28.3 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosArmazenagem de grãos

Armazenagem de grãos

Talis Melo ClaudinoEngenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – UNESP – FCA de Botucatut.claudino@unesp.br  

Rodrigo Ferrari ContinMestrando em Agronomia – UENP – Campus de Bandeirantes

Armazenamento – Crédito: Shutterstock

O armazenamento de grãos é fundamental para o agronegócio brasileiro, para que assim, após a colheita e a secagem os grãos sejam armazenados por um maior período, sem que suas caraterísticas se alterem.

O produto, após a armazenagem, tem seu valor nutritivo relacionado diretamente com as práticas de armazenagem, sendo que grandes prejuízos podem ser causados caso os cereais sejam contaminados por micotoxinas.

É demonstrado que grandes perdas das qualidades dos grãos ocorrem por fatores físicos, como a temperatura e a umidade de armazenamento, e os fatores biológicos, relacionados a microrganismos, insetos e roedores. Para a mitigação destes efeitos, o manejo adequado da estocagem de cereais é fundamental para todo o setor direta e indiretamente ligado ao comércio e à produção dos cereais.

Cenário brasileiro

Atualmente, em produção recorde, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento em 257,8 milhões de toneladas de grãos produzidos em 2020, a armazenagem é fundamental para a estratégia de logística e abastecimento, tanto para o mercado interno quanto externo. Envolvendo outros setores além do agrícola, requer estudo, planejamento e administração para que possa fluir e contribuir para o setor que mais impacta no PIB brasileiro.

Conhecida a produção, pode-se calcular o déficit de capacidade de armazenagem, já que a capacidade estática total de armazenamento se encontra em aproximadamente 162 milhões de toneladas. Assim, quase 100 milhões de toneladas de grãos estão vulneráveis às logísticas e vendas destes cereais. 

O grande desafio é como tornar sustentável, de forma rápida, a deficiência de armazenamento estático, atendendo a demanda dos produtores rurais, para que eles corram menores riscos de perder sua produção por furos de armazenagens e administração dos recebedores de cereais.

Em déficit

Diante de uma supersafra, como ocorrida na safra de soja do ano agrícola 2019/20, a falta de armazéns adequados gera grande estresses entre agricultores, cooperativas e cerealistas, e soluções rápidas acabaram sendo tomadas, como grandes “piscinas” a céu aberto, com estruturas improvisadas de lona que aumentaram os custos e perda de qualidade dos grãos, assim como a utilização de grandes silos bolsas.

Todavia, a maior dificuldade e necessidade da secagem dos cereais antes do armazenamento faz com que ele seja armazenado somente ao atingir a umidade correta. O silo é um método alternativo ao produtor, viável a menores produtores, contudo, de grande risco de perdas significativas.

Na atualidade, caso todos os grãos de uma safra necessitem ser armazenados na forma física nos armazéns, aproximadamente ¼ da produção brasileira seria descartada, afetando diretamente a economia nacional e mundial.


[rml_read_more]

Dicas importantes

Para que o produtor tenha ganhos na comercialização no qual o mesmo realiza o armazenamento, os grãos devem possuir baixos teores de umidade, alto peso específico, baixa degradação dos componentes nutritivos, poucas quebras e grãos danificados, alta viabilidade quando destinado às sementes, e ausência de pragas, fungos e doenças.

As boas práticas de armazenamento são fundamentais para que isto ocorra e, para isso, as etapas de beneficiamento, como limpeza e secagem, devem ser realizadas das formas mais corretas prescritas pelo fabricante do silo. Para isto, deve-se conhecer qual o tipo e a qualidade dos armazéns adquiridos.

A variedade de tipos de armazéns faz com que esta batalha contra a falta de espaços seja superada. Estes variam da forma fixa a formas “móveis”, podendo ser desmontados após a utilização.


Arte com a informação abaixo

Vantagens e desvantagens

Apresentando suas vantagens e desvantagens, serão citados a seguir os tipos de armazéns existentes para o armazenamento de cereais.

