21.3 C
Uberlândia
sexta-feira, novembro 22, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosFlorestasAraucária com menor porte e produção precoce de pinhão

Araucária com menor porte e produção precoce de pinhão

 

Com o uso de brotos extraídos da copa de árvores de araucária adultas, mudas enxertadas permitem que produtores obtenham árvores mais baixas e que a produção de pinhão seja antecipada

Araucária - Fotos Ivar Wendling
Araucária – Fotos Ivar Wendling

Normalmente, a araucária começa a produzir pinhões quando alcança de 12 a 15 anos de idade e pelo menos oito metros de altura. Com a metodologia desenvolvida pela Embrapa Florestas (PR), as árvores começam a produzir a partir do período entre seis e oito anos e o porte das árvores fica entre dois e seis metros de altura, o que facilita a coleta das sementes.

Com a adoção dessas mudas, os produtores poderão investir na formação de pomares de pinhão como mais uma fonte de renda na propriedade rural. O pinhão é a semente da araucária, também conhecida como pinheirodoparaná, bastante apreciado na alimentação humana. É encontrado dentro da pinha nos galhos das árvores fêmeas.

Colheita

Atualmente, a colheita do pinhão é artesanal e extrativista. É comum, em certas épocas do ano, a presença de vendedores em beira de estradas com pinhões que foram coletados no chão, embaixo de araucárias. Também é comum a prática da escalada das árvores, atividade de risco se não for feita de forma adequada.

Além do risco para quem coleta, existe também a chance de coletar pinhas que ainda não estejam maduras, ou seja, sem o pinhão formado, prejudicando, sobretudo, o nascimento de novas árvores.

Mercado

Embora seja um mercado muito informal, dados de volumes comercializados nas unidades da Ceasa-PR indicam que em 2014 foram vendidas 800 toneladas de pinhão, de várias procedências, totalizando um valor de quase R$ 4 milhões. Se considerarmos o volume informal, estes valores podem ser até quintuplicados.

“O mercado tem bastante potencial”, explica o pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas. “Se possibilitarmos a produção precoce e a facilidade na coleta, pode se tornar uma fonte de renda importante para os produtores rurais”, completa.

Como é possível?

Essa técnica proporciona a produção de pinhões precoces - Fotos Ivar Wendling
Essa técnica proporciona a produção de pinhões precoces – Fotos Ivar Wendling

O protocolo desenvolvido pela Embrapa Florestas para a produção de mudas utiliza a técnica de enxertia a partir de brotos da copa da árvore. “Estes brotos que serão enxertados têm a ‘idade ontogenética’ da árvore de onde foram coletados, então vão se comportar como árvores adultas”, explica Wendling.

Com isso, as novas plantas começam a produzir o pinhão em muito menos tempo, além de reduzir o porte das árvores. A técnica também auxilia a produzir pinhão com as características mais desejadas pelo mercado consumidor, pois é possível identificar e selecionar árvores-matrizes de acordo com o que se deseja.

Pesquisa realizada em 2010 com consumidores de pinhão em Curitiba (PR) mostra que o hábito de consumo da semente é bastante frequente entre as famílias curitibanas. “A quantidade média de compra é de dois a quatro quilos por semana”, revela a pesquisadora RossanaCatiê Godoy, responsável pela pesquisa. “Na hora da compra, o consumidor baseia-se muito na aparência, como cor, tamanho, brilho, diâmetro, frescor e ausência de sujeira”, pondera.

Essas características podem ser identificadas em árvores-matrizes e ajudam no processo de seleção das árvores que terão seus brotos colhidos para a enxertia. Segundo Wendling, itens como composição nutricional diferenciada, época de produção, entre outros, também poderão servir como base para a seleção.

Pinhão precoce

Outra questão é que algumas árvores produzem os chamados pinhões precoces, que ficam prontos para colheita em fevereiro e março. Da mesma forma, outras árvores produzem pinhões tardios, que podem ser coletados geralmente até setembro. “Com esta técnica, também podemos, no futuro, desenvolver pomares com plantas que produzam pinhão praticamente o ano inteiro”, avalia Wendling.

Outra vantagem desse processo é a possibilidade de saber com antecedência qual o sexo da planta que está sendo gerada o que, na produção de mudas via semente, só é possível quando as plantas iniciam o florescimento, com cerca de dez anos. “Para programas de resgate e conservação da araucária isso é fantástico, pois, por se tratar de uma espécie dioica, que tem sexos diferentes, é preciso plantas dos dois sexos para proporcionar sua reprodução”, finaliza o pesquisador.

Essa matéria você encontra na edição de agosto/setembro da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua.

ARTIGOS RELACIONADOS

Minas pesquisa óleo de abacate

  Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) estudam a extração de óleo fino de abacate pelo sistema de centrifugação, o mesmo...

Qualidade que se degusta

A Itaueira, empresa familiar com sede em Fortaleza (CE), é a produtora do famoso melão REI, o legítimo melão da redinha, conhecido tanto no...

A importância das plantas de cobertura

Fernando Mendes Lamas Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste fernando.lamas@embrapa.br   Como o nome já diz, as plantas de cobertura têm a finalidade de cobrir o solo, protegendo-o contra...

Aminoácidos garantem melhor produção sob estresse

  Rodrigo da Silveira Campos Analista em Pós-colheita de Frutas e Hortaliças da Embrapa Agroindústria de Alimentos rodrigo.silveira@embrapa.br Existem várias linhas de pesquisa que procuram elucidar como...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!