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Cobalto ajuda na nodulação da soja

Talis Melo Claudinot.claudino@unesp.br

Jesion Geibel da Silva Nunesjesion.geibel@unesp.br

Engenheiros agrônomos e mestres em Agronomia/Energia na Agricultura – UNESP/FCA de Botucatu

Tarciso Melo ClaudinoTécnico agrícola e graduando em Engenharia Mecânica Empresarial – FURG-RSt.claudino@furg.br

Soja – Crédito: Shutterstock

O cobalto (Co) é um micronutriente, e sua absorção radicular acontece na forma do íon Co2+.  De maior importância para as plantas leguminosas, principalmente aquelas que realizam a fixação de nitrogênio atmosférico pelo processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN), sendo realizado pela nodulação das raízes por bactérias do gênero Rhizobium sp.

Atualmente, na cultura da soja se faz muito conhecida a utilização de Bradyrhizobium japonicum, bactéria que pela simbiose mutualística fornece todo o aporte nutricional nitrogenado requerido pela soja para sua produção (80 kg de N por tonelada de grãos).

A aplicação da bactéria pode acontecer via tratamento de sementes, aplicado juntamente à caixa de sementes no plantio ou por jato dirigido no sulco de plantio, para garantir a eficiência. O produtor rural realiza o posicionamento em duas etapas, por se consistir em uma operação barata.

Desta forma, pode-se afirmar que o suprimento nutricional de nitrogênio para a cultura da soja está diretamente ligado a este micronutriente.

Nodulação

No processo da fixação biológica de nitrogênio, nódulos são formados nas raízes e no interior deles, processos enzimáticos são realizados para a transformação de N atmosférico em NH3. Esta reação é conhecida por nitrogenase, sendo a reação bioquímica realizada:

N2 + 8e- + 8H+ + 16 Mg-ATP  2NH3 + H2 + 16 Mg-ADP + 16 Pi

Para que este processo aconteça, a principal enzima envolvida é a leg-hemoglobina que, quando presente, torna os nódulos com coloração avermelhada, e sua função no processo é o transporte de O2, atuando como barreira de difusão do oxigênio nos nódulos e que ocorra a inibição da atividade do complexo da enzima nitrogenase, que vem a ser inibida pelo O2.

Lembrando que a síntese de leg-hemoglobina é totalmente dependente da presença do cobalto na formação, já que é derivada da integração pela síntese da cobalamina.

A coenzima cobalamina B12 é constituída de um metal, que no caso é o cobalto e quatro átomos de nitrogênio direcionados ao centro por anéis de porfirna. A cobalamina é responsável pela atividade de três enzimas atuantes nas bactérias do Bradyrhizobium sp., sendo a metionina sintetase, ribonucleotídeos redutase e a metilmalonil coenzima A mutase.

Formação do cobalto

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Desta forma, é possível afirmar que para todo o processo da FBN é fundamental à presença do elemento cobalto. A deficiência de cobalto culmina na clorose total, seguida de necrose nas folhas mais velhas, pois há a deficiência de nitrogênio.

Entretanto, seu excesso diminui a absorção de ferro, culminando em folhas cloróticas na parte superior e atrofiamento das plantas.

Recomendação

Atualmente, a recomendação da aplicação de cobalto é de 2,0 a 3,0 gramas por hectare, normalmente em conjuntura com o molibdênio, elemento diretamente ligado à metabolização do nitrogênio e recomendado em doses de 12 a 25 g ha-1.

A aplicação desta dosagem pode ser feita no tratamento de sementes, quando da aplicação aérea de V3 a V5, em que que os resultados apresentados por Gonçalves e colaboradores (2018) demonstraram que a aplicação parcelada 50% no tratamento de sementes e 50% em V5 culminaram em plantas maiores e com maior número de nódulos ativos.

Diesel e colaboradores (2010) demonstram que a aplicação de cobalto, quando a planta está bem nutrida de molibdênio, resulta em aspectos positivos, tanto para a fixação biológica de nitrogênio quando na produtividade final da soja.

Normalmente, a aplicação de cobalto acontece em conjuntura com a aplicação de molibdênio. A maioria dos produtos focados em eficiência da FBN são compostos por cobalto e molibdênio na relação 10:1, respectivamente.

Desta forma, conhecendo a quantidade ideal da aplicação de cobalto, como demonstrando anteriormente, a dose recomendada deriva da densidade x concentração (%) do produto.

Para fins mais práticos, vamos definir a dose de aplicação de 2,5 gramas de cobalto por hectare, sendo o produto um fertilizante em solução com densidade de 1,30 g mL-1 com a concentração de 10% de molibdênio e 1,0% de cobalto a ser utilizado.

Agora, para saber a dose a ser aplicada utilizaremos a equação:

Dose (L 〖ha〗^(-1) ) = ((recomendação em gramas de cobalto por hectare))/((densidade (g 〖mL〗^(-1) )*(concentração de cobalto (%)*10))

Sendo assim, este estudo de caso irá resultar:

Dose (L〖ha〗^(-1) ) =  ((2,5 ))/((1,3)*(1*10))=0,193 L ha〗^(-1)

Posicionamento

Ao se conhecer a dose recomendada do produto comercial por hectare, basta fazer o posicionamento correto. Sendo assim, é recomendada de acordo com os tratos culturais do produtor rural. Se for possível realizar parcelamento, deve-se posicionar 50% no tratamento de sementes, caso o produtor consiga comprar a semente previamente tratada, e o restante é posicionado na aplicação entre V3 e V5.

O produtor rural deve se atentar à compra do produto, realizando sempre o cálculo entre a densidade e a recomendação em gramas por hectare do cobalto, pois, normalmente, são recomendadas as mesmas doses por diversos fabricantes diferentes.

Entretanto, os produtos apresentam densidades diferentes e, sendo assim, podemos afirmar que, quanto maior a densidade do produto, menor a dose a ser aplicada. Relembrando, devemos utilizar os produtos com a relação Mo:Co mais próxima de 10:1 possível.

O uso de quelatos é uma alternativa para que se torne mais eficaz a absorção do cobalto, metal que pode ser facilmente complexado. Além disso, o uso de aminoácidos, além de apresentar a função quelante, irá também culminar em alterações metabólicas na planta de acordo com o aminoácido a ser utilizado.

Por fim, deve-se identificar com o manejo da propriedade o melhor método de aplicação, sabendo a quantidade, como e quando.

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