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Ativadores da biota do solo melhoram a adubação

Os ativadores da biota do solo são aliados poderosos na melhoria da adubação.

Risely Ferraz Almeida
Doutora e professora – MBA Agronegócio USP/ESALQ
risely.ferraz@gmail.com

Os ativadores da biota do solo são substâncias que apresentam efeitos diretos ou indiretos na melhoria das propriedades físico e/ou químicas do solo e na promoção da atividade biológica (entre macro e microbiota do solo).

Os organominerais, assim como os biofertilizantes, condicionadores de solo, substratos para plantas e substâncias húmicas e fúlvicas podem ser considerados ativadores da biota, por promoverem a qualidade no solo.

Foto: Shutterstock

Quem são eles

Os fertilizantes organominerais são caracterizados como adubos especiais resultantes da mistura entre os fertilizantes minerais com materiais de origem orgânica (vegetal e/ou animal).

Essa mistura pode ser realizada de forma física ou em combinações químicas entre essas as fontes mineral e orgânica de nutrientes. De acordo a legislação brasileira, os fertilizantes organominerais devem apresentar no mínimo 8% de carbono orgânico, uma capacidade de carga catiônica mínima de 80 mmolc kg-1, umidade máxima de 20%, e uma concentração de 10% de macronutrientes primários isolados (nitrogênio – N, fósforo – P, e potássio – K) ou uma mistura (NK, NP, PK, NPK); e 5% de macronutrientes secundários (cálcio, magnésio e enxofre) e 1% de micronutrientes.

Tendência

Nos últimos anos, o consumo brasileiro de fertilizantes organominerais apresentou um aumento linear devido às melhorias das condições do solo com o uso de uma fonte orgânica.

Os consumidores de fertilizantes orgânicos são, principalmente, produtores de grãos (soja, milho e feijão) localizados em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, representando 25; 23; e 19 % do consumo nacional.

A utilização dos fertilizantes orgânicos na agricultura também foi impulsionado pelo aumento de custo com os fertilizantes minerais.

Biota do solo

No organomineral, as principais fontes dos componentes orgânicos são os resíduos de origem animal (como esterco bovino e cama de frango), vegetal (como resíduos derivados do setor sucroenergético, torta de filtro), industrial (como os resíduos da indústria de papel e celulose) e urbana (como lodo de esgoto).

Após a mistura das fontes minerais e orgânicas, ocorre o processo de peletização por extrusão em condições de alta pressão, temperatura e umidade em um rápido período de tempo.

Quando aplicado no solo, os organominerais promovem uma liberação gradativa do nutriente durante o ciclo da planta, além de promover o efeito residual no solo para as culturas subsequentes.

Essa constante disponibilidade de nutrientes no solo promove a biota do solo com efeito direto na ciclagem dos nutrientes, como: nitrogênio, fósforo e potássio. Um exemplo é a maior disponibilidade de fósforo solúvel no solo após a aplicação dos resíduos orgânicos.

Ação no solo

Os grupos orgânicos presentes na matéria orgânica podem preencher os sítios de fixação de fósforo com os minerais de argila e óxidos de ferro, diminuindo a fixação/adsorção do elemento no solo.

Isso significa que a aplicação de fertilizantes com base orgânica leva à melhoria da fertilidade do solo, com aumento da disponibilidade solúvel de nutrientes que estão retidos no perfil, além de ser a matéria orgânica uma fonte de nutrientes.

Além disso, o aumento de material orgânico no solo também promove a quantidade de cargas no solo aumentando a capacidade de cargas do solo (CTC) e reduzindo os teores de alumínio na solução.

O uso dos organominerais também melhora as propriedades físicas do solo, com a formação de agregados de maior estabilidade, melhor distribuição de poros e retenção de água devido à interação da matéria orgânica com os coloides minerais do solo (argila, principalmente).

Nos atributos biológicos, os organominerais aumentam o fornecimento de energia pela inserção da fração orgânica do organomineral, promovendo aumento da microbiota do solo, a eficiência na retenção de água no solo e desenvolvimento radicular.

Um exemplo é o positivo efeito na atividade enzimática do solo após a aplicação dos resíduos orgânicos, especificamente com direto efeito na atividade da beta glicosidase (enzima que atua na ciclagem do carbono no solo) e da fosfatase (enzima que atua no ciclo de fósforo).

Esse efeito positivo na biota do solo ocorre porque os resíduos vegetais são fontes de carbono e nutrientes para desenvolvimento dos organismos do solo.  Nesse manejo, é fornecido ao solo uma quantidade considerável de substrato (na forma de carbono), que é utilizado como fonte para estabelecimento, reprodução e colonização dos organismos vivos no solo.

Indicador de qualidade

A beta glicosidase é uma enzima que atua na degradação da matéria orgânica no solo, portanto, com o aumento dos resíduos do solo, a atividade da beta glicosidase é aumentada para promover a degradação do material vegetal no solo.

Diante esse desempenho, a beta glicosidase é considerada um excelente indicador de qualidade.

Produtividade

Na produtividade das culturas, não há dados robustos que demonstrem que a aplicação do organomineral no solo influencia diretamente na produtividade das culturas agrícolas em uma mesma safra.

Isso acontece porque o organomineral tem um efeito residual no solo, necessitando de mais de uma safra para verificar o efeito positivo da aplicação. A atividade do organomineral no solo ocorre de forma mais lenta, gradual e se mantendo contínua ao longo do tempo, o que gera o efeito residual e benefícios para o solo.

Entretanto, observa-se um aumento da qualidade do solo e maior eficiência de uso do fertilizante mineral.

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