A produção mundial de amêndoas subiu de 550 mil toneladas em 2004 para 1,1 milhão de toneladas em 2016, enquanto que, para o mesmo período, a noz-europeia passou de 350 mil para 850 mil toneladas, o pistache de 425 mil para 735 mil toneladas, a castanha-de-caju de 544 mil para 754 mil toneladas, a avelã de 325 mil para 397 mil toneladas, a macadâmia de 26 mil para 54 mil toneladas, a castanha-do-brasil de 27 mil para 28 mil toneladas, e a noz-pecã evolui de 68 mil toneladas em 2004 para 118 mil toneladas em 2016.
Cabe destacar, nesse cenário, que a noz-pecã ficou em quarto lugar na evolução desse período, em termos de produção, com 74%, ficando atrás da noz-europeia, frutífera com a maior evolução em termos de produção, representando um acréscimo de 142% no período, seguida da produção de amêndoa com 110% (segunda), macadâmia com 105% (terceira).
As demais frutíferas também apresentaram evolução nos patamares de produção: o pistache com 72%, a castanha-de-caju com 39%, a avelã com 22%, e a castanha-do-brasil com 2%.
Mundo afora
Na Tabela 1 relacionam-se os principais países produtores de nozes no mundo, em porcentagem do volume de produção. A produção mundial de amêndoas é liderada pelos Estados Unidos, com aproximadamente 77% da produção, seguidos da Espanha e Austrália. Esses três países concentram mais de 90% da produção de amêndoas no mundo.
A noz-europeia é produzida principalmente nos Estados Unidos e China, que, juntos, detêm mais de 66% do mercado mundial, com destaque na América do Sul para o Chile, que já figura entre os principais países produtores.
A produção mundial de pistache está concentrada principalmente no Irã, Estados Unidos e Turquia, que, conjuntamente, detêm mais 90% da produção mundial. A castanha-de-caju é produzida principalmente na Nigéria, Índia e Vietnã com mais de 80% da produção.
A produção mundial de avelã está concentrada basicamente na Turquia (70%) e Itália (12%). A Austrália (29%), África do Sul (28%), Quênia (19%), juntamente com Estados Unidos (8%), correspondem a mais de 80% da produção mundial de macadâmia. Com relação à castanha-do-brasil, existe um predomínio da Bolívia, com mais 70% da produção, seguida do Brasil e Peru, que praticamente dominam o cenário mundial.
Tabela 1: Relação dos principais países produtores de nozes (frutos secos) no mundo, pelo volume de produção (t).
Posição | Amêndoas | Noz-europeia | Pistache | Castanha-de-caju | Avelã | Macadâmia | Castanha-do-brasil |
1 | EUA | China | Irã | Nigéria | Turquia | Austrália | Bolívia |
2 | Espanha | EUA | EUA | Índia | Itália | África do Sul | Brasil |
3 | Austrália | Irã | Turquia | Costa do Marfim | Geórgia | Quênia | Peru |
4 | Irã | Turquia | China | Vietnã | EUA | EUA | Costa do Marfim |
5 | Marrocos | México | Síria | Benin | Azerbaijão | Malaui | Gâmbia |
6 | Itália | Ucrânia | Grécia | Filipinas | China | Guatemala | |
7 | Turquia | Chile | Itália | Guiné-Bissau | Irã | China | |
8 | Tunísia | Uzbequistão | Afeganistão | Indonésia | Espanha | Brasil | |
9 | Argélia | Índia | Tunísia | Tanzânia | França | ||
10 | China | França | Espanha | Brasil | Chile |
Fonte: Adaptado da FAO (2017).
Noz-pecã
O cultivo da nogueira-pecã compreende as regiões sul e sudeste, entretanto, sua produção concentra-se principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Atualmente, estima-se que haja próximos de oito mil hectares de nogueira-pecã no Brasil, havendo relatos de áreas com nogueira-pecã em Estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul.
O destaque no cultivo, produção de mudas e agroindustrialização ocorre no Estado do Rio Grande do Sul, maior produtor de noz-pecã do País, com mais de cinco mil hectares plantados, seguido por Santa Catarina e Paraná.
Nessas regiões, a cultura da nogueira-pecã vem sendo cultivada em sua maioria por agricultores de base familiar que, em média, possuem propriedades que variam de um a 15 ha. É cultivada predominantemente em monocultivo, com algumas culturas de forma complementar, como tabaco, arroz, soja, milho, feijão, mandioca, e/ou em sistemas silvipastoris para produção de leite e carne.
Atualmente, no RS, a nogueira-pecã está sendo cultivada comercialmente em mais de 148 municípios, cerca de 30% dos municípios do Estado, com uma área que se aproxima dos cinco mil hectares, envolvendo mais de mil produtores.
Apesar dessa frutífera estar sendo cultivada em vários municípios do Estado, destacam-se, pioneiramente os municípios de Anta Gorda e Cachoeira do Sul como maiores produtores, seguidos de municípios da região centro-sul, como Santa Maria, Minas do Leão, Sentinela do Sul, Canguçu, Rio Pardo e General Câmara.
Estima-se que haja mais de 60 cultivares sendo manejadas nos pomares brasileiros, sendo destacadas 27 cultivares nos diferentes polos produtivos (Tabela 1). A principal cultivar plantada é a Barton, seguida da Melhorada, Imperial, Importada, Jackson e Shawnee.
Todos os viveiristas cadastrados no Pró-pecã produzem mudas de Barton, além disso, é uma cultivar com boa tolerância à sarna (Venturia effusa), principal doença da cultura, justificando sua preferência pelos produtores brasileiros
Safra boa e valorização do fruto
Houve excelente safra no ano de 2019, superando a safra passada, de 2.000 toneladas, graças ao aumento do número de frio, pouca chuva durante o florescimento e alternância de produção, que neste ano está favorável à produção.
No Brasil, o interesse por essa frutífera vem crescendo acentuadamente, principalmente na região sul, que é favorecida pelas condições climáticas e tem despertado o interesse dos produtores em cultivar, produzir e comercializar a noz-pecã, baseado, essencialmente, no consumo e na boa valorização do preço pago pelo fruto.
Um dos grandes incentivos ao cultivo da nogueira-pecã é o valor proporcionado aos produtores. Apesar do valor médio do quilo de noz-pecã com casca em reais apresentar uma flutuação nos últimos anos, o valor da noz-pecã em dólares tem se mantido numa constância de aproximadamente US$ 4/kg.
A ordem de importações oscila em torno dos três mil a cinco mil toneladas de nozes no período de 2005 a 2016, enquanto que as exportações não ultrapassam as 1.000 toneladas no mesmo período, indicando uma produção brasileira deficitária.
Autoria:
Carlos Roberto Martins – carlos.r.martins@embrapa.br
José Maria Filippini Alba
Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado
Rudinei De Marco – Doutorandos em Agronomia – Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Jonas Janner Hamann – Doutorando em Agronomia – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Roseli de Mello Farias – Professora – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
Marcelo Barbosa Malgarim – Professor – Universidade Federal de Pelotas (UFPel)