Depois de anos de
preços abaixo dos custos de produção, os arrozeiros puderam desfrutar de
cotações maiores pelo cereal, recompondo em alguns casos parte de perdas de
safras anteriores. Na avaliação do presidente da Federação das Associações de
Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, diversos fatores
auxiliaram na alta da saca ao orizicultor, que chegou a ultrapassar os três
dígitos ao longo do ano.
O dirigente salienta que era prevista esta alteração nos preços do produto, que
se desencadeou antes do imaginado, graças a uma conjunção de fatores, em
especial no mercado internacional. “Grandes países exportadores como a China,
Índia e Tailândia diminuíram suas exportações para garantir sua segurança alimentar
em ano de pandemia”, afirma.
Velho lembra também que o câmbio acima de R$ 5,00 trouxe uma paridade mais alta
em relação ao Mercosul. Cita que países que exportam para o Brasil, como o
Paraguai, tiveram que buscar outros destinos. “Além disto, este câmbio trouxe
uma exportação bem maior onde deveremos fechar o ano com 1,7 milhão de
toneladas exportadas. A previsão inicial falava em torno de 1,1 milhão de
toneladas, mas este dólar nos trouxe bastante competitividade ao arroz”,
salienta.
Segundo o presidente da Federarroz, no mercado interno a diminuição de área
plantada provocou ajuste, aliado ao aumento de consumo dos produtos da cesta
básica na pandemia, já que o consumidor ficou em casa. “Mesmo neste novo
patamar, o arroz continua sendo acessível. O arroz passou a R$ 4,50 o quilo e
dentro dos produtos da alimentação básica, continua sendo o alimento mais
barato. O arroz participa apenas de 2% a 3% do custo da cesta básica”, observa.
No âmbito da política setorial, a Federarroz trabalhou medidas estruturais
junto aos governos Federal e do Rio Grande do Sul. Com o Ministério da
Agricultura, foram encaminhadas pautas como a diminuição do custo de produção,
endividamento do setor, tributação, comercialização e seguro rural. Já com o
executivo gaúcho dois dos temas mais importantes do ano foram a logística de
escoamento do produto pelo Porto de Rio Grande e a modernização do Instituto
Riograndense do Arroz (Irga).
Para 2021, a Federarroz continuará trabalhando na conscientização de mudanças
nos sistemas de produção, com alternativas de outros grãos e espécies
forrageiras, além da integração lavoura-pecuária como forma de diminuir custos
e aumentar a produtividade. Sobre o mercado, Velho avalia que os preços devem
continuar firmes. “Devemos ter uma ligeira queda, mas temos indicativos que
trabalharemos com preços em 2021 muito parecidos com os que trabalhamos em
2020. Vejo o mercado com otimismo, mas o produtor tem que fazer a sua parte
buscando uma melhor gestão e buscando intensificar este sistema de produção”,
conclui.