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Bioestimulante ideal para cada fase do tomateiro

Patrocinado por Enza Zaden

Crédito: Shutterstock

Marcos José Bernardo
Marco Aurélio Casari
Graduandos em Engenharia Agronômica – Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara (FAESB)
Ana Paula Preczenhak Doutora, pós-doutoranda e professora – FAESBprof.anapaula@faesb.edu.br

O tomateiro é uma solanácea herbácea, de caule piloso e flexível, que apresenta abundante ramificação lateral. As cultivares são separadas em dois principais grupos de acordo com o tipo de crescimento e destino comercial: 1) o tomate de mesa, de crescimento indeterminado, sendo conduzido com tutoramento das plantas; 2) o tomate industrial (rasteiro), sem tutoramento, utilizado na indústria principalmente na produção de molhos ou para consumo fresco.

O mercado brasileiro apresenta alta demanda da hortaliça e manejos diversificados, visando garantir essa demanda, vêm sendo implementados pelos produtores. Um deles é a utilização de bioestimulantes, que cada vez mais estão sendo integrados ao sistema de produção da cultura.

Os bioestimulantes são misturas que contêm uma ou mais substâncias e/ou microrganismos capazes de incrementar a absorção de nutrientes e que atuam nos diversos processos fisiológicos das plantas para estimular o crescimento das raízes e da parte aérea, mitigar as limitações induzidas pelo estresse e, assim, aumentar a produtividade e qualidade dos frutos.

Além disso, podem acrescer a atividade microbiana da rizosfera e enzimas do solo, assim como a produção de reguladores de crescimento no solo e nas plantas.

Fases fenológicas

A planta passa por vários estádios de crescimento desde a semeadura até a colheita e para cada um deles há necessidades nutricionais e dificuldades de manejo específicas. As fases fenológicas do tomateiro podem ser divididas em: 1) Emergência e desenvolvimento das primeiras folhas verdadeiras, da semeadura ao transplante (três a quatro semanas); 2) Desenvolvimento das folhas e aparecimento do órgão floral, do transplante das mudas até o início do florescimento (quatro a cinco semanas); 3) Floração e desenvolvimento do fruto, do florescimento ao início da colheita (cinco a seis semanas) e; 4) Formação do fruto, do início ao final da colheita.

A duração exata de cada fase depende principalmente do genótipo, sanidade, nutrição e condições climáticas. Fatores bióticos e abióticos têm influência significativa em todas as fases da cultura, sendo necessário o manejo ideal para obter resultados satisfatórios requeridos pelo mercado.

Os produtos disponíveis no mercado com substâncias usadas como atenuadores de estresses abióticos podem incluir constituintes orgânicos, minerais e fitormônios. Dentre os principais constituintes deste tipo de produto estão:

1) Bioestimulantes à base de algas marinhas, que dependendo da espécie podem liberar substâncias que mimetizam hormônios, como a auxina, apresentar aminoácidos e macronutrientes (nitrogênio, potássio e fósforo);

2) Bioestimulantes à base de aminoácidos podem conter uma mistura de aminoácidos ou aminoácidos específicos, dentre os principais estão a prolina, betaína e glicina;

3) Bioestimulantes à base de hormônios estão presentes, principalmente a auxina (desenvolvimento de raízes, crescimento de folhas e caule), citocininas (crescimento e divisão celular) e giberelinas (desenvolvimento dos frutos e indução da brotação de gemas);

4) Bioestimulantes à base de ácidos húmicos podem ser aplicados via foliar ou no solo. Neste último caso, atuam indiretamente, por favorecer a estrutura e permeabilidade.

Recomendações

O aumento do desempenho agrícola do tomateiro, com a utilização de bioestimulantes, pode ser observado quando há intervenção nos estádios de maior necessidade de seus constituintes.

Alguns exemplos serão relatados sobre o uso dos diferentes tipos de produtos e estratégias de aplicação durante o manejo da cultura. Os bioestimulantes específicos podem ser aplicados nas sementes, mudas, via foliar, via solo e hidroponia.

No tratamento de sementes produtos que fornecem os componentes minerais necessários para a germinação das sementes e o desenvolvimento inicial de plântulas podem ser a melhor escolha, pois disponibilizam prontamente os nutrientes para a germinação e desenvolvimento inicial.

Neste sentido, produtos que apresentam macronutrientes, micronutrientes, hidrolisados de proteínas, substâncias húmicas e microrganismos são os mais recomendados. Neste caso, os microrganismos, como exemplo o Bacillus subtilis, são responsáveis pela produção de substâncias antibióticas e metabólitos que ativam a defesa da planta e melhoram a absorção de nutrientes.

Desta forma, sua aplicação pode levar a melhorias, desde a germinação, emergência, formação das plântulas até o crescimento e desenvolvimento da planta. Pesquisas mostraram que o tratamento de sementes com produtos à base de Bacillus subtilis tem efeito no desenvolvimento da planta, com incremento da massa fresca.

Durante a fase inicial da cultura, desenvolvimento das primeiras folhas (mudas), os bioestimulantes mais recomendados são os relacionados ao aumento da capacidade de divisão, diferenciação e alongamento celular da parte aérea e, em especial, da porção radicular.

