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Capim amargoso – Planta daninha de difícil controle

Giovani BeluttiVoltolini

giovanibelutti77@hotmail.com

Ademilson de Oliveira Alecrim

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Crédito Mauro Rizzardi
Crédito Mauro Rizzardi

A recorrência de plantas daninhas resistentes na agricultura é um problema que vem trazendo grande preocupação aos agricultores, profissionais da área e também pesquisadores de ciências das plantas daninhas. Isto porque as mesmas se mostram de difícil controle, e impactam em um maior custo de produção e redução da produtividade das áreas.

Em áreas de cultivo é notória a interferência das plantas daninhas, onde, dependendo da cultura, pode acarretar em até 100% de perdas à produção.

Neste sentido, além da competição das plantas daninhas, o agricultor está lidando com um problema ainda mais sério, que é a resistência de alguns biótipos de espécies de plantas daninhas aos principais herbicidas utilizados, dificultando bastante o manejo nas áreas de cultivo.

Pressão

A pressão de seleção, aliada a uma série de manejos e práticas errôneas, vem culminando em um aumento da quantidade destes biótipos resistentes, onerando assim o cultivo e, consequentemente, reduzindo a lucratividade dos agricultores.

Estas práticas incorretas se baseiam, principalmente, na recorrência de um mesmo mecanismo de ação de herbicidas, na não alternância de métodos de manejo, e também na ausênciade formas de cultivo alternativas, como a adoção de plantas de cobertura, a exemplo da braquiária, ou cultivos intercalares, como leguminosas ou frutíferas.

Evolução

Na agricultura, sabe-se que o herbicida à base do ingrediente ativo Glyphosate é o mais utilizado, desde seu lançamento em 1974, porém, sua impulsão se deu a partir de 1996, quando o mesmo passou a ser comercializado para outras culturas e seu custo-benefício passou a ser mais acessível.

Em 2016, estudos mostraram que sua utilização já supera em 100 vezes a quantidade que era comercializada na década de 70, o que se deu principalmente pelo seu amplo espectro de controle, controlando uma grande gama de plantas daninhas, com eficiência elevada, acessibilidade de aquisição e com custo-benefício aos agricultores.

Contudo, pela recorrência da utilização deste herbicida, biótipos de plantas daninhas vêm sendo selecionados e vem sérios problemas à cultura, principalmente quando se trata do capimamargoso.

O problema

Dentre as plantas daninhas resistentes, podemos citar algumas de maior importância, como o Bidens pilosa (picão preto), as do gênero Amaranthus (caruru), Euphorbiaheterophylla (leiteiro), Eleusine indica (capim pé-de-galinha) e com maior problema as espécies do gênero Conyza (buvas) e a Digitaria insularis (capim amargoso).

O caso de resistência do capim amargoso vem gerando grande preocupação aos agricultores, visto que quase todos os biótipos já se mostram resistentes ao herbicida Glyphosate. Outro agravante é que, no caso desta espécie, seu hábito de crescimento é entouceirado, dificultando bastante seu controle por outras formas de manejo.

Uma característica comum à maioria destas espécies resistentes é a grande habilidade propagativa das mesmas, sendo que elas produzem grandes quantidades de sementes por planta, chegando a até 100 mil sementes, no caso do capim amargoso.

Aliado a isso, o tamanho das sementes e também a característica de possuir sementes aladas implica em grande facilidade de dispersão nos ambientes de cultivo, fazendo com que, nestes casos de resistência, a ocorrência em reboleiras rapidamente tome conta de toda a área cultivada.

 Dentre as plantas daninhas resistentes, o capim amargoso tem se destacado - Crédito Sebastião Polato
Dentre as plantas daninhas resistentes, o capim amargoso tem se destacado – Crédito Sebastião Polato

Resistência

Pensando na resistência propriamente, o surgimento de biótipos resistentes era pouco comum no século passado, contudo, a partir de 2000, passou a ser frequente, e ano a ano novos biótipos são encontrados com resistência aos mais diversos mecanismos de ação, inclusive com resistência múltipla e cruzada, ou seja, a diversos herbicidas dentro do mesmo mecanismo de ação e a mecanismos de ação diferentes.

E agora?

Em áreas de cultivo com a presença destes biótipos resistentes, o manejo integrado se mostra uma possível solução para o problema. Desta forma, outros mecanismos de ação diferentes do herbicida Glyphosate (ESPSs), como os inibidores da ACCase, representados por ingredientes ativos como o Haloxifop, Fluazifop e Clethodim, podem ser utilizados visando o controle destas plantas de forma eficiente.

Aliado a isto, o manejo mecânico das plantas daninhas, ou seja, a realização de roçadas, também se mostra um manejo a ser utilizado para manutenção da produtividade dos ambientes de cultivo pela não ocorrência de competição entre as daninhas e a espécie cultivada.

Em casos da não possibilidade de roçadas, o manejo físico pode ser adotado, por meio do impedimento da germinação das sementes desta espécie, como por exemplo, o sistema de plantio direto e o impedimento exercido pela palhada.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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