Autores
João Paulo Diniz dos Santos
Graduando em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
joaopaulo.conteagro@gmail.com
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e pós-doutoranda – ICIAG-UFU
robertacamargoss@gmail.com
Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo e doutor em Produção Vegetal
ferbacilieri@zipmail.com.br
A cenoura (Daucus carota L.) é classificada como a principal hortaliça do grupo das tuberosas e também está entre as principais olerícolas cultivadas no Brasil. Apresenta alto valor econômico e nutricional (rica fonte de vitamina A, potássio, carotenoides e compostos fenólicos), sendo essa uma das hortaliças mais consumidas na dieta brasileira, com um consumo per capita de 1,75 kg por ano, podendo ser consumida in natura ou processada.
Dentre os fatores de manejo do cultivo de cenoura, as plantas de outras espécies que se desenvolvem junto com a cultura representam um tremendo desafio para o sucesso da produção agrícola, devido ao enorme banco de sementes contidos nos solos cultivados, que desencadeia a germinação de muitas plantas não desejadas ao longo do tempo.
As daninhas
O nome destinado às plantas não desejadas que se desenvolvem ao longo de um ciclo de cultivo tem variações ao longo das décadas. Na literatura brasileira podemos encontrar os termos: plantas invasoras, plantas daninhas, ervas daninhas, plantas silvestres, plantas voluntárias, tiguera, mato e inço.
Nestes termos, considera-se o caráter negativo dessas plantas, pois afetam as culturas com a competição por fatores como água, luz e nutrientes, atuam como hospedeiras de pragas e doenças, interferem nas operações de colheita e algumas espécies liberam substâncias alelopáticas.
Por outro lado, o termo ‘planta daninha’ não é apropriado para a agricultura orgânica, por não considerar os efeitos positivos que essas plantas podem apresentar. Ao considerar o agroecossistema e os níveis da interação ou associação entre as espécies de plantas presentes no solo, o termo comumente utilizado é o de plantas espontâneas, uma vez que se desenvolvem naturalmente na área, sendo algumas espécies utilizadas como indicadoras de solo pobre ou com desequilíbrio de nutrientes.
Entre as vantagens dessas plantas em áreas cultivadas destacam-se: aumentar o abrigo e em consequência a atividade de inimigos naturais, colaborar para a ciclagem de nutrientes de fácil mobilidade e proteger o solo contra a erosão.
Como lidar com as daninhas
Para realizar o controle de plantas indesejáveis de forma eficiente é necessário o conhecimento das espécies (densidade e distribuição), da cultura plantada (espaçamento e densidade de plantio), ambiente em que estão instaladas (clima, solo, e manejo adotado), interações entre elas e, sem dúvida, o período crítico de convivência entre as mesmas.
Uma vez conhecendo quais as espécies estão presentes e interagindo no campo, os danos causados pelo prejuízo no cultivo principal podem ser minimizados pela adoção de boas práticas agronômicas. Tendo em vista o ambiente complexo, com vários fatores interagindo e a importância de manter a biodiversidade de vida no solo, é importante que o agricultor faça o uso combinado e consciente de todos os métodos de controle disponíveis: preventivo, cultural, mecânico, biológico e químico, considerado como manejo integrado de plantas daninhas (MIPD).
Integração
Além da integração de várias técnicas de controle, a base do MIPD considera: a incorporação de princípios ecológicos, o uso do conhecimento da interferência de plantas através dos efeitos quantitativos das plantas daninhas nas culturas, a incorporação de limiares de danos econômicos, gerenciamento de ervas daninhas através da supervisão freqüente dos campos por um profissional treinado em identificação.
O controle preventivo consiste na prevenção da introdução e disseminação de novas plantas infestantes. Já o controle cultural consiste na própria cultura de interesse realizar o controle das demais plantas por meio de sombreamento, produção de aleloquímicos e competição.
Por outro lado, o controle mecânico parte da retirada das plantas com uso de equipamentos, enquanto o controle biológico se utiliza de parasitas, predadores ou patógenos que apresentam afinidade com plantas daninhas.
Por último, o método mais utilizado, o controle químico, deve respeitar critérios para manter a segurança do ambiente e da saúde humana. Vale lembrar que o uso exclusivo desse método tem promovido, a longo prazo, desequilíbrio e, por consequência, dificuldades de controle e aumento expressivo dos custos de produção.
Particularidades
Em específico para a cadeia de produção de hortaliças, é válido ressaltar que o manejo de plantas daninhas deve levar em consideração as particularidades dos tratos culturais exigidos para cada espécie, como por exemplo, o revolvimento de solo, elevadas taxas de adubações químicas e orgânicas e irrigações frequentes e abundantes, uma vez que interfere na ambiência e, consequentemente, no impacto que as invasoras podem promover na cultura principal.
De acordo com Teófilo e colaboradores em 2009, a cenoura apresenta um crescimento inicial lento, tendo uma maior taxa de incremento de área foliar 30 dias após a emergência das plântulas. Portanto, entender a relação entre a cultura e as espécies de plantas infestantes (desenvolvimento e agressividade) é fundamental para estabelecer ou colocar em prática o MIPD.