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Citros: Cinturão atinge a maior produtividade da história

Laranja – Crédito: shutterstock

Há quase 40 anos o Brasil se tornou líder mundial na produção de laranja. De acordo com dados do USDA (2019), o País responde atualmente por 37% da produção global de laranja, 64% da produção de suco de laranja e 79% do comércio internacional de suco de laranja.

Na safra 2019/20, o Brasil atingirá aproximadamente 494 milhões de caixas de laranja (40,8 kg). Os demais players estão longe desse patamar: a China, segunda colocada no ranking mundial, deve produzir o equivalente a 36% da produção brasileira, a União Europeia, em terceiro lugar, 32%; os Estados Unidos, 24%; México, 23%; Egito, 17%; Turquia, 9%; África do Sul, 8%; Marrocos, 6%; os demais países não chegarão a 1% (USDA, 2019).

Sucos

O suco de laranja ocupa a sétima posição no ranking das exportações do agronegócio brasileiro e a terceira se forem consideradas apenas as exportações do agronegócio do Estado de São Paulo. Comparado à importância que o suco representa para a balança comercial, a produção de laranja ocupa uma área pequena: apenas 0,24% da área destinada à agropecuária do Brasil. São cerca de 600 mil hectares em todo o território nacional, 270 milhões de árvores distribuídas em 57 mil propriedades (IBGE e Fundecitrus). 

Cinturão citrícola

O Estado de São Paulo concentra a maior produção de laranja do Brasil, com aproximadamente 74% do total; em seguida vem Minas Gerais com 6,4%; Paraná com 5,6%; Bahia e Sergipe juntos com 6,5%; Rio Grande do Sul com 2,5% e os demais Estados com 4,8% da produção. Em terras paulistas, a laranja ocupa a quarta cultura mais plantada, atrás da cana-de-açúcar, soja e milho.

Fatores edafoclimáticos favorecem o cultivo da laranja em uma região que compreende 320 municípios paulistas e 27 municípios mineiros, o denominado cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. De acordo com dados do inventário de árvores do Fundecitrus, essa região concentra 395.764 hectares de laranja das variedades Hamlin, Westin, Rubi, Valência Americana, Seleta, Pineapple, Pera Rio, Valência, Valência Folha Murcha e Natal. As árvores produtivas somam 173,97 milhões e as não produtivas 21,29 milhões, totalizando 195,27 milhões de árvores.

A estimativa da safra de laranja 2019/20 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, publicada em 10 de dezembro de 2019 pelo Fundecitrus com cooperação da Markestrat, FEA-RP/USP e FCAV/Unesp, é de 385,31 milhões de caixas. O volume projetado é 35% acima da safra anterior e 20% superior em relação à média dos últimos dez anos. A sucessão de safras irregulares em anos alternados demonstra o ciclo bienal de produção das laranjeiras.

Produtividade

De acordo com o Fundecitrus (2019), a produtividade média por hectare foi estimada em dezembro/2019 em 1.041 caixas por hectare e 2,21 caixas por árvore, o que representa um recorde histórico.

Além do clima, que é um fator conjuntural, os fatores estruturais também contribuíram para esse desempenho: viveiros protegidos; tratos culturais relacionados principalmente à nutrição e irrigação; adensamento dos pomares; aumento dos plantios nas regiões de clima mais favorável; adequação das combinações copa-porta-enxertos; controle de pragas e doenças.

Essas mudanças foram acontecendo gradualmente nos últimos 30 anos e hoje os pomares são muito mais produtivos. Se não tivesse acontecido a adoção dessa tecnologia, o cinturão citrícola precisaria de aproximadamente 750 mil hectares a mais para atingir a mesma produção.

Desafios

O greening e a demanda decrescente de suco de laranja continuam sendo as maiores preocupações do setor. O levantamento mais recente do Fundecitrus indica que o greening está presente em 19,02% das laranjeiras do cinturão citrícola e as propriedades menores são as mais afetadas pelo chamado “efeito de borda”, que se refere aos talhões localizados nos 100 primeiros metros a partir da divisa das propriedades: é neles que a maior parte dos psilídeos (inseto transmissor do greening) vindos de fora dos pomares comerciais se instala e, nas propriedades menores, a representatividade do número de plantas na borda em relação ao número total de plantas é maior.

Consumo

Apesar das tendências de consumo estarem levando à diminuição do consumo de FCOJ nas economias ricas, a onda inversa é observada nos países emergentes. Os mercados emergentes e os chamados “mercados em expansão de alimentos” ganharam importância e devem receber atenção devido ao seu potencial de consumo e à crescente adoção do suco de laranja FCOJ na dieta devido ao seu crescimento econômico e à percepção de que o FCOJ também é saudável e conveniente.

O mercado está crescendo em países como Brasil, Rússia, Índia, China, México, Chile, Argentina, Romênia, Turquia, Marrocos e Filipinas e, na maior parte deles, o consumo per capita ainda é baixo, com grande potencial de crescimento. Os desafios para a indústria estão relacionados à operacionalização de estratégias de mercado nesses países, abrindo portas para o acesso aos consumidores.

Autoria:

Marcos Fava NevesDoutor em Administração e professor da FEA/USP e FGV/SPfavaneves@gmail.comwww.favaneves.org

Vinícius Gustavo TrombinDoutor em Administração e sócio da Markestratvinicius.trombin@gmail.com

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