24.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioDestaquesComo alcançar alta produtividade agrícola

Como alcançar alta produtividade agrícola

Otávio José de Figueiredo Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia/Agronomia – ESAL-UFLAotaviofigueiredo460@gmail.com

Marina Scalioni Vilela marinasv3p@gmail.com

Alisson André Vicente Campos alissonavcampos@yahoo.com.br

Engenheiros agrônomos e doutorandos em Fitotecnia/Agronomia – ESAL-UFLA

Milho – Crédito: CNA

Lavouras de alta produtividade devem ter como base o perfil de solo bem corrigido em termos de acidez e de alta disponibilidade de cálcio em profundidade para não impedir o crescimento do sistema radicular, com equilíbrio na relação cálcio, magnésio e potássio.

No atual modelo agrícola, as altas produtividades são fundamentadas por técnicas que visam a melhor utilização de recursos, como solo e água. De maneira paradoxal, estes recursos também são os principais limitantes para as altas produtividades, já que disponibilidade de água e nutrientes são fatores indispensáveis às plantas cultivadas.

Neste panorama, aspectos relacionados com manejo do solo são amplamente estudados, com o intuito de proporcionar às plantas um ambiente compatível com sua capacidade produtiva. Assim, os solos com perfis bem construídos, com adequada correção, teores ótimos de nutrientes e capacidade de armazenamento de água são as principais formas de se atingir boas produtividades.

Base do solo

A aplicação de corretivos, como o calcário, garante o fornecimento de bases importantes, como cálcio e magnésio, além de neutralizar a acidez e toxicidade do alumínio, elemento tóxico para o crescimento de raízes. A aplicação de corretivos também propicia a maior eficiência e aproveitamento das adubações por meio do aumento da capacidade de troca catiônica (CTC).  

Dicas

O preparo do solo é um manejo indispensável para alcançar altas produtividades. A correção em profundidade, com a devida aplicação de corretivos e condicionadores, como o calcário e gesso agrícola, deve ser o primeiro passo a ser tomado para a implantação das lavouras, indiferente se estas possuem ciclos anuais ou perenes.

Após a correção do solo, a aplicação de nutrientes e o equilíbrio entre as bases (Ca++, Mg++, K+) deve ser atingido em todo o perfil. As características físicas dos solos cultivados também devem ser monitoradas, com o intuito de fornecer de forma adequada para as raízes das plantas, água e oxigênio.

Evolução do sistema

Ao longo dos anos de cultivo, as técnicas de manejo e correção devem ser monitoradas, para garantir o fornecimento adequado de nutrientes e ainda manter as relações entre nutrientes em equilíbrio, já que a própria aplicação de fertilizantes, com o tempo as descompensa e acidifica o solo. 

O manejo adequado da fertilidade e estrutura dos solos apresenta o maior retorno em produtividade. Já os impedimentos químicos e físicos são os principais limitantes da produtividade. Lavouras cultivadas em solos corrigidos com elevada saturação de bases tem maior capacidade de exploração do solo e, consequentemente, de recursos como água e nutrientes, o que garante grande retorno do valor investido nas técnicas de manejo.

Por outro lado, plantas que crescem em ambientes bem manejados e absorvem nutrientes de maneira equilibrada apresentam menor incidência de doenças e ataques de pragas. 

Na prática

A construção da fertilidade do solo e o manejo com foco no sistema como um todo, não apenas em fatores isolados, contribui para a melhoria do ambiente de produção, o que resulta em ganhos em produtividade do cafeeiro.

O uso de práticas de manejo integradas com foco na cobertura do solo e incremento da matéria orgânica do solo, como plantas de cobertura e condicionadores de solo, como a casca de café e composto orgânico, permitem a melhoria de atributos químicos e físicos do solo, como aumento da umidade e CTC do solo. Essas técnicas, quando bem manejadas, podem contribuir para aumentos de produtividade de mais de 100%, quando comparados ao manejo convencional.

No caminho

Dentre os erros mais frequentes cometidos pelos produtores, se destacam aqueles cometidos logo no início da atividade, como a não realização da análise de solo, com as respectivas correções e adubações.

Aliado a isso, ressalta-se o preparo de solo inadequado, além de não ser realizada a correção do perfil do solo, o que prejudica o estabelecimento inicial e o desenvolvimento de raízes, culminando na menor tolerância aos períodos de seca e veranicos e prejudicando a produtividade e longevidade da lavoura.

