A adubação nitrogenada para o algodão é de suma importância para alcançar altos tetos produtivos. Mas qual quantidade utilizar e como fazer essa suplementação? Este e outros assuntos estarão em debate a partir de hoje, segunda-feira, dia 28, durante o XV Encontro Técnico Algodão, da Fundação MT (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso), que segue até quarta-feira, 30 de agosto.
O primeiro ponto a ser levantado sobre o assunto, segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador de Solos e Sistemas de Produção da instituição, Felipe Bertol, é que o algodão pode ou não responder à adubação nitrogenada, tudo depende das condições de solo e clima em que estão inseridas. “São muitos pontos que devem ser colocados na balança. Tecnicamente, deve-se observar o teor de matéria orgânica presente na área, condições de acidez, potencial produtivo do talhão e a expectativa de produtividade. Além disso, deve-se atentar para qual fonte de Nitrogênio (N) utilizar e quais os benefícios que trará”, pontua.
O também engenheiro agrônomo e consultor da Ceres Consultoria Agronômica, que participa do painel, Guilherme Ohl, reforça a importância de atenção ao ambiente. Ele vai além, destacando que a adubação tem que atender as necessidades das plantas e as condições edafoclimáticas em que elas estão inseridas. “Dependendo do tipo de solo, mais argiloso, por exemplo, recomenda-se adubar em poucas parcelas com o N. Enquanto aquele mais arenoso é preciso parcelar mais. Dependendo do volume de chuva, o nutriente pode perder quantidade tanto por erosão superficial, quanto por lixiviação no solo. Então, é preciso tentar entender todo o cenário para parcelar e ter maior sucesso na absorção”, explica o especialista.
Apesar da importância da reposição do nutriente, o pesquisador da Fundação MT lembra que ainda não existem muitas ferramentas de predição de que dose de N utilizar, “logo, o que vai ditar é o preço do insumo e do algodão, alinhado com o conhecimento técnico das pessoas”. Além disso, ele pontua que é fundamental observar as condições climáticas relacionadas à janela de semeadura para se ter uma precisão de dose e parcelamento efetivo. “Recomendamos que a dose de N seja realizada de acordo com o potencial produtivo histórico do talhão, assim como analisar todos os parâmetros de eficiência da adubação nitrogenada”, reforça.
Perspectivas
Para os próximos anos na cotonicultura, Bertol aposta em um cenário sem muitas mudanças com relação à adubação nitrogenada, porém, destaca que o produtor pode esperar por novos conceitos agronômicos aplicados de forma econômica na cultura. O consultor da Ceres também enxerga que estão por vir tecnologias que diminuam as perdas do N, podendo auxiliar na adubação. “É importante salientar a necessidade de entendermos a dinâmica do N, não só ele, mas em conjunto com os outros nutrientes, porque a nutrição do algodão ela não pode ser focada apenas em um e, sim, em todos, buscando um equilíbrio deles para fornecer uma boa quantidade para a planta e para que esta possa expressar o seu máximo potencial produtivo”, finaliza ele.
Para entender melhor o cenário, a Fundação MT conduz por 9 safras o experimento Nitrogênio Algodão, em Sapezal-MT, onde testa doses do nutriente associado ao parcelamento ao longo do ciclo.
O evento O Encontro Técnico Algodão tem o objetivo de disseminar dados de pesquisa de diferentes instituições, apresentar o posicionamento da Fundação MT, promover o diálogo sobre os gargalos da cotonicultura, debater aspectos da safra e planejar a próxima. Os três dias de evento contemplam as modalidades online e presencial, com muitas informações para a classe produtora e profissionais do setor se atualizarem