Autores
Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Horticultura – UNESP
brunonovaes17@hotmail.com
Letícia Galhardo Jorge
Bióloga e mestranda em Botânica – IBB/UNESP
A produção brasileira de cará vem crescendo ao longo dos anos, provavelmente em função do aumento da demanda e dos bons preços alcançados pela cultura quando comparado com outras raízes. Apresenta uma produtividade de 30 t/ha, em média, com destaque para a região nordeste, considerada a maior produtora nacional. Boa parte da comercialização do cará brasileiro visa o consumo interno.
Atualmente, a cultura não está incluída nas estatísticas da produção vegetal do Anuário Estatístico do Brasil, e por esse motivo não se dispõe de dados mais precisos de produção e produtividade.
Os camalhões
O cará deve ser plantado em camalhões (leirões) como uma forma de promover o arejamento e drenagem do solo e evitar possíveis apodrecimentos dos tubérculos. Vale ressaltar que os benefícios não se restringem apenas ao desenvolvimento do tubérculo, podendo facilitar consideravelmente a operação de colheita.
Antes da formação dos camalhões, é necessário um preparo prévio do solo. Deve-se realizar uma aração com aproximadamente 30 cm de profundidade, seguida de uma gradagem. O preparo de camalhões pode ser realizado de forma manual ou mecanizada.
No processo manual, com auxílio de enxadas, movimenta-se o solo de lados opostos, levantando os camalhões a aproximadamente 30 a 35 cm de altura. No processo mecanizado, utiliza-se um trator de pneu acoplado a um sulcador, ou arado de aiveca ou de disco, levantando-se também os camalhões a 30 – 35 cm de altura.
Quando acoplado ao arado de disco ou de aiveca é preciso um movimento de ida e volta do trator, tombando o solo em sentido contrário.
Plantio
Para o plantio, o espaçamento entre plantas é de 0,40 a 0,60 m, com 1,00 a 1,20 m entre fileiras. No alto dos camalhões plantam-se os tubérculos entre 05 a 08 cm de profundidade, cobrindo-os com terra. Deve-se dar preferência a tubérculos procedentes de plantações bem conduzidas, com bom aspecto fitossanitário.
Podem-se utilizar tubérculos inteiros (50 a 250 gramas), que garantem um bom nível de brotação, consequentemente, maior rendimento por área. Quanto à época de plantio, pode ser realizada antes do início do período chuvoso, o que normalmente ocorre no Sudeste entre setembro e novembro, e no Nordeste, entre janeiro e março.
Solos ideais
É importante salientar que a cultura pode ser cultivada em diversos tipos de solos, desde aqueles com textura arenosa até os de textura argilosa-média, profundos, bem drenados, arejados e com o pH em torno de 5,5 a 6,0.
Com base no resultado da análise de solo, realizam-se as devidas correções e adubações no solo, misturando-o no momento do preparo dos camalhões.
Colheita
O momento ideal para a colheita é quando as plantas atingem coloração amarelada nas folhas e ramos, se tornando secas, o que se verifica dos 180 a 210 dias após o plantio. A colheita pode ser realizada de forma manual, com auxílio de enxadões, tendo-se o cuidado para não ferir os tubérculos.
Também pode ser parcialmente mecanizada com o uso de arado de aiveca. Após a colheita, os tubérculos devem ser lavados, selecionados, embalados e postos à sombra em lugar arejado.
Custo x rentabilidade
O custo do plantio de cará é variável e dependerá da mão de obra local e de insumos que deverão ser utilizados durante o processo produtivo. A produção excedente normalmente paga com folga os custos com a obtenção do produto.
Dentre as áreas que o produtor tende a economizar está a adubação do cará. Isso porque pode-se utilizar como complemento o composto orgânico disponível nas proximidades da área de produção, tanto de origem vegetal como animal.