þ Silos elevados de concreto: são fixos, de média ou grande capacidade. Como vantagem ocupam menos espaço, por serem verticais. Suas paredes espessas evitam a transmissão de calor para a massa de grãos e assim levam a uma boa conservação dos grãos. Contudo, são caros, seu tempo de instalação é longo e possui alto grau de incidência da quebra dos produtos armazenados.

þ Silos metálicos: fixos, de pequena ou média capacidade, apresentam como benefício que suas fundações são mais simples e de menor custo em relação ao anterior, além de possuírem célula de capacidade média, possibilitando maior flexibilidade operacional. As desvantagens destes silos são as possíveis infiltrações de umidade, vazamento de gases durante o processo de expurgos e transmissão de calor para dentro da célula, ocorrendo a condensação de água.

þ Armazéns graneleiros: são fixos, de estrutura simplificada e método de estocagem vantajoso. A rapidez para execução e armazenamento, além da grande capacidade em pequeno espaço, fazem com que estes silos sejam muito vantajosos para alguns setores. Já a pequena versatilidade na movimentação de grãos, pequeno número de células, grande possibilidade de infiltração de água e possibilidade de ocorrer dificuldade na aeração fazem com que precauções devidas sejam tomadas.

þ Silos bolsas: “móveis”, constituídos por túneis de polietileno de alta densidade com camadas internas e uma camada exterior branca de dióxido de titânio. Este método de armazenamento apresenta a possibilidade de separação de lotes e qualidades diferentes numa mesma safra, otimização da logística durante a colheita, proteção contra agentes externos, além de conservar a qualidade dos grãos. Contudo, há a necessidade da aquisição de máquinas embutidoras extratoras e trator, além do treinamento do operador. Também é muito vulnerável a furos nas superfícies plásticas, menor tempo de armazenamento e dificuldade para descarregar os grãos armazenados.

þ Silos móveis: condiz ao dito pelo próprio nome, é composto de estrutura metálicas com lonas de alta resistência e telemetria com automação autônoma e remota. Como vantagem, possui baixo custo de manutenção, rapidez na instalação e desmontagem com baixa necessidade de mão de obra, e assim como o silo bolsa, pode-se separar a safra por lotes. Entretanto, sua capacidade de armazenagem é limitada, devem ser comprados equipamentos móveis para carga e descarga e sua vida útil é menor do que os armazéns fixos.

E agora?

Economicamente, a escolha do silo demanda muito do investimento inicial, em função econômica do silo (armazenagem do produto, cooperativa ou armazém), além do que, todos possuem suas vantagens e desvantagens, metodologias de armazenamento, mão de obra qualificada ou não, e outros fazem com que a escolha siga detalhes, pois muitas vezes o mais caro não será o que atenderá a necessidade do agricultor.

Quando não ocorre a ação do intermediário, entre o produtor e o comprador final dos grãos, estes, após os beneficiamentos e armazenagens, podem ser vendidos quando os preços de venda estão mais altos, além de que os ganhos de beneficiamento são resgatados.

Sendo assim, o produtor irá ganhar desde o momento da semeadura até a destinação final dos cereais.

ARTIGOS RELACIONADOS

Arysta – Inovação em Proteção de Plantas e BioSolutions

  A Arysta participa da Hortitec desde 2003, uma oportunidade que a empresa vê para estar cada vez mais próxima de seu público, mostrando as...

Pesquisa desenvolve mandiocas biofortificadas nas cores creme, amarela e rosada

Mais nutritivas, de maior produtividade, colheita precoce e manejo mais fácil em comparação às convencionais. Essas são algumas características de seis cultivares de mandioca...

ISLA Sementes relança linha orgânica

Estão de volta as sementes orgânicas. A ISLA Sementes vai retomar com força, em 24 de outubro (na quinta-feira), essa linha de produtos, inicialmente com quatro cultivares:...

Bioestimulantes na soja – Uma alternativa para o aumento da produtividade

Roni CleiZanovello ronizanovello@hotmail.com Juliano Burko Acadêmicos do 5º ano do curso de Agronomia - Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) Fabiano Pacentchuk Engenheiro agrônomo, mestre em produção Vegetal e doutorando...

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!