Marcos Fava Neves
Professor das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio
Qual câmbio teremos em dezembro deste ano? Para saber minha opinião, antes terá que ler o artigo. A CONAB (safra 2017/18) fechou sua estimativa e trouxe produção final de 228,3 milhões de toneladas de grãos (3,9% menor que a safra anterior) em 61,7 milhões de hectares, área 1,4% maior que a safra anterior.
Fechamos com 119,2 milhões de toneladas de soja (usamos 35,14 milhões de hectares em soja, contra 33,91 na safra passada) e 81,3 milhões de toneladas de milho. A segunda safra de milho foi a principal responsável por não igualarmos o ano passado, perdendo 19% em volume advindo de uma produtividade 5,2% menor graças à seca que castigou as lavouras em maio e junho.
São esperadas exportações de 25,5 milhões de toneladas de milho. Demos show no algodão, pois produzimos 02 milhões de toneladas, 31,1% a mais com bons preços. Um número que impressiona: estamos plantando 70% a mais que há dez anos.
Exportações
Agosto nos trouxe novamente bom número nas agro-exportações, crescendo 3,6% em relação a agosto de 2017 e atingindo US$ 9,3 bilhões (41,5% do total exportado pelo Brasil). Importações caÃram 1,6%, chegando a US$ 1,1 bilhão, portanto, nosso saldo foi de US$ 8,2 bilhões (5,1% maior que agosto de 2017).
Mas este resultado não é geral, foi puxado pelo complexo soja, que cresceu 43,4%, trazendo US$ 4 bilhões, com expressivos aumentos nos grãos e farelos (45% maiores) e no óleo (29%). Carne bovina também cresceu 15%, atingindo US$ 700 milhões no mês.
Praticamente todos os demais produtos trouxeram quedas, o que nos mostra pouca interferência do câmbio no curto prazo. Frango caiu 8,2%, suÃnos caÃram 30%, açúcar e etanol 44% e café 32%.
Importações
A China aumentou sua participação de 26 para 36% nas nossas vendas, com um crescimento de quase 50% no total importado, quando comparado a agosto de 2017, efeito dos problemas comerciais com os EUA.
De janeiro a agosto o agro está 4,7% acima, com US$ 68,5 bilhões de exportações e superávit alcançando quase US$ 60 bilhões. Com isto a balança comercial do Brasil apresenta superávit de US$ 37,8 bilhões.
Imaginemos que sem o agro terÃamos déficit de US$ 22 bilhões, comprometendo a inflação, câmbio e o pouco crescimento que o País mostra. A soja será o brilho deste ano, pois a ABIOVE estima que o Brasil deve exportar 76,1 milhões de toneladas em 2018. Em apenas um ano, o Brasil coloca no mercado mundial 2,6 milhões de toneladas a mais.
Agro continua puxando o Brasil
De acordo com a pesquisa “Produção Agrícola Municipal 2017”, do IBGE, percebe-se a importância do agro para o crescimento do nosso interior. A renda gerada naquele ano em Sorriso (MT) graças à agricultura foi de R$ 3,3 bilhões, 2,4% maior que 2016. Em Sapezal (MT) foi de R$ 2,6 bilhões. Que alegria imaginar este recurso circulando na região e gerando oportunidades.
Em relação a preços internacionais, o Ãndice mundial das commodities alimentares (Ãndice da FAO) alcançou 167,6 pontos, 0,4% a mais que no mês anterior (julho). Cereais subiram bastante (4%), puxado principalmente pelo trigo (8%) e um pouco no milho, sendo os principais responsáveis pelo pequeno aumento do Ãndice. As carnes também subiram (0,8%), o açúcar caiu novamente (5,4%) e os lácteos também (1,5%). Óleos vegetais caÃram 2,6%.
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