Autores
José Braz Matiello
jb.matiello@yahoo.com.br
Marcelo Jordão Filho
Engenheiros agrônomos da Fundação Procafé
Lucas Franco
José Renato Dias
Engenheiros agrônomos das Fazendas Sertãozinho
O controle do mato em cafezais é uma prática importante para reduzir a concorrência das ervas com os cafeeiros, a qual se estabelece em função das plantas daninhas também necessitarem, como as plantas de café, da água, dos nutrientes e da luz, isto na mesma área onde crescem os cafeeiros.
Em plantas de café ainda jovens, na fase de sua formação, a concorrência do mato é mais danosa, pois o sistema radicular do cafeeiro é ainda pequeno e superficial e a sua folhagem não cobre o terreno, assim as ervas podem crescer bem junto às plantas de café, na linha de cafeeiros, beneficiadas pela própria adubação do café. Nessa condição, onde as plantas de café são pequenas, o mato alto abafa e reduz a luz disponível para o crescimento dos cafeeiros, os quais se tornam amarelados e pernalongas.
Controle do mato
O sistema tradicional de controle do mato na linha de cafeeiros jovens é através da capina manual, operação chamada de trilha, isto porque os herbicidas normais usados, como o glifosato e outros, causam fitotoxidez por deriva.
A aplicação de herbicidas no pós-plantio do cafeeiro pode ser feita em dois sistemas. A aplicação protegida, usando herbicidas normais, não seletivos aos cafeeiros e a aplicação de herbicidas seletivos, nestes sem proteção, não apresentam fitotoxicidade aos cafeeiros jovens.
Aplicação protegida
A aplicação protegida de herbicidas visa evitar deriva de gotas que iriam danificar os cafeeiros. A proteção anti-deriva pode ser feita por um tipo de bandeira feita com bambus e plástico, pelo uso de chapéu de Napoleão, pelo uso de bico espuma ou pelo cuidado em tombar as ervas e aplicar com bico bem rente a elas.
Pode-se, ainda, usar abas protetoras, seja em tratores, triciclos ou carrinhos aplicadores. Os herbicidas indicados em pós-emergência são o glifosato, na dose de 1,5 a 4,0 L/ha, mais eficiente para folhas estreitas e produtos mais específicos pra ervas de folhas largas, como Flumizin 100 g), Ally, Zartan (10 g, aurora 80-130 ml), Heat (75-100 g), 2,4-D (1,5 l/ha), Clorimuron (200 g). Óleo=0,5%.
Em pré-emergência, o produto mais adequado é à base de Oxifluorfen na dose de 3,0 -6,0 L/ha, na faixa de plantio, com cuidado pra não pegar no topo das plantas novas.
Aplicação de produtos mais seletivos
O uso de herbicidas, para controle do mato, em cafeeiros jovens, vem dando bons resultados, em especial quando se combinam herbicidas específicos, mais seletivos e de efeitos complementares.
Nos últimos anos, com a carência e elevado custo da mão de obra, foram desenvolvidas alternativas de uso de herbicidas para controle do mato na linha. Inicialmente foi utilizado o produto à base de Oxifluorfen (outros) em pré-emergência. Depois foi desenvolvido o uso de produtos mais seletivos de pós-emergência, como os à base de Clethodin (outros) e Haloxifop-P-Metilico (outros), estes eficientes contra ervas de folhas estreitas, em combinação com produtos à base de Clorimuron, estes para folhas largas.
Como os herbicidas citados em pós-emergência atuam melhor em ervas mais novas e, ainda, diante da conveniência em atuar contra a sementeira, foi desenvolvida, recentemente, a combinação de três produtos, os dois de pós-emergência, mais o Goal, numa mesma aplicação.
Os resultados mostram vantagens até sobre ervas maiores, pois parece que o Goal ativou um pouco os produtos de pós-emergência, além do que, ao cair no solo, propicia maior efeito residual de controle.
As doses utilizadas na combinação dos produtos são as seguintes: para 200 litros de calda – Select 0,5 a 0,8 L, conforme o tamanho do mato + 100 g de Clorimuron + 1,5 L de Goal, ou similar e + 100 ml de espalhante siliconado. A aplicação deve ser feita em jato dirigido, sem aplicar sobre os cafeeiros.
Erros
Os erros mais frequentes no uso de herbicidas têm sido aplicações descuidadas, intoxicando as plantas de café e aplicações em épocas inadequadas, deixando o mato crescer muito para depois aplicar os produtos.
O custo-benefício do controle das ervas se traduz em reduzir a concorrência delas com os cafeeiros, representando maior desenvolvimento e formação mais rápida dos cafeeiros e da lavoura de café.