Talis Melo Claudino – Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia – UNESP/FCA de Botucatu – t.claudino@unesp.br
Os bioestimulantes são substâncias com capacidade de estimular processos fisiológicos e metabólicos, em que a presença de nutrientes na pulverização não é necessária. Diversos grupos são caracterizados como bioestimulantes, como aminoácidos, extratos vegetais e extratos de algas, hidrolisados proteicos, microrganismos e substâncias húmicas.
Tendo em vista que a cultura do milho safrinha é uma atividade de alto risco, pelo baixo índice pluviométrico e o risco de geadas na época do ano em que é semeado, a utilização de substâncias húmicas apresenta funcionalidade importante na tolerância de estresses, crescimento de planta e incremento na produtividade.
Quem são as substâncias húmicas?
As substâncias húmicas são estruturas supramoleculares formadas principalmente pela decomposição de restos animais, vegetais e microbianos por outros microrganismos, através de um longo ou curto período. O delta tempo irá resultar no teor de carbono da substância húmica final e na sua bioatividade. Claudino (2021) afirma que, quanto maior o delta tempo de decomposição do carbono, menor o índice de bioatividade nas células vegetais.
A bioatividade nada mais é do que o efeito culminado nas plantas pela aplicação de compostos bioestimuladores. Desta forma, podemos comparar bioatividades por diversos parâmetros, desde a síntese de auxina expressa, enraizamento, até a expressão gênica de inibidores de estresses, muito comuns quando utilizamos substâncias húmicas.
Mas, como implementar tal tecnologia no milho safrinha para obter mudanças fisiológicas que correspondam em melhor desenvolvimento e produtividade?
O desenvolvimento inicial do milho é fundamental para o desempenho de altas produtividades, e como uma C4 e com alta demanda de CO2 para produção de fotoassimilados em seu crescimento, pode-se auxiliar que esse esforço seja aumentado por meio de maior protonação do protoplasma e maior crescimento das plantas por meio da teoria do crescimento ácido, comumente relatado quando utilizamos substâncias húmicas nas aplicações foliares.
Lembrando que a dose deve ser adequada, entre 20 e 60 mg C L-1 de substâncias húmicas, mas por que esta variação? Bioatividade é a resposta para a dose. Quanto mais bioativo, menos carbono na aplicação. Mas, vamos lá, 30 mg C L-1 é uma boa faixa de trabalho.
Estímulos
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Além de notar a estimulação celular, outras formas de determinar que nossa cultura está sendo estimulada a crescer e se desenvolver, passando por possíveis estresses ambientais, como falta de precipitações, é conhecendo as variáveis fisiológicas quando se aplicam substâncias húmicas, ou seja, bioestimulantes nas plantas de milho.
As plantas tratadas com substâncias húmicas e microrganismos têm a capacidade de realizar maior taxa fotossintética diária quando tratadas, e desta forma produzirão mais fotossintatos, garantindo maior produção.
Além disso, a condutância estomática também teve aumento gradativo, garantindo o fluxo de água, nutrientes e CO2, contribuindo assim com o aumento e a eficiência desta fotossíntese.
Vale ressaltar que o uso de substâncias húmicas é mais eficaz na cultura do milho quando aplicadas de V3 até V6, em pH de, no mínimo, 5,8. Então, deve-se atentar aos detalhes para atingir patamares adequados de produção.
Desta forma, conclui-se que a utilização de bioestimulantes é fundamental para obtenção de altas produtividades na cultura do milho, quando tratada da forma correta, na dose ideal e com a fonte certa.