20.6 C
Uberlândia
quarta-feira, maio 1, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosBenefícios dos aminoácidos na colheita do café

Benefícios dos aminoácidos na colheita do café

Estudos mostraram que a aplicação de aminoácidos nas raízes das plantas de café pode aumentar o comprimento e a densidade das raízes, melhorando assim a absorção de nutrientes.

Diego Henriques Santos
Engenheiro agrônomo – Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM)
dh.agroengenharia@gmail.com

A importância dos aminoácidos nas plantas é incontestável, uma vez que estão envolvidos em grande parte do metabolismo primário e secundário, levando à síntese de vários compostos que influenciam diretamente na produção e qualidade dos frutos.

Os aminoácidos auxiliam no florescimento, frutificação e maturação
Crédito: Bioatlantis

Quem são eles?

Os principais tipos de aminoácidos são o triptofano, a metionina, a glicina, a cisteina, a fenilamina e o glutamato.

As plantas são capazes de produzir aminoácidos por meio da fotossíntese, entretanto, para impulsionar o manejo e produtividade das culturas, as indústrias produzem suplementos para elevar o nível de aminoácidos no plantio.

Na cultura do café, tem-se utilizado a tirosina e a fenilalanina, que são precursores dos compostos fenólicos envolvidos na defesa das plantas e na síntese de lignina, atuando na proteção contra estresses ocasionados por fatores bióticos e abióticos, além do triptofano, precursor da auxina, hormônio que regula o desenvolvimento do sistema radicular.

A utilização de aminoácidos na cafeicultura auxilia também no florescimento, frutificação e maturação dos frutos, resultando em grãos de alta qualidade e padronizados, aumentando a concentração de sólidos solúveis e proporcionando uma bebida de maior qualidade.

Aproveitamento de nutrientes pelo café

Os aminoácidos contribuem para a eficiência da absorção e aproveitamento de nutrientes pelas plantas de café de várias maneiras, pois desempenham papel fundamental no metabolismo da planta.

Isso ocorre porque os aminoácidos podem formar complexos com os nutrientes, tornando-os mais solúveis e disponíveis para as plantas.

Os aminoácidos também podem estimular o crescimento radicular das plantas de café aumentando a área de superfície das raízes e proporcionando maior absorção de nutrientes. Isso ocorre porque os aminoácidos atuam como sinais químicos que promovem o crescimento radicular.

Também há aumento da eficiência do uso de nutrientes, pois os aminoácidos melhoram a eficiência do uso de nutrientes pelas plantas de café, otimizando a alocação de nutrientes dentro da planta.

Tal fato se explica porque os aminoácidos podem atuar como transportadores de nutrientes, movendo-os para as partes da planta onde são mais necessários. Por fim, os aminoácidos também podem estimular a atividade enzimática nas plantas de café, o que é essencial para a absorção e utilização eficiente de nutrientes, já que as enzimas são proteínas que catalisam reações químicas nas plantas, incluindo as reações envolvidas na absorção e metabolismo de nutrientes.

Pesquisas

Estudos mostraram que a aplicação de aminoácidos nas raízes das plantas de café pode aumentar o comprimento e a densidade das raízes, melhorando assim a absorção de nutrientes.

Os aminoácidos também podem estimular o crescimento vegetativo do cafeeiro, resultando em um aumento do número de folhas, brotos e ramos. Isso pode levar a um aumento da área foliar, elevando a capacidade fotossintética.

Como exemplo, a aplicação de aminoácidos foliares nas plantas de café pode promover o crescimento de novas folhas e brotações, resultando em um aumento da produção de biomassa.

Ação antiestressante dos aminoácidos

Os aminoácidos desempenham importante papel na eficiência da absorção e aproveitamento de nutrientes pelas plantas, o que estimula o crescimento radicular e vegetativo com o fornecimento nutricional.

Na cultura do café, os aminoácidos possuem, ainda, benefícios específicos, como ação antiestressante. Em mudas de cafeeiro, tem se estudado o uso de aminoácidos na recuperação de fitotoxidez causada por produtos fitossanitários, principalmente os herbicidas.

Assim, a aplicação de aminoácidos logo após a ocorrência de deriva desses produtos reduz os danos, minimizando as perdas e proporcionando ganhos no crescimento, com consequente aumento de produtividade.

Os aminoácidos também são capazes de agir em processos morfofisiológicos da planta, funcionando como precursores de hormônios endógenos ou como ativadores de enzimas, disponibilizando compostos capazes de promover tolerância ao déficit hídrico.

Dessa forma, têm sido utilizados de forma preventiva ou sequencial, visto que muitas vezes o uso do aminoácido em plantas já sob estresse hídrico severo tem seu efeito drasticamente reduzido.

Além do estresse hídrico, os aminoácidos podem ajudar as plantas de café a lidar com condições estressantes geradas pelo calor excessivo ou doenças. Eles atuam como agentes osmoprotetores, protegendo as células vegetais contra danos causados pela desidratação e estresse oxidativo.

Ainda, podem modular a expressão de genes relacionados à resposta ao estresse, fortalecendo a capacidade das plantas de se adaptarem a condições adversas.

Manejo

Não existem diferenças na aplicação de aminoácidos em café quando comparado a outras culturas, feita geralmente via foliar ou solo, já que a maioria dos aminoácidos não é comercializada isolada, e sim em misturas com fertilizantes.

