
Taciana Maria Guimaro
Engenheira agrônoma, proprietária e consultora da Taciana Guimaro Consultoria & Representação e da TMG Agrocultivo
contato@tacianaguimaro.com.br
No Brasil, a legislação ainda não contempla a classe dos bioestimulantes. No entanto, estudos e a sua utilização em outros países têm apresentado resultados e trazido subsídios técnicos para sua utilização aqui no Brasil.
São substâncias naturais que, aplicadas às plantas (via semente, solo ou foliar), refletem de forma benéfica. Estas substâncias não são fertilizantes, defensivos ou corretivos de solo.
Os bioestimulantes vegetais são frequentemente derivados de materiais biológicos e incluem extratos de algas, extratos vegetais, preparos microbianos, matérias-primas animais, substâncias húmicas, resíduos e subprodutos derivados da agroindústria.
Estas substâncias possuem como principal característica influenciar nas funções fisiológicas de diferentes órgãos da planta, como raízes, caules, folhas, flores e frutos. Dentre as principais funções dos bioestimulantes, podem ser citadas: aumento da absorção de nutrientes, melhoria da atividade metabólica, retenção de água e produção de clorofila. Aumentam, ainda, a atividade antioxidante das plantas, reduzindo assim o estresse induzido pelo ambiente.
Culturas beneficiadas
Por serem substâncias naturais, diferentes culturas podem ser beneficiadas pelo seu uso. Existem trabalhos técnicos já publicados que atestam seus efeitos no cultivo de soja, hortaliças e espécies do gênero solanácea, como batata, tomate e pimentão.
Opções disponíveis e momento de aplicar
Os bioestimulantes estão disponíveis nos: aminoácidos, compostos microbiológicos, Extratos de algas e plantas, substâncias húmicas e fúlvicas.
Estas substâncias têm sido usadas desde o tratamento das mudas até a etapa de colheita. Por ser uma espécie que tem diversas fases fenológicas ao longo do seu ciclo de vida e em determinados momentos diversos processos fisiológicos acontecem no mesmo momento na planta, como emissão de raízes, emissão de novas brotações, flores, frutificação e maturação, seu uso tem auxiliado o pimentão fisiologicamente, refletindo em maior equilíbrio e menor gasto energético pela planta.
Faça as contas
Existem vários produtos comerciais que podem ser usados com esta finalidade. No atual cenário, verifica-se um custo médio de R$ 0,65 até R$ 1,30/m² quando se utilizam bioestimulantes no tratamento das mudas, em aplicação via solo e via foliar.
Os benefícios verificados nas plantas de pimentão são: desenvolvimento e incremento radicular, melhoria de vigor na parte aérea das plantas, observando-se um maior número de brotos e flores, maior taxa de pegamento das flores, maior vida útil das plantas, prevenção e cura de doenças radiculares.
Manejo
A técnica pode ser implantada no tratamento das mudas. Faz-se uma rega das bandejas com extrato de algas, composto de microrganismos e aminoácidos, com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento radicular, diminuir o estresse pós-transplante e prevenir doenças radiculares.
Em cultivos irrigados por sistema de gotejamento, recomenda-se a aplicação via solo por água de irrigação. Pode-se, também, utilizar alguns tipos de bioestimulantes via foliar. As aplicações são feitas semanalmente ou quinzenalmente.
A frequência e dosagens de aplicação são recomendadas de acordo com a avaliação de fatores como o clima, variedades, entre outros. É importante o acompanhamento de um engenheiro agrônomo para que seja desenvolvido o plano de manejo, pois existem diversas variáveis que precisam ser verificadas para que o melhor plano de manejo seja desenvolvido.
Produtividade
Pode-se constatar que o uso destas ferramentas de manejo auxilia o produtor a atingir níveis de produtividade satisfatórios, com acréscimos produtivos de até 30% em 150 dias de colheita.
No entanto, vale salientar que, se não houver um bom manejo nutricional das plantas, a técnica não apresentará resultados satisfatórios, pois a planta já estará desequilibrada fisiologicamente e somente com uso de bioestimulantes a planta não conseguirá se reequilibrar.

Equívocos comuns
Observa-se que, de forma geral, o erro mais frequente é fazer o uso do bioestimulante à base de microrganismos somente uma ou duas vezes durante todo o ciclo de vida da planta, não refletindo em resultados e, com isso, desestimulando o produtor quando aos resultados da técnica.
Verifica-se também este tipo de falha no uso de extratos de algas e de plantas, em que o produtor não segue o plano de manejo, acreditando que a técnica é de efeito imediato e, como não verifica resultados rápidos, muitas vezes deixa de realizar o protocolo de tratamento, não conseguindo, assim, atingir os ganhos.
Assim, é necessário entender o objetivo e função do produto na fisiologia da planta e que o principal alicerce de um bom desenvolvimento vegetal está no equilíbrio nutricional. O uso de outros elementos é complementar e, apenas somando todas as técnicas de manejo, os melhores resultados serão, de fato, alcançados.
Como agregar à técnica
Antes de usar os aminoácidos é importante solicitar um aminograma da empresa fornecedora, pois, entendendo quais tipos de aminoácidos compõem o produto, será possível entender o melhor momento para utilizar e a finalidade.