Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e consultor técnico da Vermelho Natural
Os processos de produção de morango evoluÃram de um sistema de produção no solo com estufas de túnel baixo a sistemas hidropônicos de gotejamento utilizando substratos. Estas evoluções estão proporcionando a introdução de várias ideias inovadoras, entre elas as calhas.
As calhas podem ser utilizadas em morango hidropônico por gotejamento de várias formas. Pode ser desenvolvida para recolhimento da solução nutritiva da drenagem, com o objetivo de ser reutilizada na própria cultura, após sofrer tratamento fitossanitário e a recomposição das concentrações de nutrientes originais, ou ser armazenada e utilizada em outras atividades agrícolas.
Outra finalidade das calhas é ser adotada em um sistema de fertirrigação ascendente por inundação, em que se aplica uma lâmina de solução nutritiva na parte inferior do substrato. Esta solução se distribui pelo substrato pelo fenômeno físico de capilaridade, que é a capacidade dos fluidos (solução nutritiva) se deslocarem em espaços estreitos, mesmo contra a gravidade, este sistema somente funciona com substratos que possui as características físicas especificas para esta finalidade.
Versatilidade
A proposição de utilização das calhas é como uma alternativa de recipiente para o substrato, substituindo os slabs (sacos plásticos). Neste caso, deve-se fazer um comparativo ente às apções.
Sobre as calhas de plástico, não se espera significativa alteração nas caraterÃsticas produtivas na cultura e, no caso de calhas de isopor, devido ao isolamento térmico, existe a necessidade de mais pesquisas regionais para obter conclusões significativas. De forma geral, ocorrerão variações em relação aos custos e depreciações.
Estruturas
Além de mão de obra, as calhasnecessitamda colocação de um plástico na sua superfície para cobrir o substrato.Com exceção do substrato, que possui depreciação que normalmente varia de um a quatro anos, os slabstêm um investimento de capital inicial menor, mas com depreciação curta, enquanto as calhas exigem capital inicial maior, mas a depreciação é longa.
Cabe a cada produtor avaliar os seus custos e depreciações, bem como suas preferências pessoais para definir qual o sistema a ser adotado.
O mais adequado
Existem vários sistemas de produção de morango em semi-hidroponia ou hidroponia por gotejamento. Todos eles possuem vantagens e desvantagens que, quando avaliadas, respeitando a cultura empregada e as condições climáticas das regiões produtoras, podem levar à definição de qual sistema é o mais adequado.
Baseado nestas formações, formulam-se estratégias que proporcionem as melhores vantagens econômicas. No caso da cultura do morango, nas condições climáticas brasileiras os sistemas horizontais têm predominado sobre os sistemas verticais. Este fato ocorre por dois pontos decisivos.
A cultura do morango necessita de no mÃnimo seis horas de luz direta. Se forem descontados os períodos nublados, dentro do comprimento do dia, as regiões em condições adequadas para o cultivo da cultura do morango possuem em torno de sete a 12 horas de luz direta. Este fato indica que o período de menor incidência de luz está muito próximo dos limites da necessidade da cultura.
Entre um e outro
Nos sistemas horizontais, todas as plantas recebem a máxima irradiação solar disponível. Nos sistemas verticais, além de não receberem a máxima radiação solar disponível, há o agravante de as plantas que estão nas posições inferiores receberem menos irradiação solar que as plantas da parte superior, ocasionando perda de eficiência e, por consequência, perda de produtividade e qualidade dos frutos.
Outro fator decisivo da preferência dos sistemas horizontais é que nos sistemas verticais, devido ao peso da coluna de água, existe a tendência de ocorrer a estratificação da solução nutritiva no substrato, ocasionando menor umidade na parte superior e maior umidade na parte inferior, gerando dificuldades no manejo hídrico.
Quando aumenta a intensidade das fertirrigações com o objetivo de manter a umidade adequada na parte superior, diminui a aeração do substrato na parte inferior e quando diminui a intensidade das fertirrigações, com o objetivo de manter a adequada aeração do substrato na parte inferior, a umidade adequada na parte superior do substrato é reduzida.
Por estes motivos existe a necessidade de aumentar as pesquisas em sistemas verticais para que o setor tenha mais uma opção viável a ser adotada nos sistemas “fora de solo“.