com que a produção é tratada no Brasil. Esta é a sétima edição, estamos em parceria há muitos anos com a Abrapa e a gente espera que continue no futuro”, afirmou o presidente da Anea, Miguel Faus.

Colheita. As fazendas visitadas pela Missão Compradores estarão em ritmo intenso de trabalho. “Estamos com a colheita em curso e será possível verificar também como fazemos o beneficiamento da pluma, já que no Brasil é muito comum que o produtor tenha também a sua própria unidade beneficiadora”, explicou o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte Monteiro.

Com uma colheita totalmente mecanizada, o Brasil elimina o risco de contaminação da pluma e aposta forte na transparência com os mercados compradores. Tanto que todo o volume exportado passa pela análise laboratorial de qualidade e mais de 80% são rastreáveis de forma online, fardo a fardo.

“Na camiseta que todos estamos usando hoje, há um QR Code impresso. Quando é escaneado, ele mostra a origem do algodão usado na confecção da peça, em que unidade foi beneficiado, seus indicadores de qualidade e informações sobre certificação socioambiental”, exemplificou o diretor da Abrapa. No domingo (30), ele apresentou à comitiva o cenário geral da cotonicultura brasileira para os importadores.

Agenda. Após a etapa em Mato Grosso, a Missão Compradores segue para a Bahia, segundo estado produtor, com 312,6 mil hectares em 2022/23. Lá, a agenda inclui visitas a fazendas, ao Centro de Análises de Fibras da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa) e a unidades de beneficiamento de algodão que participam do Programa Brasileiro de Qualidade do Algodão – que certifica a qualidade da pluma produzida no país e é desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em parceria com a Abrapa.

Em Brasília, na sede da Abrapa, os industriais conhecerão o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA).

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