O desenvolvimento satisfatório de raízes nesta fase favorece o maior pegamento das mudas e, posteriormente, o adequado suprimento de água e nutrientes para a planta em crescimento. Os hormônios vegetais estão entre as substâncias que promovem estes resultados, sendo assim, produtos à base de fitormônios, como auxina, giberelina e citocinina ou componentes ativos que mitigam estas substâncias (algas marinhas que liberam compostos semelhantes à auxina) são estratégias que podem trazer bons resultados.

Entre as algas marinhas que apresentam esta funcionalidade podemos citar Ascophyllum nodosum e Ecklonia maxima, e entre rizobactérias Azospirillum spp. e Bacillus subtilis. Estas algas também apresentam aminoácidos que são importantes substâncias para impulsionar o desenvolvimento inicial das mudas.

Resultados em campo

A aplicação de bioestimulantes à base de aminoácidos no solo (colo da planta) após transplantio do tomateiro mostrou aumento da massa seca da parte aérea e de nitrogênio e fósforo no solo.

A aplicação de aminoácidos no solo ativa os microrganismos no perfil, que ao aumentar sua atividade são responsáveis pela mineralização do solo. Estas reações dos aminoácidos liberam nitrato e ácidos orgânicos, que melhoram a mobilidade do solo. Aliado a isso, foi observado aumento dos teores de enxofre, boro e manganês. 

Porém, vale ressaltar que nenhum bioestimulante tem a capacidade de reverter as condições de um solo de baixa fertilidade. Estes produtos via solo funcionam como incrementadores da disponibilidade e assimilação dos nutrientes.

Pesquisas mostram que a aplicação exógena de glicina-betaína via foliar em tomateiros sujeitos a estresse salino e/ou altas temperaturas resultam no aumento de 40% do rendimento de frutos em comparação ao controle (plantas não tratadas).

A aplicação ocorreu desde os 15 dias após o transplantio e foi conduzida até a frutificação, com aplicações quinzenais. Além disso, estes aminoácidos podem reverter parcialmente os efeitos de hormônios de senescência, como o etileno e ácido abscísico. O elevado estresse abiótico pode sinalizar a senescência precoce nas plantas, que ocasiona a abscisão de flores e frutos.

Cuidados

O início da floração requer cuidados para assegurar o pegamento dos frutos, sendo uma das etapas de maior demanda hídrica. Os produtos mais recomendados aqueles capazes de revigorar o sistema de defesa natural da planta, tornando-a menos suscetível aos fatores de estresses abióticos e mais eficaz na recuperação dos danos provocados por fatores ambientais.

Ainda, auxilia na manutenção ou incremento da capacidade fotossintética, o que garante o crescimento da planta.

A aplicação de produtos à base de algas, como Ascophyllum nodosum, impulsiona a produção de aminoácidos elicitores osmoprotetores, como glicina-betaína e prolina. A sua aplicação no início da floração de tomates submetidos ao estresse hídrico durante 15 dias (50% da capacidade de retenção de água do solo) foi capaz de manter a atividade fotossintética e proporcionar incremento de 40% na produção em comparação as plantas sem aplicação do produto.

Estes resultados foram observados tanto ao aplicar no início da floração quanto no início da frutificação. É importante enfatizar que a aplicação deve ser realizada no início da floração ou da frutificação, para que os ativos dos produtos (aminoácidos) possam agir na formação/qualidade dos frutos.

Neste sentido, produtos capazes de estimular a absorção de nutrientes pelas plantas, sua capacidade de defesa contra os estresses ambientais e aumentar a capacidade fotossintética do tomateiro são os mais adequados para o período de início da frutificação.

Nesta fase, a planta precisa acumular o máximo de fotoassimilados e receber o suprimento adequado de água para produzir frutos de alta qualidade. Para isso, precisa do sistema radicular bem desenvolvido e da parte aérea saudável e funcional.

Eficácia

Os bioestimulantes à base de aminoácidos (por exemplo: glicina-betaína, prolina, arginina, glutamato), algas Ascophyllum nodosum, extratos de algas, fertilizantes foliares, organominerais (macro e micronutrientes mais extratos de algas ou aminoácidos), mostraram efeitos positivos nesta fase de desenvolvimento do tomateiro.

O uso de bioestimulantes à base de polissacarídeos, polipeptídeos, aminoácidos, ácidos húmicos, complexos vitamínicos, precursores de hormônios, macronutrientes e ferro, ou Ascophyllum nodosum e macronutrientes, ou betaína, ácido algínico, caidrina, macronutrientes, ferro e zinco, foram eficazes no aumento de até 18% da produtividade de tomates, com maior número de frutos nas classes Extra AA e Extra A.

Muitos resultados positivos são encontrados com a utilização destes produtos, que estão disponíveis em variadas formulações no mercado. O que se sabe, e é garantido pelas empresas, é que os bioestimulantes podem ser aplicados em diferentes órgãos das plantas, como folhas, sementes, frutos e até mesmo via solo, priorizando as raízes; e ainda, que devem ser seguidas as recomendações de uso, como dosagens, momento e forma de aplicação.

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