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Bradyrhizobium + Azospirillumna cultura da soja

Lucas Guilherme Bulegon

Doutorando em Agronomia – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Vandeir Francisco Guimarães

Professor da Unioeste

Perivaldo Mateus Conrado

Graduando em Agronomia ” Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)

Leandro Rampim

Professor da Unicentro

rampimleandro@yahoo.com.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O crescimento da produção e o aumento da capacidade da soja estão diretamente ligados aos avanços científicos e à disponibilização de tecnologias ao setor produtivo. Hungria et al. (2001) constataram a importância do melhoramento genético associado à seleção de estirpes de bactérias fixadoras de nitrogênio (BFN), fornecendo nitrogênio às plantas de soja. O nitrogênio (N) é responsável pelo acréscimo da produtividade, teor de proteína das sementes e adequado desenvolvimento da cultura de soja.

No passado para se alcançar elevada produtividade na cultura da soja utilizavam-se fertilizantes minerais, aumentando os custos de produção e ocasionando maiores impactos ambientais (Hungria et al., 2001), sendo necessário elevada quantidade de nitrogênio.

Após a utilização do processo de FBN com estirpes responsivas à cultura da soja, no Brasil, é possível ser cultivada sem uso de nitrogênio na adubação mineral, aumentando lucratividade dos produtores brasileiros.

Para alcançar tais vantagens, é realizada a inoculação das sementes, processo no qual o produto inoculante (líquido ou turfoso, contendo bactérias) é misturado às sementes de forma homogênea, que, após secar, fica aderido às sementes, que são utilizadas para semeadura da cultura da soja.

Inoculação-da-raiz-da-soja-Crédito-Mariângela-Hungria1
Inoculação-da-raiz-da-soja-Crédito-Mariângela-Hungria1

Entenda melhor

Atualmente, as bactérias diazotróficas que intensificam a produção de soja pertence ao gênero Bradyrhizobium, que são microrganismos que infectam a planta formando naturalmente nódulos em suas raízes, possuindo capacidade de aproveitar nitrogênio atmosférico (N2), que não é utilizado pelas plantas (disponível no ar que está nos poros formados pela estruturação das partículas no solo), transformando-o em forma disponível à soja. Esse processo pode suprir toda a necessidade de N da planta, dispensando a adubação mineral.

O uso de inoculante com bactérias fixadoras de nitrogênio da espécie B. japonicum é, atualmente, uma tecnologia indispensável para a cultura da soja. A eficiência desses microrganismos tem possibilitado a obtenção de altos rendimentos de grãos da cultura, sem a necessidade de aplicação de nitrogênio mineral (Hungria et al., 2010; Zilli et al., 2010).

No Brasil, as taxas de FBN, para a cultura da soja, variam entre 109 e 250 kg ha-1 de N, o que representa de 70 a 85% do N total acumulado pelas plantas (Embrapa Soja, 2011).

Existem relatos sobre diminuição da eficiência de nodulação sobre adubação nitrogenada. Hungria et al. (2000) observaram que a adição de 20 kg de N ha-1 na semeadura resultou em diminuição de 14% na nodulação e queda na produtividade de 147 kg de grãos ha-1.

Simbiose

O Bradyrhizobium japonicum associa-se com a soja por meio de simbiose. Esse processo é iniciado pela liberação de exsudatos radiculares, possibilitando atração quimiotáxica das bactérias. A associação acontece nos primórdios dos pelos radiculares, culminando na formação de nódulos. O principal fator demandado é o maior consumo de energia da planta, estimado em torno de 20% (Faganet al., 2007).

No entanto, para que isso ocorra vários fatores têm interferência direta de hormônios, auxiliando a nodulação. Os hormônios vegetais são de fundamental importância, tendo nos níveis de auxinas, citocininas e etileno efeito regulatório pronunciado na divisão e expansão celular (Fei e Vessey, 2004), e a auxina e citocinina efeito direto sobre o desenvolvimento do nódulo (Caetano-Anollés, 1997).

O uso de inoculante com bactérias fixadoras de nitrogênio é indispensável na soja - CréditoShutterstock
O uso de inoculante com bactérias fixadoras de nitrogênio é indispensável na soja – CréditoShutterstock

Azospirillum

Neste contexto, bactérias diazotróficas do gênero Azospirillum têm sido bastante estudadas, com resultados positivos no desenvolvimento de plantas e produtividade de grãos, inicialmente em gramíneas como: milho, trigo, cana-de-açúcar e até mesmo forrageiras.

Porém, recentemente tem-se estudado também a associação dos dois gêneros diferentes de FBN no cultivo da soja, sendo realizada a associação de Bradyrhizobium e Azospirillumpor meio de inoculação conjunta na cultura da soja, considerada como coinoculação.

 As bactérias Azospirillum, além da FBN, podem produzir compostos promotores de crescimento ou estimular a produção endógena da planta desses compostos (Perriget al., 2007), podendo proliferar na superfície das raízes e penetrar no vegetal.

Dentre os compostos liberados por estes microrganismos tem-se auxina ácido 3-indolacético (AIA), ácido giberélico e citocininas. Essa interação entre A. brasiliense e o status hormonal causa alterações no sistema radicular, como incrementos no comprimento e volume das raízes e maior formação de pelos radiculares, contribuindo para elevar o acúmulo de biomassa na parte aérea, além da produtividade (Cassánet al., 2009; Dartora et al., 2013; Rodrigues et al., 2014).

Mais produtividade

O aumento da quantidade destes compostos promotores de crescimento pode auxiliar no desenvolvimento e aumento de produtividade das plantas de soja (Bulegonet al., 2016b), pois tem-se observado sistemas radiculares mais desenvolvidos em plantas de soja que receberam inoculação nas sementes com Bradyrhizobium japonicum e Azospirillum brasilense (Bárbaro et al., 2009).

Neste contexto, plantas de soja com maior nodulação apresentam valores mais elevados de compostos promotores de crescimento vegetal, pois auxinas e citocininas elevam o desempenho dos nódulos (Fei e Vessey, 2004).

Grafico 1 Coinoculação garante maiores produtividades
Coinoculação garante maiores produtividades

Grafico 2 Coinoculação garante maiores produtividades Grafico 3 Coinoculação garante maiores produtividades Grafico 4 Coinoculação garante maiores produtividades

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