É necessário se atentar para a forma de aplicação mais eficaz do produto, buscando sempre seguir as recomendações do fabricante e com orientação de um engenheiro agrônomo.

As diferenças entre as culturas ficam na época de aplicação. Na cultura do café, por exemplo, pode ser aplicado durante todo o ciclo da cultura. A aplicação de aminoácidos após o transplantio das mudas, por exemplo, auxilia na aclimatação das mudas a pleno sol, amenizando a peroxidação lipídica, reduzindo o número de morte das plantas e aumentando o crescimento radicular.

Cafeeiros que sofreram injúria por fitotoxidez de herbicidas, por exemplo, necessitam da aplicação de imediato para conseguir amenizar ao máximo esses efeitos adversos.

Os aminoácidos melhoram a absorção de nutrientes
Crédito: Embrapa

Qualidade do café

A aplicação de soluções naturais à base de aminoácidos em conjunto com micronutrientes é fundamental no processo de maturação dos frutos. Experimentos indicam que o uso de aminoácidos promove efeitos positivos na qualidade do café.

Entretanto, é bastante difícil destacar esses benefícios dos diversos outros fatores, como por exemplo fatores climáticos, que interferem na qualidade do café colhido. Portanto, embora o uso de aminoácidos possa ter impacto na qualidade do café colhido, é importante considerar outros fatores, como o manejo da lavoura e as condições climáticas, o tipo de solo, adubação, as variedades, maturação dos grãos, além de fatores pós-colheita, que também podem afetar a qualidade do café.

Já o período de pós-colheita de plantas perenes é considerado um dos mais desafiadores, pois as plantas ficam debilitadas com a retirada dos frutos e, posteriormente, com a realização da poda.

Neste cenário, a aplicação de fertilizantes com aminoácidos, em especial a arginina, otimiza o acúmulo de energia, facilitando a recuperação e produção eficiente em novos ciclos da plantação.

Cuidados

Alguns pontos a serem considerados são a escolha do produto, a dosagem e aplicação, de acordo com as recomendações do fabricante e as condições específicas da lavoura.

Também o momento de aplicação, já que os aminoácidos podem ser aplicados em diferentes momentos do ciclo da cultura do café, como no plantio, durante o crescimento vegetativo, na fase de floração e na maturação dos frutos.

É importante considerar o estágio de desenvolvimento da planta e as necessidades nutricionais em cada fase. Os aminoácidos podem ser combinados com outros insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas, para potencializar os efeitos no desenvolvimento das plantas e na produtividade da lavoura.

É importante verificar a compatibilidade dos produtos e seguir as recomendações de uso, bem como monitorar a resposta das plantas aos aminoácidos e avaliar os resultados obtidos. Isso permite ajustar o manejo e tomar decisões mais assertivas para otimizar a produção.

Também é recomendada a integração de aminoácidos no manejo da cafeicultura de forma consciente e responsável, levando em consideração as boas práticas agrícolas e as indicações técnicas específicas para a cultura do café.

Resultados comprovados

Os aminoácidos estão diretamente ligados à eficiência no uso de recursos naturais. No período de florada do café, por exemplo, é normal que alguns frutos se percam no processo de irrigação.

O uso de aminoácidos pode aumentar em até 16% a retenção de flores e frutos durante esse processo. Ou seja, maior produção com a mesma quantidade de recursos hídricos.

Tais benefícios são respaldados por pesquisas e estudos científicos a campo. Como exemplo, um experimento realizado no município de Águas da Prata (SP) apontou que, quando o cafeeiro foi tratado com produtos à base de potássio e aminoácidos específicos, houve um aumento médio de 15,6% na produtividade, representando um incremento de 15,4 sacas de café beneficiado (60 kg) por hectare.

O experimento apontou também queda nos grãos menores e menor índice de catação de defeitos. Essas melhorias ocorrem porque os aminoácidos atuam no metabolismo da planta e intensificam o transporte de fotoassimilados da folha para o fruto, favorecendo o enchimento e a formação dos grãos, além de promover uma redução no estresse da fisiologia da planta, mantendo-as com um melhor vigor durante a fase de maturação do cafeeiro.

ARTIGOS RELACIONADOS

Café Agro apresenta Fenicafé e ExpoAraguari de 28 de março a 02 de abril

O lançamento oficial aconteceu no Parque de Exposições Ministro Rondon Pacheco

Umidade do algodão é importante no momento da colheita

Conab projeta uma das maiores safras do algodão, mas cotonicultor deve estar atento para garantir a qualidade e a lucratividade do produto.

Fosfito + fungicida = Defesa e proteção para o pêssego

  Bernardo Ueno Pesquisador da Embrapa Clima Temperado bernardo.ueno@embrapa.br   O fosfito é um agente elicitor, responsável pela defesa das plantas. No caso do pêssego, a recomendação...

Manejo de doenças da lichia

O consumo e a produção de lichia estão crescendo nos últimos anos. Apesar de cultivada no País desde a década de 70, a lichia pode ser considerada uma fruta exótica para os brasileiros, devido à limitada produção nacional, oriunda de pequenas áreas, além de apresentar pouca divulgação científica. A cultura da lichia constitui-se em uma alternativa econômica, devido à alta produtividade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!