José Clélio de Andrade
Engenheiro agrônomo, DSc.e pesquisador da Epamig – Lavras
Os prejuízos são da ordem de 50% da produção, podendo atingir 100%, uma vez que os frutos, quando produzidos sem nenhum controle da doença, não apresentam valor comercial.
Regiões afetadas
No Brasil, a doença foi constatada inicialmente na Amazônia na década de 1940, estando presente em todo o País, embora com maior relevância econômica nas regiões ou microrregiões produtoras onde as chuvas são mais frequentes e a temperatura se mantém em torno do nível tido como ótimo, de 25ºC.
A região sudeste é a que melhor se enquadra nessas condições e onde se encontra a maior concentração de exploração da bananicultura.O norte de Minas Gerais, hoje uma das mais importantes regiões produtoras de banana do País, apesar de não se encaixar bem nas características climáticas, tem registrado alta severidade da doença, provavelmente pela alta concentração de cultivos irrigados, que terminaram por influenciar o próprio clima da região.
Sintomas da sigatoka amarela
O sintoma inicial da infecção é observado como uma leve descoloração em forma de ponto entre as nervuras secundárias da segunda para a quarta folha. A contagem das folhas da bananeira é feita de cima para baixo, a folha vela (aquela que ainda não abriu) é a zero e as subsequentes recebem os números 1,2,3,4, etc.
A descoloração aumenta, formando uma estria de tonalidade amarela. Com o tempo as pequenas estrias crescem e formam manchas necróticas, elÃpticas e alongadas, com centro de coloração cinza envolta por um halo amarelo, dispostas paralelamente às nervuras secundárias da folha.
Formas de controle
Na agricultura moderna, o manejo integrado de pragas e doenças é a principal arma contra as doenças. A seguir são apresentadas as diversas alternativas que devem ser usadas no controle dessas doenças. Neste sentido, serão apresentados os diversos aspectos e alternativas que devem ser integrados na busca pelo melhor controle para essas doenças.
Uso de variedades resistentes
A Tabela 1 mostra as principais variedades e o respectivo comportamento em relação às sigatokas amarela, negra e ao mal-do-Panamá.
Tabela 1. Relação das principais cultivares de banana plantadas no Brasil e suascaracterísticas frente aos problemas mais importantes da bananicultura brasileira
1GG: grupo genômico; SA: sigatokaamarela; SN: sigatokanegra; MP: mal-do-Panamá; NEM: nematoide;
BR: broca-do-rizoma; S: suscetÃvel; AS: altamente suscetÃvel; MR: moderadamente resistente; MS:moderadamente suscetÃvel; R: resistente; T: tolerante.
2MD/BX: médio a baixo; MD/AL: médio a alto.
Controle cultural
Recomenda-se a utilização de práticas culturais que reduzam a formação de microclimas favoráveis ao desenvolvimento das sigatokas. Neste caso, os principais aspectos a serem levados em conta são os seguintes:
ð Drenagem: a drenagem rápida de qualquer excesso de água no solo ajuda a reduzir o desenvolvimento da doença.
ðCombate às plantas infestantes: as plantas infestantes, além de competirem com as bananeiras, favorecem o desenvolvimento dos fungos.
ðDesfolha sanitária: no caso de infecções concentradas, recomenda-se a eliminação apenas da parte afetada. Quando, porém, o grau de incidência for alto e a infecção tiver avançado extensamente sobre a folha, recomenda-se que esta seja totalmente eliminada. Não há necessidade de retirar as folhas do bananal. Essas devem ser amontoadas ou mantidas ao longo da fileira de plantio.
ðNutrição: plantas adequadamente nutridas resistem mais às doenças, pois emitem folhas com maior frequência, o que compensa as perdas provocadas pelas sigatokas.
ðSombra: as plantas mantidas sob condições sombreadas apresentam pouca ou nenhuma doença. Isso se deve, provavelmente, à redução ou não formação de orvalho, importante fator no processo de infecção e, ainda, redução na incidência de luz, que é importante no desenvolvimento da doença.
ðControle químico: os fungicidas ainda são a principal arma para o controle das sigatokas, principalmente em se tratando de variedades suscetíveis. Entre as recomendações para a aplicação de fungicidas, incluem-se as seguintes:
- Direcionamento do produto: a eficiência da pulverização dependerá, em grande parte, do local de aplicação do fungicida na planta. O produto deve ser aplicado nas folhas mais novas (vela, 1, 2 e 3), visto que é por meio delas que a infecção começa. As pulverizações mais eficientes são aquelas realizadas via aérea.
- Épocas de controle: a incidência das sigatokas é fortemente influenciada pelas condições climáticas, como temperatura e umidade. O controle dessas doenças deve ser priorizado no período chuvoso. A indicação do controle poderá ser feita por sistemas de pré-aviso, que visam racionalizar o uso de defensivos.
O sistema de pré-aviso biológico prevê o acompanhamento semanal, mediante a avaliação da doença, nas folhas 2, 3 e 4 de dez plantas previamente marcadas, numa área que seja o mais homogênea possível do ponto de vista climático.Os dados coletados e avaliados permitem determinar o melhor momento de fazer as pulverizações.
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