A correção do perfil do solo antes da implantação da lavoura, com o preparo do solo profundo e realização das adubações de maneira adequada, permitem o melhor estabelecimento e desenvolvimento do cafeeiro, o que certamente irá refletir em maiores produtividades.

O manejo do solo, com diferentes tipos de plantas de cobertura, que permitam a diversificação do sistema, são essenciais para o desenvolvimento de uma lavoura saudável, sustentável e produtiva.

A casca de café, insumo produzido em abundância nas propriedades cafeeiras, configura-se como importante fonte de potássio ao cafeeiro, podendo ser utilizada como fonte complementar à adubação química, além de proporcionar o aumento da retenção de água no solo, favorecendo o ambiente para o melhor desenvolvimento radicular das plantas, sendo importante alternativa para aumentar a tolerância das plantas ao estresse hídrico, principalmente quando associado às plantas de cobertura e fertilizantes de eficiência aumentada, conforme mostrado em estudos realizados na UFLA.


Detalhes que fazem a diferença

O calcário é um excelente corretivo do solo, devendo ser aplicado em condições para a neutralização da acidez trocável, elevação dos teores de Ca e Mg trocáveis e saturação por bases. Doses acima de 5 t ha-1 são indicadas o seu parcelamento para que não ocorra elevação excessiva do pH (supercalagem).

O uso de “Filler”, calcários que possuem menor granulometria, apresentam reação mais rápida no solo. Além disso, a utilização de gesso agrícola é uma forma interessante de fornecer nutrientes em profundidade, sem a necessidade de revolver o solo, promovendo efeito de condicionador.

Esse manejo tem a vantagem de ser realizado simultaneamente À aplicação do calcário, economizando operações mecanizadas. No entanto, é importante ressaltar que a solubilidade do gesso é maior do que o calcário, reagindo primeiro.

Investimento

As correções do solo e, consequentemente, fornecimento de cálcio e magnésio, são custos de produção relativamente baixos, com o preço médio de R$ 86,59 em MG. Em comparação a adubações nitrogenadas e potássicas, subiram 206,9 e 216%, respectivamente, em 2021 em relação 2022.

Porém, o ambiente adequado para o desenvolvimento radicular, livre de impedimentos químicos e físicos, proporciona uma importante estratégia para a formação e produção das lavouras cafeeiras. O preparo do solo em profundidades de 20 cm demanda tratores mais potentes para uso dos implementos que incorporem os corretivos.

Esse custo pode ultrapassar R$ 200,00/hora de trabalho. Enquanto isso, a adubação corresponde a cerca de 32,2% do custo de produção na cafeicultura.

O manejo da nutrição mineral das lavouras é muito impactante na sua produção, assim como todas as condições que fornecem o correto desenvolvimento da cultura. O primeiro passo para uma lavoura produtiva é ter a análise de solo em mãos para a correção do solo e posterior adubação.

Nitidamente, esses conceitos básicos ainda são deixados de lado por alguns produtores, afetando a produtividade. Solos que apresentam acidez elevada e presença de alumínio reduzem significativamente a produção do cafeeiro. A saca de café, atualmente, está acima de R$ 1.480,00 bebida tipo 6, demonstrando que cada saca de café produzida a mais contribuirá fortemente com a lucratividade do cafeicultor.

ARTIGOS RELACIONADOS

Fertilizante de liberação controlada reduz perdas nas mudas

O que são fertilizantes de liberação controlada? Para que servem? Quando usar? Iniciar com estas ..

Nuvem de gafanhotos está sob controle

Já fragilizados pelo enfrentamento da pandemia causada pelo SARS-COV-2 (Covid-19), a população do sul do Brasil, mais especificamente os produtores rurais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, estão assustados com a ameaça da chegada de uma nuvem de gafanhotos sul-americanos da espécie Schistocerca cancellata.

Deficiência de potássio afeta peso da soja

A deficiência de potássio pode afetar significativamente o peso da soja, já que esse nutriente é essencial para o seu crescimento e desenvolvimento saudável.

Campeões de produtividade de soja dão dicas para altas produtividades

A produção brasileira de soja deve alcançar recorde de 133,5 milhões de toneladas na safra 2020/21 e crescer 4,4% em produtidade de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!