O crescimento do setor agropecuário brasileiro e a criação do programa RenovaBio estimulam o desenvolvimento de tecnologias para o uso dessa fonte renovável
O investimento em energias renováveis se firma cada vez mais como uma oportunidade garantida de negócios. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2026 do Ministério de Minas e Energia, a oferta interna de energia elétrica deve ter um crescimento de 2% ao ano, sendo que na expansão da capacidade instalada, a previsão é de que 50% seja proveniente de fontes renováveis não hÃdricas.
Dentro desse cenário, a biomassa merece destaque, pois o Brasil é um dos maiores produtores mundiais dessa fonte renovável, boa parte devido à forte produção agropecuária, que somente em 2017 teve um crescimento de 13%. Além disso, o programa RenovaBio, do Governo Federal, criado para incentivar o uso de biocombustÃveis, ajuda a reforçar a utilização da biomassa, que é uma das matérias-primas utilizadas.
De acordo com Renata Abreu, consultora de negócios e fundadora da NRG Consultoria em Soluções Sustentáveis, a biomassa realmente está tendo uma valorização no País e começa a ser vista como uma grande tendência para negócios, não apenas em geração de energia, mas também para biocombustÃveis, biofertilizantes, entre outros produtos. “A biomassa é derivada de resíduos da agropecuária e o desenvolvimento econômico brasileiro é fortemente agrícola, inclusive com metas de crescimento bastante intensivas, como, por exemplo, das cooperativas paranaenses, que têm uma meta de triplicar a produção de proteína animal até 2025“, afirma.
Contudo, para ter sucesso no setor de energias renováveis é preciso inovar. “Quando nos referimos às tendências do mercado de energias renováveis, estamos falando de inovação, de associar novas tecnologias, produtos, processos e serviços a esse mercado. No Brasil, ainda há muito o que fazer para de fato desenvolver esse setor de forma consistente e sustentável, pois estamos em um processo relativamente lento se comparado a países europeus, como a Alemanha, Áustria, França, entre outros“, avalia a consultora.
Sustentabilidade
Também é fundamental que os empresários se adequem à bioeconomia, ou seja, empreguem estratégias para o desenvolvimento sustentável em todos esses processos produtivos. “De maneira bastante sucinta e objetiva, é apoiar-se na utilização, aproveitamento e reaproveitamento de recursos naturais ou biológicos, abrangendo diversos setores produtivos, desde a saúde ou a agricultura, atéÌ a indústriaquímica e o setor energético“, explica.
Entre os produtos que podem ser criados a partir da biomassa estão os biofármacos, biocosméticos, biocombustÃveis, além de tecnologias específicas para a bioenergia. Mas, segundo a consultora, esse leque de opções pode ser ampliado por meio da colaboração entre os diversos segmentos do mercado. “A conectividade pode ser tão intensa no mundo dos negócios que fica até difícil dividir as oportunidades por segmentos. No mercado energético, empresários do setor agrícola estão tão interessados quanto distribuidoras de energia, por exemplo, assim como existe o interesse na cooperação entre indústrias e universidades, setor público e privado. E são essas oportunidades de cocriação e colaboração que fazem os negócios se superarem e avançarem hoje em dia“, considera a consultora.
Inovações tecnológicas
Renata Abreu explica que não apenas o crescimento de negócios pode ser gerado pela colaboração entre os diversos segmentos do setor.O investimento em projetos colaborativos tem gerado inovação tecnológica, propiciando aos países um ciclo de crescimento contÃnuo. “O desenvolvimento tecnológico impulsiona o desenvolvimento econômico e social que, consequentemente, impulsiona o crescimento de novos serviços e produtos pela população. Dessa forma, a demanda por recursos energéticos também aumenta. E para suprir a demanda energética de forma sustentável, as fontes alternativas ou renováveis de energia vêm ganhando espaço, já que são uma tendência mundial em acordos globais que estão sendo firmados entre países desenvolvidos e emergentes a fim de mitigar as mudanças climáticas“, salienta a especialista.