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sexta-feira, novembro 22, 2024
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Bactérias e material orgânico podem aumentar a produtividade da Cana

Autores

Adenilson Adão Sponchiado
Técnico em Agropecuária e graduando em Agronomia – Centro Universitário da Faculdade Integrada de Ourinhos (Unifio)
adenilsonsponchiado08@gmail.com
Ana Caroline Scoparo
Graduanda em Agronomia – Unifio
kascoparo@gmail.com
Adilson Pimentel Junior
Engenheiro agrônomo, mestre em Agronomia e professor – UNIFIO
adilson_pimentel@outlook.com
Aline Mendes de Sousa Gouveia
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia e professora – UNIFIO
aline_mendes@fio.edu.br
Fotos: Shutterstock

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), sendo líder no ranking das exportações, com mais de 500 milhões de toneladas, ou seja, cerca de 45% da produção mundial.

Segundo a União dos Produtores de Bioenergia (UDOP), os subprodutos da cana, como a geração de bioenergia, o açúcar e o álcool impactam positivamente o crescimento do PIB brasileiro. Além desses produtos, há também a produção de resíduos como a torta de filtro, cinza e vinhaça, que podem ser utilizadas na lavoura em substituição aos adubos químicos, de uma forma sustentável, em que tudo é reaproveitado.

No solo existe uma comunidade microbiana na qual fazem parte as bactérias, fungos, protozoários e outros microrganismos. Essa comunidade microbiana exerce papel fundamental no desenvolvimento das culturas, podendo ser neutras, beneficiar ou prejudicar as plantas. Podemos citar as bactérias, que em habitat natural colonizam o interior das células das plantas.

Estudos científicos realizados pela ESALQ (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz) mostraram que as bactérias solubilizadoras de fosfato, quando inoculadas, liberam ácidos e enzimas ao redor das raízes, quebrando a ligação do fósforo que está retido na argila, ferro ou alumínio, permitindo sua absorção na forma de fosfato.

Os compostos orgânicos, como a torta de filtro e a torta de cinza, propiciam um ambiente favorável para desenvolvimento dos microrganismos, além de disponibilizar nutrientes como nitrogênio e potássio, aumentando o potencial de reserva de água, elevando a CTC do solo, equalizando a estrutura física, química e biológica do mesmo. Contudo, promovem um incremento no desenvolvimento e na produtividade da cultura da cana-de-açúcar.

Benefícios

Atualmente, na busca por viés sustentável, a cana, por si própria, mostra ser uma fonte de matéria-prima na produção de combustíveis renováveis, entretanto, com a utilização de material orgânico, como os subprodutos da agroindústria associados aos microrganismos, promovem um incremento em nutrição das plantas e consequente aumento na produtividade.

Assim, minimizam os custos de produção, sendo economicamente viáveis e considerados ecologicamente sustentáveis. Dessa forma, há a criação de um ciclo dentro da cadeia produtiva da cana, em que todo material proveniente do processo de industrialização volta a ser utilizado na lavoura, disponibilizando para a cultura condições favoráveis ao seu crescimento e desenvolvimento.

Sabe-se que o fósforo utilizado na adubação da cultura é proveniente de rocha, um recurso finito, na qual sua extração contribui para a degradação do meio ambiente mesmo que utilizado e extraído de forma consciente. Todavia, há uma diminuição no uso de fertilizantes fosfatados, com o incremento no manejo da cultura associado à aplicação de bactérias solubilizadoras de fósforo.

O manejo

De acordo com as pesquisas realizadas na ESALQ, as bactérias solubilizadoras de fosfato devem ser isoladas, inoculadas e multiplicadas em meio de cultura específico e depois introduzidas no composto orgânico (torta de filtro, torta de cinzas e ou vinhaça). Esse procedimento pode ser realizado no local de depósito desses resíduos. 

A recomendação da aplicação leva em consideração a disponibilidade do produtor quanto ao manejo da cultura. De forma geral, recomendam-se aplicações em área total de 80 a 100 t ha-1, após a sistematização, incorporada ao solo com grade aradora; em sulcos de plantio de 15 a 35 t ha-1, coberto pelo cobridor da plantadora; na linha pós-plantio ou linha da soca, aproximadamente 20 t ha-1; e entre linha da soca de 40 a 60 t ha-1 realizada em canaviais mantidos, para o condicionamento do solo incorporar por cultivadores de disco.

Resultados dos estudos mostram que o tratamento do canavial somente com o composto orgânico já apresenta resultados consideráveis em produção. Com a adição das bactérias solubilizadoras de fósforo, os resultados mostraram um incremento de 20 t ha-1 (produtividade média de 165 t ha-1), cerca de 10% superior ao tratamento com somente o composto orgânico (produtividade média de 145 t ha-1).

Em campo

Foi observada a equalização da estrutura física, química e biológica do solo, permitindo um equilíbrio deste tripé, chegando o mais próximo de um solo com condições ideais para cultivo. Além disso, há maior capacidade de retenção de água, sendo disponibilizada lentamente para o sistema radicular das plantas, de acordo necessidades fisiológicas.

O aumento na CTC do solo é de suma importância na disponibilização de nutrientes para a planta. Contudo, também proporciona aumento em produtividade, otimização da área de cultivo, redução em custo e a diminuição na utilização de fosforo proveniente da extração de rocha.

A falta de conhecimento técnico para a aplicação e manejo da cultura, envolvendo o conhecimento da composição do solo, além do potencial produtivo e resposta ao tratamento empregado são erros fatais. É imprescindível a orientação de um profissional habilitado para aplicação de novas formas de manejo e tecnologias na área, a fim de evitar problemas futuros.

Custo

O estudo de custo e benefício deve levar em consideração quando há possibilidade de implantação em uma nova tecnologia ou manejo na cultura. Outro ponto importante é a logística, ou seja, a distância de transporte do composto até o local de aplicação.

O tipo de solo pode propiciar uma resposta mais expressiva, bem como o estágio da lavoura (em que corte está). É necessário se atentar ao manejo ou procedimento a ser adotado, verificando o custo de aplicação no processo como um todo, e subtrair do aumento da produção obtido do capital empregado.

O profissional tem que se atentar à situação do atual mercado econômico, pois o custo do processo pode ser inviável se o mercado não favorecer o investimento.

Importante lembrar que não se pode fazer dos custos algo fixo, que atenda toda a cadeia produtiva, mas podemos traçar parâmetros para chegar ao custo versus benefício. Seguem alguns gastos previstos: investimento inicial na aquisição do equipamento necessário ao processo; produção do composto (mistura e compostagem da torta e fuligem); produção e inoculação das bactérias; transporte do composto até o local de aplicação e custo da aplicação.

Com estes custos em mãos, estudar o potencial de resposta da cultura, levando em consideração o ambiente de produção, estágio de corte da cultura, chegando a uma estimativa de produção alicerçada no conhecimento técnico, em que, conhecendo a situação do mercado (valor pago pela tonelada de cana), o produtor poderá calcular o investimento e subtrair do valor pago na tonelada de cana, obtida com o tratamento.

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