25.6 C
Uberlândia
quarta-feira, dezembro 11, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosCapim amargoso - Planta daninha de difícil controle

Capim amargoso – Planta daninha de difícil controle

Giovani BeluttiVoltolini

giovanibelutti77@hotmail.com

Ademilson de Oliveira Alecrim

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Crédito Mauro Rizzardi
Crédito Mauro Rizzardi

A recorrência de plantas daninhas resistentes na agricultura é um problema que vem trazendo grande preocupação aos agricultores, profissionais da área e também pesquisadores de ciências das plantas daninhas. Isto porque as mesmas se mostram de difícil controle, e impactam em um maior custo de produção e redução da produtividade das áreas.

Em áreas de cultivo é notória a interferência das plantas daninhas, onde, dependendo da cultura, pode acarretar em até 100% de perdas à produção.

Neste sentido, além da competição das plantas daninhas, o agricultor está lidando com um problema ainda mais sério, que é a resistência de alguns biótipos de espécies de plantas daninhas aos principais herbicidas utilizados, dificultando bastante o manejo nas áreas de cultivo.

Pressão

A pressão de seleção, aliada a uma série de manejos e práticas errôneas, vem culminando em um aumento da quantidade destes biótipos resistentes, onerando assim o cultivo e, consequentemente, reduzindo a lucratividade dos agricultores.

Estas práticas incorretas se baseiam, principalmente, na recorrência de um mesmo mecanismo de ação de herbicidas, na não alternância de métodos de manejo, e também na ausênciade formas de cultivo alternativas, como a adoção de plantas de cobertura, a exemplo da braquiária, ou cultivos intercalares, como leguminosas ou frutíferas.

Evolução

Na agricultura, sabe-se que o herbicida à base do ingrediente ativo Glyphosate é o mais utilizado, desde seu lançamento em 1974, porém, sua impulsão se deu a partir de 1996, quando o mesmo passou a ser comercializado para outras culturas e seu custo-benefício passou a ser mais acessível.

Em 2016, estudos mostraram que sua utilização já supera em 100 vezes a quantidade que era comercializada na década de 70, o que se deu principalmente pelo seu amplo espectro de controle, controlando uma grande gama de plantas daninhas, com eficiência elevada, acessibilidade de aquisição e com custo-benefício aos agricultores.

Contudo, pela recorrência da utilização deste herbicida, biótipos de plantas daninhas vêm sendo selecionados e vem sérios problemas à cultura, principalmente quando se trata do capimamargoso.

O problema

Dentre as plantas daninhas resistentes, podemos citar algumas de maior importância, como o Bidens pilosa (picão preto), as do gênero Amaranthus (caruru), Euphorbiaheterophylla (leiteiro), Eleusine indica (capim pé-de-galinha) e com maior problema as espécies do gênero Conyza (buvas) e a Digitaria insularis (capim amargoso).

O caso de resistência do capim amargoso vem gerando grande preocupação aos agricultores, visto que quase todos os biótipos já se mostram resistentes ao herbicida Glyphosate. Outro agravante é que, no caso desta espécie, seu hábito de crescimento é entouceirado, dificultando bastante seu controle por outras formas de manejo.

Uma característica comum à maioria destas espécies resistentes é a grande habilidade propagativa das mesmas, sendo que elas produzem grandes quantidades de sementes por planta, chegando a até 100 mil sementes, no caso do capim amargoso.

Aliado a isso, o tamanho das sementes e também a característica de possuir sementes aladas implica em grande facilidade de dispersão nos ambientes de cultivo, fazendo com que, nestes casos de resistência, a ocorrência em reboleiras rapidamente tome conta de toda a área cultivada.

 Dentre as plantas daninhas resistentes, o capim amargoso tem se destacado - Crédito Sebastião Polato
Dentre as plantas daninhas resistentes, o capim amargoso tem se destacado – Crédito Sebastião Polato

Resistência

Pensando na resistência propriamente, o surgimento de biótipos resistentes era pouco comum no século passado, contudo, a partir de 2000, passou a ser frequente, e ano a ano novos biótipos são encontrados com resistência aos mais diversos mecanismos de ação, inclusive com resistência múltipla e cruzada, ou seja, a diversos herbicidas dentro do mesmo mecanismo de ação e a mecanismos de ação diferentes.

E agora?

Em áreas de cultivo com a presença destes biótipos resistentes, o manejo integrado se mostra uma possível solução para o problema. Desta forma, outros mecanismos de ação diferentes do herbicida Glyphosate (ESPSs), como os inibidores da ACCase, representados por ingredientes ativos como o Haloxifop, Fluazifop e Clethodim, podem ser utilizados visando o controle destas plantas de forma eficiente.

Aliado a isto, o manejo mecânico das plantas daninhas, ou seja, a realização de roçadas, também se mostra um manejo a ser utilizado para manutenção da produtividade dos ambientes de cultivo pela não ocorrência de competição entre as daninhas e a espécie cultivada.

Em casos da não possibilidade de roçadas, o manejo físico pode ser adotado, por meio do impedimento da germinação das sementes desta espécie, como por exemplo, o sistema de plantio direto e o impedimento exercido pela palhada.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

ARTIGOS RELACIONADOS

Ação do fosfito na produção de cebolas

Douglas José Marques Doutor e professor de Olericultura e Melhoramento Vegetal da Universidade José do Rosário Vellano - UNIFENAS douglas.marques@unifenas.br O panorama da cebolicultura brasileira é bem...

5 dicas de manejo que auxiliam na produtividade do hortifrúti

Veja os principais cuidados durante a florada, fase em que se determina a quantidade de frutos que serão gerados pela planta   A florada é a...

Inoculante para fixação biológica de nitrogênio na cana

Nitrospirillum amazonense é uma espécie de bactéria encontrada na natureza que possui a propriedade de fixar nitrogênio do ar. Embora 78% do ar seja composto de nitrogênio, sua composição na forma de N2 é indisponível para as plantas. As bactérias que possuem um complexo enzimático denominado de nitrogenase transformam este N2 gasoso em NH3, por meio de um processo redutor.

Agrotêxtil: Solução biorracional para o repolho

Autor Welson Perli Pereira Pesquisa e Desenvolvimento de Mercado – Fênix Net  welson@fenixnet.agr.br A agricultura tropical em particular vem sendo afetada de maneira significativa diante...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!