Fabrício Teixeira de Lima Gomes
Engenheiro agrônomo e mestrando em Ciência do Solo – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
agro.fabriciogomes@gmail.com
Estela Corrêa de Azevedo
Cientista, tecnóloga de alimentos e mestranda em Ciência de Alimentos (UFLA)
estela.correa26@gmail.com
A beterraba (Beta vulgaris L.) é uma hortaliça de excelente valor nutritivo, apresentando-se como uma ótima fonte de carboidratos, fibras, proteínas, minerais (sódio, potássio, cálcio, ferro e zinco), vitamina A e do complexo B.
Além disso, possuem altas concentrações de betalaínas, compostos responsáveis por sua cor vermelho-arroxeada, e que atuam como um importante antioxidante no organismo humano.
Elementos essenciais para a beterraba
Entre os fatores que influenciam a qualidade dos produtos agrícolas, o fornecimento de nutrientes de forma equilibrada é fundamental para que a planta expresse todo o seu potencial produtivo e, assim, consiga produzir alimentos com elevado valor nutritivo e comercial.
Cada nutriente tem um papel essencial no metabolismo da planta, assegurando sua qualidade estrutural e fisiológica. Portanto, a deficiência de qualquer um destes minerais compromete o seu crescimento e desenvolvimento, reduzindo a produtividade e a qualidade da beterraba.
Entre os macronutrientes, encontra-se o nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S), sendo estes exigidos em maiores quantidades pelas plantas. Por outro lado, mas não menos importante, os micronutrientes como boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn) são exigidos em menores quantidades.
Extração nutricional
A beterraba extrai, considerando a parte fresca colhida, em ordem decrescente: K > N > P, aproximadamente 3,8 kg t-1 de K; 2,4 kg t-1 de N e 0,5 kg t-1 de P.
O potássio não tem nenhuma função estrutural conhecida nas plantas até o momento. No entanto, é essencial para o seu crescimento e desenvolvimento, atuando na fotossíntese, transporte de sacarose no floema, síntese de proteínas, controle do equilíbrio iônico, regulação da abertura e fechamento de estômatos, ativação enzimática e assimilação de CO2.
Em função dos diversos processos nos quais está envolvido, o K influencia diretamente no tamanho, forma, cor, sabor e resistência durante o período de armazenamento da beterraba.
Equilíbrio é tudo
A avaliação da necessidade de adubação na lavoura de beterraba deve levar em consideração a análise de solo, exigência da cultura (ou cultivar, se possível), tipo de solo, análise foliar e a quantidade extraída e exportada de nutrientes por esta hortaliça.
Com base nessas informações, o técnico poderá calcular a quantidade de cada nutriente que deve ser aplicado, avaliar o melhor custo-benefício, selecionar as melhores fontes e formas de aplicação.
Adubação assertiva
Para uma adubação assertiva na beterraba, o primeiro passo é a análise química do solo. Embora os nutrientes possam ser repostos com o uso de fertilizantes, fatores como o pH do solo influenciam diretamente na disponibilidade e na absorção dos mesmos pelas plantas.
Com a análise de solo em mãos, deve-se realizar a interpretação dos resultados e, se necessário, a correção do pH do solo e a reposição dos nutrientes. A correção do pH é realizada por meio da calagem, e deve ser feita cerca de dois meses antes do plantio.
O calcário deve ser aplicado visando elevar a saturação por bases a 90% e incorporado a uma profundidade de 25 cm. Além de elevar o pH, o calcário fornece Ca e Mg.
Após a correção do solo, deve-se realizar a adubação básica de plantio e de cobertura visando o fornecimento de macronutrientes (N, P, K e S) e alguns micronutrientes. Estas adubações devem ser realizadas conforme a análise de solo, exigência nutricional da cultura, densidade de plantio e expectativa de produção.
Para maior eficiência do uso dos fertilizantes minerais pelas plantas, a adubação de cobertura deve ser parcelada ao longo do ciclo da cultura, podendo ser aplicada via fertirrigação quando esta for utilizada.
Além dos fertilizantes minerais, pode-se fazer o uso de compostos orgânicos, aplicados em área total e incorporados ao solo, ou aplicados diretamente nos sulcos de plantio. Os micronutrientes podem ser fornecidos juntamente com a adubação básica de plantio ou via adubação foliar, ao longo do desenvolvimento da planta.
Sem errar
Os principais erros observados no campo são:
- Aplicação de fertilizantes antes da correção do pH do solo: a correção do pH do solo, quando necessária, deve ser realizada antes da aplicação dos fertilizantes. O pH do solo influencia diretamente na disponibilidade e na absorção dos nutrientes pelas plantas.
- Negligenciar a aplicação de micronutrientes: por serem exigidos em menores quantidades pelas plantas, muitas vezes os micronutrientes são negligenciados no momento da adubação, o que compromete o crescimento e desenvolvimento da cultura.
- Aplicação de doses erradas de fertilizantes: podem levar a excessos ou deficiências de nutrientes, resultando em menores produtividades. Além disso, excesso de um nutriente pode reduzir a absorção de outro pela planta.
- Aplicação de fertilizantes sem se preocupar com os estádios de desenvolvimento da cultura: cada fase do desenvolvimento da planta necessita de um balanço de nutrientes específico.
- Adubação sem respaldo técnico: a recomendação de adubação deve ser realizada por um profissional, evitando erros e assegurando o melhor custo-benefício.
Recomendações
A reposição dos nutrientes pode ser realizada por meio da aplicação de fertilizantes minerais juntamente com compostos orgânicos (estercos curtidos, camas de frango, suínos, ovinos, caprinos e torta de mamona pré-fermentada).
No momento da escolha dos fertilizantes, deve-se levar em consideração a concentração do nutriente (nos compostos orgânicos, principalmente o N), a disponibilidade na região e os aspectos econômicos, buscando o melhor custo-benefício e atender à exigência nutricional da cultura.